quinta-feira, outubro 31, 2002

Ah, e pro aniversário:
Poema das sete faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás das mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
E aí, todo mundo já chegou?
Pois então, prossigamos.
:)

"Das aventuras de uma jaboticabalense criada com doce de buriti no meio do Piauí passando pelas terras de padim Ciço pra se adeslumbrar na capital do império"
Parte II

ou
Alice na Cidade Maravilhosa

Toquei a campainha.
O portão abriu sozinho. E como em minhas veias ainda corre um pouco de sangue mineiro, achei mió ficar ali assuntando, toda desconfiada... mas aí passou um coelhinho branco dizendo:
"estou atrasado! estou atrasado!"
e resolvi segui-lo pelas escadas do prédio amarelo. Foi assim que eu cheguei à casa do Chapeleiro Maluco.

Ele já estava na porta.
De braços abertos.
O sorriso de uma orelha à outra.
Nunca havíamos nos visto, mas éramos velhos amigos e tínhamos mil coisas para conversar.
Ah, desculpa, nem o apresentei. :)
Pessoal, esse é o Antônimo.
Antônimo, diz oi pro pessoal.

O nome dele é assim porque tudo dele tem que ser diferente. Tudo.
Você já viu um relógio que gira ao contrário?
Pois na casa dele tem.
E gente que dorme em tatame?
Pois ele dorme assim.
Sem falar nas flautas, quebra-cabeças, livros e fotografias em preto e branco que_ de tão lindas! tão lindas! _ nem pareciam registro do mundo real.

Mas o que é o mundo real?
Eu não tenho a menor idéia.
Muito menos naquele cenário onde, consta, existia até um unicórnio.
Pena que, mesmo com o relógio girando ao contrário, o tempo passou tão rápido.
O coelhinho apareceu gritando "estou atrasado! estou atrasado!" e saiu me puxando pela mão.
Mas eu trouxe um presente, que o Chapeleiro me deu.

É um livro mágico, que funciona assim: quando a gente vira uma página, é o mesmo que abrir uma janela. Isso mesmo. A janela da casa de uma pessoa.
A gente pode encostar no parapeito e ver a onda quebrando na areia, o avião passando no céu. Pode ver o pôr-do-sol, as pessoas caminhando, os carros na avenida...
De olhos fechados, pode sentir até o vento. Juro.

Aí eu fechei o livro, o portão do prédio amarelo fechou-se atrás de mim, Enrico fechou sua mão em torno da minha e fomos caminhando até um salão de beleza que tinha, na frente, uma gaiola gigante com uma cacatua.
Sabe cacatua?
É tipo uma arara. Mas branca. Toda branca.
Imensa e magestosa.
E eu olhei pra cacatua e a cacatua olhou pra mim, muito séria.
Parecia que ia dizer algo, me olhando daquele jeito. Mas aí eu fiquei com medo que fosse:
"Cortem-lhe a cabeça!!!"
e saí correndo pelas ruas da cidade maravilhosa.

Até que, na calçada sob os meus pés, começaram a aparecer notas musicais.

quarta-feira, outubro 30, 2002

Estou de volta!
Cheeeeia de coisas para contar porque, acreditem companheiros, a verdade continua inverossímil e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência, já diria o notório Carlos Drummond de Andrade.
E em homenagem aos cem anos de nascimento do poeta itabirense, que vem a ser o dia de amanhã _ 31 de outubro do ano da graça de nosso senhor jesus cristo de 2002_ eu queria dizer que:
"No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho"

e eu disse:
"Valhei-me Nossa Senhora que diabo de pedra grande é essa?"

E era o Pão de Açúcar.

"Das aventuras de uma jaboticabalense criada com doce de buriti no meio do Piauí passando pelas terras de padim Ciço pra se adeslumbrar na capital do império"
Parte I


Começa que só às 17 horas de uma sexta-feira ensolarada_ data na qual inicia-se esta empolgante aventura_ ocorre-me de pensar:
"Com que mala eu vou
ao samba que você me convidou?"

Pois se em minha mudança eu só havia trazido aquela mala verde onde cabem (com folga) o Jô Soares, o Faustão e o Jaime Palillo, havia um conflito em curso.
Com esta mala gigante não hei de ir!
Ou eu.
Ou ela.

Restava-me portanto a companhia da boa e velha mochila jeans.
Mas como?
Se na pobre não cabiam nem mesmo meus três pares de sapato _ pois mulher que é mulher não viaja sem três pares de sapato_ o que fazer?
O quê? O QUÊ? O QUÊ?

E de tanto pedir de porta em porta nos quartos do hotel_ eu, meu cajado e minha chinelinha de couro dizendo ao ao vento "BOM-DIA, AMIGO", dizendo ao fogo "SAÚDE, IRMÃO"_ eis que o bom Almeida apiedou-se de mim e, esquecendo as piadinhas infames que fiz com seu honorável bigode, emprestou-me uma mochilinha para viajar.

E para que a justiça seja feita neste momento solene devo dizer que nunca, jamais, never, na história da humanidade, coube tanta coisa numa simples mochila.
Vestidos e mais vestidos...
Saias, blusas, pijama...
Calça azul, calça desfiada, calça preta, calça preta de ir pra festa...
Caixinha de maquiagem, caixinha de bijouteria, meias, bolsas...
sem falar, é claro, nos três pares de sapato.

Pois bem dizer uma tartaruga ninja, com uma mochila nas costas, outra mochila na frente e a bolsinha a tiracolo para dar o charme, desembarquei do ônibus mais confortável no qual já viajei em minha existência para chegar feliz e serelepe à casa do querido Enrico, jogar minhas mochilas na cama dele e descobrir, naquela profusão de bagagem, que:
"Puta que pariu! Esqueci o meu biquini!"

Pois não basta ser paulista, tem que ser mané.
...
É a sina.

Descartada a praia, o que a gente faz?
Vamos passear!
E lá fomos eu, Enrico e Gustavo, no busão sacolejante, 50 graus à sombra, sorriso estampado no rosto e cantando samba.

Passou o Sambódromo.
Passou a Lapa.
Passou o Flamengo.
O antropólogo Claude Levy-Strauss detestou a Baía de Guanabara
Pareceu-lhe uma boca banguela
E eu, menos a conhecera, mais a amara?
Sou cego de tanto vê-la, de tanto tê-la estrela
O que é uma coisa bela?
O amor é cego, Ray Charles é cego, Stevie Wonder é cego
E o albino Hermeto não enxerga mesmo muito bem...

Mas eu de olhos arregalados ia devorando tudo com as pupilas gustativas.
Passou o Leme.
Passou Copacabana.
Passou a pedra do Arpoador.

Descemos na Lagoa.
Caminhamos pela Vinícius de Moraes.
Dobrando a esquina, eu vi logo. Não, minto: primeiro eu vi que tinha uma orquídea numa árvore. "Que coisa mais surpreendente", pensei. Depois eu vi o predinho amarelo, de três andares. Era ali mesmo.
Toquei a campainha.
...

sexta-feira, outubro 25, 2002

Pessoas queridas,

estou indo para o Rio ser feliz!
Tomar banho de mar e ser feliz.
Que saudade do mar ... vocês nem imaginam!
Já tava pra misturar sal num copo d´água a jogar na cabeça, de tanta saudade!
Pisar na areia, tomar água de côco, ver o pôr-do-sol...
"Muita calma pra pensar
E ter tempo pra sonhar
Da janela vê-se o Corcovado e o Redentor
...........(suspiro).....................................
..........................................que lindo....."






Até a volta.
Beijos, cuidem-se e...
Votem no LULA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



domingo, outubro 20, 2002

E para suprir a demanda existente no mercado por blogs que falem diretamente aos corações masculinos, esse blog, mais uma vez, deixa de ser o mulherzinha "Moshi Moshi" para transformar-se no...

MACHO MACHO



Não, queridos, o texto de hoje não é sobre a Pamela Anderson, isso foi só para chamar a atenção de vocês.
Agora limpem o canto da boca e vamos conversar, que o assunto que tenho para tratar com vocês hoje é de suma importância para a compreensão plena dos desafios culturais pelos quais passa a civilização ocidental.
Parem de olhar para a foto.
O assunto é o seguinte:

BARBA, CABELO E BIGODE
Tenho um amigo, vamos chamá-lo de Almeida, que é um amor de pessoa. Gosto muito dele e sábado telefonei pro rapaz, convidando-o para um agradável colóquio durante a refeição vespertina:
- Ô Almeida, tá afim de almoçar comigo lá no shopping?
- Ah, quero sim.
- Pois então eu passo aí, falou?
- Falou.

Toco a campainha e ele atende a porta com um sorriso de orelha a orelha.
- Almeida?
- heheheeh...
- Almeida, pela hóstia sagrada, que diabéisso?
- Gostou?
- Almeida, isso é um... bigode?
- Legal, né?
- Pelamordedeus, Almeida...
- Que foi?
- Cara, tira isso... é muito feio...
- É bonito.
- É feio...
- É bonito.
E para comprovar sua tese, lá vem ele com um CD do Chico Buarque para me mostrar:
- Olha só, o Chico já usou bigode. Agora diz que ele está feio.





Queridos, isso nos leva a um ponto crucial desta explanação.
Repitam comigo:
Eu não sou o Chico Buarque.
Eu não sou o Chico Buarque.
Eu não sou o Chico Buarque.

Para o próprio bem de vocês, o Chico não pode ser usado como critério de comparação.
O Chico escreveu:
"Um homem pode ir ao fundo do fndo do fundo se for por você..."
Depois disso, ele pode usar bigode.
Você, não.
É injusto, mas é a vida.

Só que, como o Almeida é teimoso e eu não tinha uma navalha em mãos naquele momento, fomos almoçar daquele jeito mesmo _eu contrariada e ele todo orgulhoso de seu bigodão.

Por que devemos dizer não ao bigode
Primeiro, por uma questão de higiene.
Já pensou o cara assoando o nariz com bigode?
O cara tomando sopa com bigode?
Os pedacinhos de comida presos no bigode?
Não dá pra encarar...

Segundo, porque o bigode envelhece.
Eu falei pro Almeida:
- Cara, desse jeito tu tá parecendo um quarentão!
Nada contra os quarentões, mas o Almeida tem 20 anos!
E o que ele respondeu?
- Tô mesmo? Legal...

Em terceiro lugar, porque não.
Pronto.
É o mesmo princípio do mullets! Mas peraí, vamos por partes.

Barba
Barba malfeita é legal. Arranha um pouquinho, é ótimo.
Mas barba mesmo, aquela senhora BARBA...
Sei lá, lembra pai, tio, avô... corta o barato.

Mas se mesmo assim você insistir em usar uma, lembre-se:
Barba não é lugar para penduricalho.
Nada de fazer trancinhas, colocar umas miçangas ou uns animais pendurados.
Isso não é charmoso, acredite.




E a não ser que na sua carteira de trabalho esteja escrito "PROFETA", não deixe a barba chegar na altura dos ombros. Tudo tem limite.

Ah, e se você for careca, por favor, não use barba.
Vai parecer que você está de ponta-cabeça.

Cavanhaque
Há controvérsias.
Eu não curto. Pior ainda quando o cara diz:
- Mas toca, é super sedoso.
Não, meu caro, eu não quero saber se você passa condicionador no seu cavanhaque. Eu não curto.
Mas tem quem goste.
Eu digo o seguinte: dê uma olhada no espelho e pense assim:
"Será que eu estou parecendo aqueles caras sado-masô?"
Mas sei lá, de repente até a intenção é essa mesmo...
Então tá liberado.

Costeletas
Aprovadas! Aprovadas!
É muito estiloso. Elvis não morreu.

CABELOS
Antes eu não gostava de homem com cabelo comprido. Não mesmo. De jeito nenhum.
Hoje eu já acho que pode ficar bacana em alguns caras.
Mas depende.
Exemplo: no guapo Davi Moraes...



(e a faixa ainda dá o toque estiloso)

Porém, no papi Moraes Moreira...



(sem falar no bigodão, heim?)

Pois é, quando o assunto é cabelo, não dá para generalizar.
Mas podemos dar alguns conselhos.
Olha, geralmente, esses cortes não ficam muito bem:
- cabelinho de cuia, tipo o Zacarias
- mullets, tipo os do Chitãozinho e do Xororó
- e moicano (aquela coisa punk)

E se você é do tipo que não tem ou não vai ter cabelos, assuma e seja feliz! Não tente disfarçar, é pior.
Agora repita comigo:
- Eu não vou usar peruca.
- Eu não vou usar peruca.
- Eu não vou usar peruca.

Já pensou se você está lá com a menina e a peruca cai?
Que situação constrangedora, heim, meu amigo?
Devo dizer que nesse caso as chances de alguma coisa rolar tornam-se praticamente nulas.
E foi com um argumento parecido com esse que eu convenci o Almeida a tirar o bendito bigode.
******



A primeira faz tchan...

A gente ia para uma festa.
- Almeida, pensa bem... A gente vai lá, vai que você conhece uma menina... O que ela vai achar do teu bigode?
- Ah, sei lá, ela vai achar que eu sou moderno.
- Moderno, Almeida? Moderno?
- É... uma coisa assim... retrô.

E como este blog não é uma continuação da coleção "Primeiros Passos" onde discutiremos o que é moderno, o que é pós-moderno e os dilemas estéticos da contemporaneidade, resumi a questão assim:
- Ela vai é te dar um pé na bunda. Tô dizendo.

E ele tirou o bigode.

Fomos para a festa.
Pessoal de teatro. Todo mundo muito bacana, muito simpático, lá vem o Almeida, todo sorumbático.
- Mas que foi Almeida? Que cara é essa?
- Ah, você falou para eu tirar o bigode mas eu acho que com ele eu tinha muito mais chances.
- Por que?
E ele apontou para a menina que ele estava paquerando, a esta altura da festa já nos beijos e abraços com um cara bem dizer Jesus Cristo, com direito a barba, cabelão e bigode.
E devo dizer: o menino era mesmo de arrasar.

Ah, Almeida, mas você quer entender as mulheres?
Essência
Ontem eu fui para a festa de um pessoal de teatro.
Eu adoro pessoal de teatro.
Eles são liberais e ficam balançando os braços pra cima e gritando:
"Dionísio! Dionísio!"
E consta que numa festa anterior o vizinho do prédio da frente se empolgou e mostrou a bunda na janela.
Aí ontem eles inventaram de no meio da festa fazer uma tal de "sabatina" comigo e com meus amigos _que não somos pessoal de teatro_ para descobrir qual era a nossa "essência".
E lá foi um dos meus amigos ser sabatinado.
Todo mundo se abraçava aí um cara de teatro começava a dizer assim:
"Tu perdeste o teu passado
Tu sofreste um acidente
Tu desconheces teu futuro
Tudo o que tens é teu presente
Baseado em tua essência
O que tu farias agora?"

E todo mundo começa a gritar:
"agora!Agora!AGORA!AGORA"
E debaixo daquela gritaria o que meu amigo responde?

"EU DARIA UM PEIDO!!!!!!!!!"

Que beleza...
Depois o Westin vem me perguntar porque que eu não escrevo aqui as histórias do trainee.
Esse povo só me faz passar vexame!!!!!!!

Mas eu adoro...
Extra! Extra!
O Super Googletor Tabajara funciona!!!!!!!!!
Digitei:
festa cara divertido inteligente hetero olhos verdes ator
E funcionou!
Viva as novas tecnologias!
Viva! Viva! Viva!

sexta-feira, outubro 18, 2002

Oi, gente
desculpa a demora, é que nesta semana eu participei de uma oficina de jornalismo investigativo e agora estou me sentindo a própria Sherlock Holmes!
Intrigas? Traições? Mistérios de toda ordem?
Podem escrever que eu resolvo.

E nessa oficina tinha uma parte de investigação com apoio da Internet.
Estou chocada: o Google não é o bastante.
Esse mundo virtual vai muuuito além.
Depois coloco uns links legais aqui procês.
Agora eu posso encontrar TUDO em qualquer lugar do mundo!
Em compensação, não encontro mais quase nada no meu quarto...
Daí eu tive a seguinte idéia, eu vou patentear o
Super Googletor
das Organizações Tabajara!


Ah, seria muito legal. Pensa só.
Nível 1 -> No meu quarto
Digite "meias listradas"
Buscar
2 resultados
- Um pé na terceira gaveta à direita
- O outro dentro da mochila
Olha que útil! Nunca mais que eu saía com meias descombinantes!

Nível 2 ->Na cidade
Ontem, eu e os meninos passamos mais de UMA HORA rodando atrás de uma cantina onde, reza a lenda, a pizza custa apenas seis reais.
Três séculos depois, os beduínos no deserto já estavam só na miragem:
- Olha, na outra esquina, parece uma pizzaria!
Corre corre corre. Miragem...
Churrascarias, estacionamentos, farmácias... Tudo que tinha uma plaquinha luminosa e a gente lá, caminhando e cantando e seguindo a canção.
Olha como seria fácil com o
Super Googletor Tabajaras
Digite: pizzas centro seis reais
Daí a gente ainda apertava o cached e ficava lá, a cantina destacada em verde-limão pra ver a quilômetros de distância.

Nível 3 (versão super avançada)-> Na boate
Seguinte: eu e minhas amigas adoramos nossos amigos gays e adoramos ir com eles para as boates gays onde a música é sempre ótima e as pessoas dançam animadíssimas mas... nós não somos gays.
Aí uma amiga minha foi domingo passado para "A Lôca" - bom, só pelo nome já dá para imaginar, né?
E entre aquela ruma de purpurina´s man e garotas Scania, ela sentiu um desejo irrefreável de gritar com todas as forças:
- HETEEEEEROS!!!!!!!!!!!!!
Veja como seria mais fácil com o Googletor:
Buscar com todas as palavras:
boate cara divertido sensível inteligente bonito hetero metido a artista
sem as palavras
namorada esposa frieira mau-hálito
.....
.....
.....
.....
Sua pesquisa não encontrou nenhum documento correspondente.
Nenhuma página contendo "boate cara divertido sensível inteligente bonito hetero metido a artista" foi encontrada.

Sugestões:
- Confirme que todas as palavras estão bem escritas.
- Experimente palavras-chave diferentes
- Tente palavras-chave mais gerais.
- Tente com menos palavras-chave.
- Compre uma cerveja, relaxe e vá dançar "I will survive" com seus amigos.
E esqueça esse negócio de Googletor.
O amor não tem pressa.
Ele pode esperar em silêncio...

terça-feira, outubro 15, 2002

Buriti

Eu venho do Piauí, passando pelo Ceará, para chegar em Sumpaulo e a minha chefe dizer assim:
- Ei, você quer doce de buriti?

Doce de buriti, meu povo, na caixinha de madeira, direto de Teresyna City.
Eu não digo?
Essas coisas me perseguem. Não adianta nem pensar em negar as origens...
Tô vendo a hora em que eu estarei, muito tranqüila, passeando pelas plácidas alamedas de Washington, com meu sobretudo cinza, e vai chegar alguém dizendo assim:
- Hi, do you want some rapadura?

E por falar em rapadura e por falar em Washington, o post de hoje chama-se...

Coxinha
(Para Márcio)

Foi assim. Lá estava eu ontem, em uma ligação para Washington, conversando com o correspondente internacional sobre espionagem, documentos e afins quando _para manter vivo esse meu jeito amarílis de ser_ invento de contar pro moço a tal da história da coxinha.
Não, isso não tem lógica, mas como a maioria das coisas não tem, prossigamos.

O fato foi que eu achei que era uma oportunidade e tanto para contar...
"...da vez em que eu precisei pechinchar uma coxinha..."
e dei início ao emocionante relato
Categoria: drama
Ano: 2000
Classificação: livre

Um avião surge entre as nuvens rosadas.
É fim de tarde e os últimos raios de sol refletem sobre o mar.
("Você desligou o celular?", "desliguei", "shhhhh...")
A aeronave pousa na pista suavemente.
Na parte de baixo da tela aparece assim:
AEROPORTO INTERNACIONAL DE RECIFE
17 HORAS

A porta do avião se abre e nossa heroína surge, portando sua frasqueira preta chiquérrima e óculos Jackie O.
Ela retira os óculos e sorri:
- Enfim... meu país...
então ela desce as escadas com suas poderosas botas de salto alto, ajoelha-se e beija o chão.
Não... quem faz isso é o papa...
corta.
então ela desce as escadas etc etc etc e chega à sala de desembarque.

Após oito horas de viagem, a moça estava visivelmente cansada, mas feliz.
Foram dois meses viajando pela Europa (glamour! glamour!) e ela já estava morrendo de saudades do Brasil.
Enfim, estava em sua terra natal, mas ainda faltava um pouco para chegar exatamente em casa.
O próximo vôo, que a levaria de Recife para Teresyna City (glamour! glamour!), só sairia três horas depois
e ela resolveu passear pelo aeroporto.

Ia distraída, redescobrindo nas conversas alheias o quanto o português soa bonito aos nossos ouvidos, quando uma vitrine atraiu irresistivelmente sua atenção.
Jóias? Perfumes? Ferraris?
Não. Algo muito melhor. Uma...
...coxinha...

Questão pertinaz do dia: por que cargas d´água não existem salgados em outros países? uma mera coxinha? a delicada empada de frango, com uma azeitona em cima pra dar o charme?
o crássico croquete crocante _ presença obrigatória em toda festinha de escritório_?
Por que? Por que? Por que?

O fato é que há séculos nossa heroína não comia uma coxinha e naquela crise de abstinência, pensou:
- É agora.

O problema de tudo, meu povo, é que glamour não enche barriga.
E lá estava ela, com seus poderosos óculos Jackie O., recém-chegada da Europa revirando todos os compartimentos da frasqueira em busca de um real para chamar de seu.

Encontrou um real e vinte centavos.
Caminhou decidida até o balcão, tirou os óculos, sacudiu os cabelos (a Palmolive patrocina este filme) e pediu:
- Eu quero aquela coxinha.
- É um e cinquenta.
- ....hm...
- ...
- ...nhm...
- ...
- ...é...
- Vai querer?
- Quanto é mesmo?
- Um e cinquenta.
- Um e cinquenta? Um real e cinquenta centavos?
- Isso mesmo.
Ela olhou pra coxinha.
A coxinha olhou pra ela. (A música aumenta, para dar o tom dramático necessário à cena)


Inclinou-se sobre o balcão.
- Moça... isso é muito constrangedor, mas... dá pra fazer um precinho melhor?
- Melhor que um e cinquenta?
- Sabe o que é? Eu cheguei agora de viagem... Não estou com muito dinheiro... na verdade, eu só tenho um e vinte... e faz dois meses que eu não como uma coxinha... dois meses! Não dá pra fazer por um e vinte?
A vendedora olhou pra mim, olhou pra coxinha e sorriu:
- Tá bom.
E quando eu fui pagar, nem aceitou as moedinhas, deixou por um real:
- Fica com os vinte, aí você não fica andando por aí sem nada...

Estava em casa.
No país das pessoas que pechincham.
Das pessoas que fazem essas pequenas gentilezas como recusar os vinte centavos.
Das pessoas que falam uma língua belíssima com uma cadência única.
Do pôr de sol mais bonito.
Amarílis no país das coxinhas.

Fim

segunda-feira, outubro 14, 2002

Logradouros do meu país

A Dé e a Dê vêm pra São Paulo!
A Dé e a Dê vêm pra São Paulo!
A Dé e a Dê vêm pra São Paulo!
Nossa, como eu estou feliz!

Amanhã vou lá visitar as duas!
Só estranhei um pouco o endereço:
rua Doutor Chibata Miyakoshi
????????????????

Como diria a Dê,
É o fim dos tempos...
oooooooba!!!!!!!!!!

E em homenagem a minhas grandes amigas Dê e Dé e seu logradouro sugestivo, uma bela canção de nosso repertório popular na super versão das cantoras:
Chicotinho & Salto Alto!!!

VOCÊ É DOIDA DEMAIS


Eu pensei em lhe entregar
Meu amor meu coração
Meu carinho e muito mais...
Mas parei por um instante
Pensei mais um minutinho
E voltei um pouco atrás

Recordei que no passado
Você esteve a meu lado
E roubou a minha paz
Hoje me serve de exemplo
Vou fugir enquanto é tempo
Você é doida de mais

Você é doida demais
Chicotinho e salto alto...
Você é doida demais
Chicotinho e salto alto...
Você é doida
Doida
Muito doida
Você é doida demais

Eu não quero e nem preciso
De amor doido e sem juizo
Para comigo viver
Pois eu sou aquele homem
Que pensou em dar-lhe um nome (! ! !)
E você nem quis saber

Todo dia me enganava
Sempre você me trocava
Pelo amor de outro rapaz
Você é tão leviana
Disso você não me engana
Você é doida demais!!!!!
________________________
Blog também é cultura
;P

sábado, outubro 12, 2002

Feliz Dia das Crianças!
Um presentinho para quem já passou dos 12, mas ficou com vontade de relembrar a infância:





Tem mais aqui.
:-)

sexta-feira, outubro 11, 2002

Para quem gosta de gatos


Para quem gosta de ilusão de ótica



Momentos de sabedoria
com Denise

E a Denise vem pra São Paulo!!!!!!!!
Estou tão feliz!!
Pense numa pessoa incrível... Na véspera de eu vir pra cá, ela foi lá em casa, se despedir. Nunca vou esqucer das palavras que ela me disse naquela noite.
Eu morrendo de chorar, já com saudade de tudo e de todos, angustiada com futuro, passado e presente e outras questões transcedentais, a Dê vira pra mim e diz assim:

"Sabe qual o nome do pai da Malu Mader?"
...
...
...
"Malu Father."

E eu digo:
Rir também é uma forma de sabedoria.
Papo de paulista
Numa mesa de bar, já depois da décima cerveja, alguém responde pro Marcão:
- Ah, a Simone? A Simone é aquela menina ali.
- Que Simone? - pergunta Marcão.
- A Simone, que você perguntou, é aquela menina ali.
- Quê que tem eu? - pergunta a Simone.
- O Marcão que queria saber quem você era...
- Eu não, cara. Eu sei quem ela é.
- Mas você não acabou de perguntar "quem é a Simone"?
Ao que Marcão responde, com aquele indefectível jeitão paulista de ser:
- Não, cara... O que eu perguntei foi:
"quem é esse mano?"!

ah...
Por isso, tendo em vista a demanda das massas, em breve eu lançarei aqui o
"Dicionário Prático Cearês - Paulistês
Aguardem.

quinta-feira, outubro 10, 2002

Chic
Elegante e dono de um charme exclusivo, Calvin Cronemberger é o destaque da "Moshi Moshi Society" de hoje.
Olhos: Verdes
Pelo: Castanho
Prato Preferido: Ração em lata
Bebida: Leite
Uma qualidade: Carinhoso
Um defeito: Ciumento
Um medo: Andar de elevador
Uma excentricidade: Gosta de tomar banho no tanque
Uma frase: "Eu sou muuuuito fofo"



Foto by Débi

terça-feira, outubro 08, 2002

Morena, 24 anos,
sincera e amiga
procura manicure,
cabeleireira
e depiladora para
relacionamento
duradouro e estável


Já traí, confesso.
Já fui traída também.
Vivi meus casinhos sem compromisso, namorei dois meninos ao mesmo tempo e, de repente, sei lá, até toparia um relacionamento aberto _ depende do caso.
Mas se tem alguma coisa à qual eu sou a mais fiel das criaturas é salão.
Não tem essa de sair por aí, numa tarde de sábado e entrar num salão qualquer.
Por aventura. Curiosidade.
No way.
Eu sou fiel.

>>*<<
Já tive essa fase aventureira, quando era mais jovem.
Sabe como é, você é adolescente, se sente invencível. Eterno.
Até que entra num salão desclassificado e uma fulaninha arranca três quilos de cutícula do seu dedo e você compreende o quanto o ser humano é frágil.
As pontas dos dedos completamente inchadas.
Não conseguia digitar.
Não conseguia amarrar o cadarço.
Não conseguia prender o cabelo...

Confesso: deixei de acreditar.
Jurei nunca mais ir a uma manicure.
Nunca mais entregar meus dedos a um alicate.
Quem precisa de lixa?
Quem precisa de esmalte?
Posso ser feliz roendo minhas unhas.

Até que um dia eu conheci a Roseli...
Roseli que deixava minhas unhas quadradinhas com as bordas levemente arredondadas...
Roseli que arrancava minhas cutículas com toda delicadeza...
Roseli que, sem reclamar, repintava todas minhas unhas de rosa claro assim que eu descobria que pintar as unhas de vermelho sangue havia sido um erro. Um grande erro...
Roseli é que era manicure de verdade...
E agora...

>>**<<
Minha experiência com cabeleireiros também não era das mais felizes.
Começa que a minha mãe sempre quis dar uma de cabeleireira e cortar o cabelo da gente.
E lá ia eu pro quintal, com meu cabelinho de índia e um lençol sobre os ombros, resignada.
Aí a mamãe cortava, ia pra longe e dizia assim:
- Não... o lado esquerdo tá mais curto...

Aí ela cortava de novo, pra tentar arrumar.
Só que dessa vez, era o lado direito que ficava mais curto.
Aí ela cortava de novo.
E o lado esquerdo ficava mais curto.
Até que eu ficava com o cabelo na altura da orelha e morria de chorar.

Aos dez anos, consciente de meus direitos, disse "alto lá, mamãe" e exigi que meu cabelo fosse cortado em um salão de verdade.
Aí a mamãe me levou num que a gente tirava a foto 3x4 e ganhava o corte de cabelo de graça.
Sim, é isso mesmo que você leu.

E lá fui eu, cheia de expectativas, com meu cupom de corte grátis na mão, sentar na cadeirona do salão, feliz e serelepe.

Aí veio a cabeleireira, com suas madeixas loiras à las Panteras e cigarro no canto da boca, segurou minha franja e - zupt! - passou a tesoura.
"Pronto."

Olhei pro espelho sem querer acreditar. A franja completamente torta. Mas tive medo de reclamar e ficar careca e voltei pra casa assim mesmo, com o cabelo mais comprido de um lado que do outro.

Por sorte, estávamos na década de 80 e ninguém achou estranho.

E assim foi, de cabeleireiro em cabeleireiro... Profissionais sem a menor percepção de espaço para os quais cortar "só um dedinho" equivale a 20 centímetros.
E que sempre querem fazer em você o "corte da moda".
Arrasada, eu chegava em casa, deitava na cama e chorava. Não queria passear. Não queria ver ninguém. Ninguém.
Eu sofri muito, cara.

Até que eu conheci a Cida.
Cida que entendia os meus pedidos...
"Cida, eu quero a parte de trás como nessa foto aqui; a franja... você sabe aquela menina da novela? a Clara?... pois é, eu quero daquele jeito... mas não igual. Tipo assim: uma coisa entre a franja da Clara e a dessa foto aqui... mas um pouco mais comprida... sabe?"
E ela sabia. E fazia direitinho.
Eu era tão feliz...
E agora...

>>***<<
Mas o pior, o pior mesmo, sempre foi a depilação.
Acho que é porque a minha primeira vez foi traumática.

Uma amiga da minha mãe que disse:
"Tá ficando mocinha, tem que ir na depiladora".
Eu não me sentia preparada, era tão jovem...
Mas acabei cedendo à pressão social e fui no salão que a amiga da minha mãe indicou.
Ficava num local afastado. Olhando de fora, parecia uma residência comum. Ninguém diria que ali funcionava um salão.

Entrei no quarto toda constrangida.
A mulher disse:
"Tira a calça e deita aí"
Fiz o que ela mandava e me deitei, assustada.
Ela voltou com a panela de cera quente.
Pegou a colher é -plasht!- jogou a cera na minha perna:
- Aaaaaaaiiiiiiiiii!!!!!

Bom, depois disso só resta dizer que a mulher depilava tão mal, mas tão mal, que - durante uma tarde toda - só depilou minha perna esquerda.
E eu tive que voltar pra casa com uma perna lisa e a outra não.
Cena da qual meu irmão deve rir até hoje.

E a cada experiência desastrosa, sucedia-se outra ainda pior.
Teve uma que, depois da depilação, passou uma pomada "refrescante" à qual eu tive uma alergia tão grande que pensei que fosse perder a pele.
Outra que batia um tubo luminoso de vidro pros pelos não encravarem.
Ah, e aquela - como esquecer! - que aproveitava a sessão para me contar todas as suas peripécias sexuais.
Essa até que depilava direitinho mas eu ouvi cada coisa que deixariam o Marquês de Sade enrubescido, motivo pelo qual... mudei de novo.

E teve a Sandra - até hoje lembro o nome da
%¨*#~! - que puxava a cera com tanta força que me fez chorar.
E ainda tirou onda com a minha cara:
- Valha, mulé, tu é muito besta...

E quando eu já estava praticamente decidida a encarar um jeito Toni Ramos de ser...
Eu conheci a Neuma.

Neuma era a depiladora que eu pedi a Deus: rápida, competente e cuidadosa.
Só tinha um defeito:
era ciumenta.

Eu sou fiel - juro.
Mas um dia eu cheguei no salão e Neuma não estava. Diante da urgência da situação - eu ia viajar pra praia - fiz minha depilação com a Toinha, que uma amiga minha já recomendara.

Semanas depois, quando voltei ao salão, Neuma estava calada.
Calada...
Nem um pio...
Até que falou:
- Seu pêlo tá diferente.
(não, meu povo, não me peçam para explicar como que um pêlo pode estar diferente, mas enfim...)
Fiquei na minha.

- Você fez depilação com outra pessoa?
Não pude negar.
- Fiz...
- Com a Toinha, não foi?
Abaixei os olhos:
- Sim...
- Eu sabia.
- Mas Neuma...
- Não, não precisa dizer nada. Tudo bem.

Ficamos em silêncio. Ela muda. Eu calada.
Até que, na hora de ir embora, eu falei:
- Mas você é muito mais competente.
E ela me perdoou.
E o bom é que eu estava dizendo a verdade.
Eu havia encontrado a melhor depiladora do mundo.
E agora...

>>****<<
Agora que eu estou morando em São Paulo, dentre todas saudades que sinto - de coisas, lugares, pessoas - essa é uma das que vêm mais forte.
Roseli...
Cida...
Neuma...
Que falta vocês me fazem...

Minhas unhas, Roseli, nunca mais foram as mesmas. A do mindinho quebrou semana passada. Para não ficar com um visual "cobrador de ônibus" às avessas, resolvi roer o resto.
E quando eu misturei o "Sunshine" com o "Atrevida", Roseli, ficou tudo laranja.
Um erro que você jamais cometeria.
E como eu não tinha mais acetona, estou assim: com essas unhas alaranjadas há uma semana.
Roídas.
Descascadas...
Não, Roseli, não vou falar das unhas do meu pé. Você não merece.

Quanto ao meu cabelo, Cida...
Você lembra quando eu o pintei de loiro sueco lá em casa?
Pois é. Nunca retoquei.
E agora está assim: metade preto.
Metade cor de burro quando foge.
E...
e...
...e eu também cortei a minha franja.

Por sorte, estamos agora em um revival da década de 80.

E você, Neuma, bem que disse, antes de eu viajar:
- Você não vai encontrar outra depiladora como eu lá em São Paulo.
Eu sabia.
E até disse (lembra?) que se eu fosse rica traria você comigo.
Mas eu não sou.

Não tive ainda coragem de ir a outro salão. O hotel em que estou hospedada fica aqui no centro. Ainda não contei o número de cinemas eróticos e casas de moral duvidosa existem nesse trecho que atravesso toda dia, entre o hotel e o trabalho, mas sei que são muitos, Neuma. Dezenas.
E eu tenho medo de ir me depilar e - ao olhar pro lado - dar de cara com uma travesti bem dizer a cara da Cher, depilando as axilas enquanto canta "I will survive".
Eu tenho medo, Neuma.

Então resolvi fazer eu mesma minha depilação.
Comprei cera fria e folhas de plástico no Extra.
Forrei o chão do banheiro com jornal e...
Foi horrível.
Nem que eu fosse artista de circo que conseguia depilar a parte de trás da perna.
A cera que grudava em tudo, as folhas de plástico voando pelo quarto e eu lá, de ponta cabeça, em todos contorcionismos possíveis, a ponto de ter uma distensão, em busca daquela região inalcançável atrás do joelho. Um, dois, três...puxa.
Aaaaaaaaaiiiiiiiii!!!!!!!!!

Deu certo.
Eu acho.
Mais ou menos...
Ainda não sei como será da próxima vez.
Se vou tentar novamente.
Se apelo para a gillette.
Se encaro um novo salão.
Até lá, resta pedir que essa depilação
tão complicada, tão mais do que parece
não seja pra sempre, pois pêlos crescem,
Mas que seja infinita enquanto dure...
Sai deste corpo!

Por favor, alguém chame um exorcista!
Ouvi Chico Buarque antes de dormir, ouvi Chico Buarque depois de acordar, tomei banho ouvindo Chico Buarque mas a única coisa em que consigo pensar é:

Sorvetinho geladinho
Sorvetinho geladinho
Sorvetinho geladinho
Sorvete
Sorvete
Sorvete
Sorveeeeeete


Socooooooooorroooooo!!!!!!!!

segunda-feira, outubro 07, 2002

Ao vencedor
as batatas


E domingo eu fui nas Americanas e no super espírito do Dias das Crianças estava tocando o "Xuxa só para Baixinhos 3" motivo pelo qual eu ouvi apenas 2775029870295 seguidas esta singela canção:

"Batatinha bem quentinha
Batatinha bem quentinha
Batatinha bem quentinha
Batata
Batata
Batata
Batata
Batataaaaaa...

Espaguete gostosinho
Espaguete gostosinho
Espaguete gostosinho
Espaguete
Espaguete
Espaguete
Espaguete
Espagueeeeeeete"


Quando eu parar de bater a cabeça na parede eu aviso.
Obrigada.

sábado, outubro 05, 2002

Gente,
é isso. Eu acredito. E espero que amanhã a gente faça acontecer. Chegou a hora.




Anotações

Ele aperta minha mão com força. Aponta para o sofá, onde eu me sento um pouco constrangida.
Não gosto de delegacias. Nunca gostei. Sensação de que fiz alguma coisa errada, não sei o quê, mas devo ter feito...
Então puxo o meu bloquinho de anotações e fico ali quieta, olhando, enquanto os outros repórteres explicam o motivo de nossa visita.
O tráfico fechou o comércio ali. É a informação que temos.

Ele escuta pacientemente.
Cicatriz na sobrancelha direita.
A roupa preta - toda.
Blusa preta, gravata preta, calça preta.
Na cintura, o revólver.
Negro.
Entre os dedos, um cigarro, que ele leva aos lábios lentamente. Espreme os olhos para tragar. Olhos de quem já viu muita coisa, ele não precisa nem dizer.
E entre seu olhar e o meu, uma sutil cortina de fumaça, que logo se dissipa.

"Dizem que o toque de recolher foi dado em resposta à morte de XXXXXX XX XXXXX. Ele era um traficante importante aqui da região?", pergunta o repórter mais jovem, de pele morena e olhos vivazes.
"Aquele lá?", o delegado sorri com o canto da boca, apertando o cigarro no cinzeiro. "Aquele lá era um Zé Ninguém. Bandido pequeno, que vende dez pra cheirar dois..."
"E o que aconteceu, então?"
"Foi boato. Histeria causada por essa ação que teve no Rio".
"histeria causada por ação no Rio", copio eu, em meu bloquinho.
"Como assim?"
"Um imbecil viu isso no Rio e teve a idéia de sair por aí mandando fechar. E hoje, se você passar um trote para um amigo seu, rindo, ele fecha a loja com medo. Só que a mídia aproveitou o oba-oba, o que é uma irresponsabilidade. E a quatro dias das eleições... o que você acha?"
"A irresponsabilidade da mídia...", anoto em meu bloquinho, de cabeça baixa.

Ele acende outro cigarro. Espreme os olhos para tragar e fica observando a fumaça serpentear até o teto.
"Isso aí que aconteceu, vocês querem saber o que foi de verdade?"
Meu olhar encontra o dele novamente.
Cicatriz. Cigarro. Silêncio. E uma imagem de Cristo crucificado no alto da parede, a olhar por nós.
Ele inclina-se sobre a mesa:
"Eu posso pedir o off?"

Concordo com a cabeça.
E fecho o meu bloquinho de anotações.

sexta-feira, outubro 04, 2002

Pausa para a fofice do mundo:



Obrigada.
:)

quarta-feira, outubro 02, 2002

With a little help
from my friends...


Pode ser porque o dólar subiu, porque minha unha quebrou.
Porque eu não quero que as ruínas de Assur sejam submersas.
Porque, no fim do dia, choveu.
Ou saudades, apenas. Quem sabe?

Eu não sei.
Desconheço o motivo
(se é que existe um)
para isso que me deu...
... de sentar na cama, abraçar o travesseiro e chorar, chorar, chorar como se estivesse quebrada, os cacos no chão.
... de sentar no chão e chorar chorar chorar até que alguém viesse, ao ouvir os soluços tão altos, destrancar a porta.
Mas ninguém veio.
E eu fiquei ali, eu e meu reflexo no espelho. Nariz vermelho. Olhos inchados.

- Alô?
Uma hora da manhã, ele atendeu com voz de sono.
- Ricardo...
- Que foi? - ele pergunta, preocupado.
- Não sei... mas... eu estou tão triste... vem aqui... por favor.

E ele vem, com sua blusa do Super Homem, bermuda xadrez e cabelo assanhado.
Que foi?
A alta do dólar? A unha quebrada?
O céu já está limpo, menina.
Lá embaixo o Teatro Municipal brilha feito jóia.
E quem sabe (Deus queira) as ruínas de Assur serão salvas antes que as águas da represa avancem, ou que os Estados Unidos tudo bombardeiem.

Não sei.
Talvez fosse apenas a Tristeza que, passando por aqui, tenha dito baixinho:
- Venha cá, me dar um abraço.
E eu fui.
Aconcheguei-me em seu colo. Encostei a cabeça em seu peito, olhando indiferente para as jóias que surgiam espontaneamente meus dedos. Voltas e voltas de pérolas que subiam pelo meu pulso, intercaladas com rubis.

As lágrimas vieram límpidas, beijar-me nas faces:
- Quanto tempo, quanto tempo!
E eu sorri para elas. Há tanto tempo não chorava. Já havia esquecido o gosto.
Como negar?
Que este sal pode ser doce.
Que a tristeza pode ser bela.

Licor de dolor.

Mas há que saber o limite.
Dizer agora chega não quero esse peso que vem não sei de onde, sem causa, sem nome.
Não quero. Domar o coração. Pedir que se acalme.
Catar os cacos. Colar, recompondo os desenhos da louça.

E se isso for difícil, ter um amigo.
De cabelo assanhado e cara de sono
que conte piadas e segure sua mão
até você dormir.

terça-feira, outubro 01, 2002

Íris

Minha nova diversão.
(É besta, eu sei, mas eu gosto)
No banheiro do meu quarto tem um daqueles espelhos que fazem nosso rosto parecer um campo de guerra - a mais perversa invenção da indústria de comésticos.
E com a luz bem forte em cima do rosto não tem auto estima que resista: os poros no mundo, cada espinha é bem dizer um vulcão... - mas não é isso que interessa.
Um dia, por acaso, fechei os olhos na frente do espelho e, quando os abri, vi a pupila diminuindo.

oh!!

Agora não tem outra. Se vou escovar os dentes, pentear os cabelos, passar batom... qualquer coisa... aproximo meu rosto na frente do espelho. Fecho o olho direito. Espero um pouquinho... e abro.
A pupila diminui veloz _buraco negro em miniatura_ enquanto o castanho cresce,
pura cor.
É isso.
Eu disse que era besta.
Mas eu gosto.
:)
De como eu fui pedida
em casamento no meio de São Paulo


Tem dias que parece que não era pra gente sair da cama, não é mesmo?
Semana passada teve um que foi assim.
Fui dormir de madrugada, acordei cedíssimo, passei o dia na carreata do Maluf, sendo que antes ainda fui inventar de tomar cinco copos de suco de melancia no almoço e passei o trajeto inteiro morreeeendo de vontade de fazer xixi, depois meu computador deu pau e começou a desligar sozinho, depois o mouse travou e no segundo tempo do jogo Palmeiras x Paysandu, 10 horas da noite, meu radinho pifou, de modo que - novamente! - eu não consegui fazer meu texto a tempo.
Após xingar as mães do computador e do radinho e do juiz de todos os nomes possíveis, lá estava eu no táxi. Emburrada. O bico do tamanho do mundo.
Aí a gente pára no sinal e um senhor aproxima-se da janela.
Falou sei lá o que com o motorista, aí olhou pra mim.
- Quer casar comigo?
! ! ! ! ! ! ! !

- O quê?
Os meninos estavam se acabando de rir, enquanto o motorista acelerava.
- Ele me pediu em casamento?
- Hahahahahhhhhh!!!!!!
Aí o motorista olhou através do retrovisor:
- Se quiser casar, eu paro, ainda dá tempo!

Ou seja, se daqui dez anos eu estiver seca e solteirona reclamando da vida e colocando o Santo Antônio de ponta cabeça dentro do pote, ele vai descer da sua nuvem rosada e dizer:
- Reclama não, minha filha, que a chance eu te dei!

E eu vou dizer que não? Pois é...
E a moça solteira continua suas aventuras...
Suspiro...
E toda vez que eu ergo os olhos sobre a tela do meu computador dou de cara com essa frase, em um quadro na parede. E algo me toca:

"Sempre circulei atento à aparição do imprevisto, e passei a minha vida à espera de que algo acontecesse.
Sempre que o telefone tocava eu corria a atender."


Samuel Wainer