sábado, agosto 31, 2002

E em São Paulo, uma nova beleza.




sexta-feira, agosto 30, 2002

05:24
Bom dia, Fortaleza.
Parece que hoje teremos um dia bonito.
:)



13:55

quinta-feira, agosto 29, 2002

The end

E acaba a primeira parte da saga "Moshi Moshi". Um final feliz, eu diria.
Então, ao som de "Closing credits: Bolero" do CD Moulin Rouge 2 (quem puder ouça esta música, que eu amo de paixão), encerra-se o filme de minha história em Fortaleza. Seis anos. Três casas. Uma faculdade. Muitos amigos.
E sobem os créditos:

Estrelando ..........................no papel de

Ceci........................................a menina mais doce e sonhadora do pensionato de freiras. Que conversava comigo todas as noites e foi embora pro Rio Grande do Norte, estudar psicologia.

Wilson...................................o melhor manobrista. Meu primeiro barraco em público. O autor da clássica cantiga do Enecom: "Todo mundo nu, dedo da boca, outro do * - trocou". Até hoje entoada nos cursos de comunicação de todo País.

Carol.......................................a menina das mil coisas ao mesmo tempo. Da decisão difícil. Do jeito engraçado de manifestar uma idéia: "mulher... tipo assim... é que... sei lá... eu não sei... umas doideiras... você entende?" E que eu entendia perfeitamente.

Edcarla...................................a amiga próxima que foi estudar arquitetura do outro lado da rua. Mas com o tempo, deixamos de atravessar a rua todo dia. Toda semana. Depois todo mês... E o tempo passou. Ficou a saudade.

Ana Patrícia..........................a carioca sangue bom. A viagem pro Icaraí - três dias sem dormir. Que me convidou pruma formatura da Marinha - esporte fino. Fui. Cheguei lá, só o gataral dançando forró de short jeans e os marinheiros formandos já sem a camisa, a poeira no mundo... E eu, de longo azul marinho, maquiagem e salto alto.

Heber.....................................uma lembrança suave. E feliz.

Dona Mercedes...................sogra que, preocupada com a nora tão novinha que já morava só, montava pra mim toda vez uma cestinha com biscoito, bolo, maçã... e eu: "mas dona Mercedes, tem um supermercado ao lado do pensionato. Eu juro que não passo fome..."- "Eu sei, minha filha, mas leve, por favor, tá tão magrinha..."

Gustavo................................o menino que trabalhava, estudava, ajudava a família... A responsabilidade. A paixão pelo samba. O sorriso meigo. Que me levou à delegacia quando, recém chegada a Fortaleza, perdi todos meus documentos e só sabia chorar.

Patrícia Balla.........................as transcrições do Mainha noite adentro. A melhor farofa. As histórias de amor que contava e pelas quais eu torcia como se assistisse a uma comédia da Meg Ryan. E que dirigia como uma louca e eu rezando no banco de passageiro "ave maria cheia de graça".

Alessandra...........................a Rossicléa

Caiê.......................................a flor

Igor.......................................que foi correr o mundo e agora, onde está? Na Patagônia? Acho que sim. Tirando fotos, experimentando de tudo um pouco... vivendo.

Ericsson...............................quando tinha os cabelos compridos. Loiro, loiro... Como a gente brigava! Ô menino implicante... Era muito engraçado...

Ricardinho............................o cabelo

Amaury.................................a boca

Silas......................................os olhos azuis da pós-modernidade. O professor cético. O orientador das discussões em mesa de bar.

Ronaldinho..........................que me deu a Lua de presente. Entre tantos outros presentes.

Márcia e Neno.....................um casal feliz, depois de tantos atropelos

Raquelina.............................a garota que eu queria ser

Fátima Sudário....................a mulher que eu queria ser

Cláudio.................................o primeiro editor a gente nunca esquece

Alan......................................o mal humorado mais bacana da História. Do terno emprestado, que ficou grande demais. Fundador da ONG de apoio às pessoas que não gostam de sushi.

Mauro...................................o ronco mais alto de Guaramiranga. O chefe mais gente-boa. Que virava o pobre do Calvin de ponta cabeça com sotaque alemão até o pobre do gatinho sair correndo pra se esconder daquele louco. Mauro, vamos brincar de morrer? Ele topava. Descendo a serra de madrugada, Led Zeppelin no último volume, apagava os faróis. O carro deslizava na escuridão, meu coração acelerado. Nunca esqueci.

Brunninho............................meu amiguinho querido. Meu designer favorito. O sorriso lindo. Brunno, você já foi capaz de brigar com alguém? Eu não consigo imaginar.

Cris........................................a indiazinha. A artista. Sempre tão reservada, tão calada, mas que numa festa, resolveu se abrir comigo. Passou horas falando sobre tudo. E eu não lembro uma palavra que porre como aquele eu nunca tomei. Mas ficou a cumplicidade.

Jocélio..................................o autor dos piores trocadilhos do planeta ;-)

Fábio.....................................o editor que me ensinou a fazer café

Francilávio...........................o colega de apartamento. Combinando a cor do cinto com o sapato e todo arrumado. Mais vaidoso nunca vi. Gostava de falar de si mesmo etc.
Aí um dia passeávamos pela Praia de Iracema, conversando e rindo, quando uma briga começou. Garrafas voaram. A turba revolta. Sem pensar duas vezes, ele me abraçou e protegeu até que o perigo passasse. Sem pensar que, desta forma, estava ele mesmo expondo-se ao risco de ser atingido por uma pedra ou algo assim. E eu pensei: como as pessoas nos surpreendem.
A gente morava com o Ricardo.

Ricardo...............................sem definições. Amigos de faculdade, resolvemos dividir um apartamento. Saí do pensionato de freiras em que morava. Não sabíamos cozinhar, varrer, lavar... nada. E a faxineira esqueceu o freezer desligado. Dias depois sentimos: "Existe algo de podre do reino desta cozinha". E o medo de abrir a porta do freezer? Puta que pariu... Horrível... "Eu não quero mais brincar de casinha", ele disse. "Nem eu". Mas ainda morei lá por dois anos. E agora, em São Paulo, moraremos juntos de novo. É sina, Ricardo?

Mônica..................................que, estando ali, eu demorei tanto pra conhecer.

Barbra...................................de onde veio essa louca, pelamordedeus? Apareceu do nada, com sua risada rouca e histórias engraçadas de sua fiel escudeira Larrisinha. E veio pra ficar. Pena que eu tenho que ir...

Gabriel..................................o menino da voz bonita. Do melhor perfume. Que canta blues no ouvido da gente.

Inesinha.................................a melhor cunhada do mundo.

Rafael.....................................que eu tive a sorte, a imeeensa sorte, de conhecer. E que me conhece como ninguém mais.

Denise....................................a toda séria sub-editora de Economia. "Bom dia, Amarílis" - "Bom dia, Denise". E que, hoje eu sei, é uma tresloucada maluca doida que me faz rir mesmo sem falar nada. Só com essa cara de piadista que ela tem. Porque a festa do caqui não tem hora pra acabar! E melhor companhia ainda não inventaram.

Fabi........................................uma mulher superior. Definitivamente.

Débora...................................a melhor home mate do mundo. Melhor. Tranqüila com minha bagunça. Feliz com minhas conquistas. Ombro amigo nas horas complicadas. Engraçada de um jeito que só é dela.
Compreensiva com meus esquecimentos e trapalhadas, como quando eu fui pra praia e sem querer levei a chave dela, deixando-a trancada no apartamento. Ai, como foi péssimo! E ela nem deu umas vassouradas quando voltei - o que prova o quanto é uma pessoa maravilhosa.

Marina...................................minha professora de música. Que me ensinou a cantar "Dream a little dream with me". E me ensinou a gostar de Pulp, Pixies, New Order, Blondie. A menina dos cabelos compridos. Que usa gravata e gosta de preto e branco. Que eu gostaria de ter como irmã.

Dani.......................................minha amiga querida querida querida. Ela a se perguntar. E eu a me perguntar.
"Como duas pessoas podem ser tão diferentes e tão idênticas ao mesmo tempo?"
Feito irmãs gêmeas. Amigas gêmeas, talvez. Acho que é isso...

Cacau....................................a Dani a se perguntar. Eu a me perguntar. "Como uma só pessoa pode ser tão diferente de si mesma ao mesmo tempo?"
Contraditória. Paradoxal. A mais sensata. A mais louca. A mais crédula. A mais cética. A mais sábia. A mais besta. A mais caseira. A mais farrista.
Conhecida por aí, não por acaso, como a mulata mais nórdica que já viu por aí.
Que num dia de bebedeira, disse: "você é como uma irmã pra mim". Quase chorei.

E vocês são como uma família pra mim também.
Vocês e muitos outros, que não estão aqui por uma mera questão de tempo. Tempo para escrever. Meu quarto ainda está uma bagunça e eu tenho milhares de coisas para arrumar antes de subir naquele avião.
Mas vocês sabem que estão aqui, comigo, sempre.
Ai, gente, desculpa se isso está piegas e eu vou parar logo antes que comece a escrever coisas cafonas como "beijo no coração" ou a cantar com Leandro e Leonardo que "não aprendi dizer adeus..."
Aí eu começo a chorar e vai ser aquela breguice no mundo... vamos sofrer com classe, né?

Já no avião, de salto alto, batom no. 15 da Revlon vestida com meu belo twin set de textura suave, olho pela janela, sorrio discretamente e uma lágrima cintila no canto do olho. Que ninguém vai ver porque eu estarei com meus poderosos óculos de Jackeline Kennedy Onassis. E murmurarei "adieu, mes amours" antes de tomar um gole do meu vinho branco.

Se bem que eu vou de Fly, então é difícil ter vinho branco. Tá, então eu vou abrir meu pacotinho de amendoim, beber um gole de Guaraná Indaiá sabor limão, acenar pela janelinha crente que alguém vai ver alguma coisa e berrar:
"Tchau, pessoal. Se cuidem, heim? Eu escrevo pra vocês!!! Prometo!!! Vou sentir saudades!!!!!! Amo vocês!!! Amo muito!!!!!"

Até Fortaleza ficar distante e tudo ao meu redor ser céu e nuvens.

domingo, agosto 25, 2002

É o queima!!!!



Veio a primeira fadinha e disse assim:
- Você terá uma família linda e amigos maravilhosos.
Veio a segunda, apontou a varinha na testa da menina e disse assim:
- Você terá uma saúde de ferro.
Por fim, veio a terceira fadinha, de vestido azul e chapéu engraçado e disse assim:
- Eu te presenteio, pequena Amarílis, com o dom de encontrar as melhores promoções e liquidações da face da Terra.

E assim foi feito.
Meu dom, meu maravilhoso dom: eu só encontro pechincha! Como sou feliz!
Se alguém diz: “como vc está bonitinha”, tenho a resposta na ponta da língua:
Blusinha na C&A: cinco reais.
Saia azul: ponta de estoque na Opera Rock - dez reais.
É o Queima! na Arezzo: tamanquinho - vinte reais.
Pirineus: tudo pela metade do preço - gargantilha chiquérrima por três reais.

Mamãe já falou pra eu parar com essa mania de pobre. Mas eu não consigo evitar!
Elogiou, eu respondo:
- Oito reais! Lá na Marisa!

As amigas ficam chocadas com minha capacidade.
Momento simbólico: fui com a Carol Nega na Monsenhor Tabosa. Ela comprou uma sandália. E eu comprei a mesma sandália na loja ao lado, cinco reais mais barata.

Ontem, a estrela da liquidação brilhou novamente sobre mim.
Caminhando no Shopping Teresina encontro na vitrine de uma loja de CDs a palavra mágica: Promoção.
Comprei o primeiro do Garbage por apenas R$ 9,90
Björk - Post - de R$ 33 por R$ 15,50.
Björk - Vespertine - de R$ 33 por R$ 15,50
E o CD do filme "Get it over" que, apesar de ser bobinho, tem umas músicas bem legais na trilha sonora incluindo a minha preferida do momento: "Would you..."
Por quanto? SEIS E CINQÜENTA!!!

Sem falar nos demais badulaques promocionais que adquiri em meu passeio pelo shopping: cintinho, brinquinhos, blusinhas etc quase de graça.
Sorte?
Sim, não nego: tenho muuuuuita sorte.
Mas além disso, para lograr êxito no mundo dos R$ 1,99 são necessários outros fatores:

Primeiro - Pesquisa
Saia dos shoppings. Sim, lá você pode encontrar boas promoções, mas não menospreze o potencial do centro da cidade. Tenho os mapas dos centros de Fortaleza e Teresina na palma da minha mão. Sei onde estão os melhores sebos, as melhores pontas de estoque e nunca passo batido por um camelô.

Segundo - Paciência
Se o que você quer só tem numa loja cara, aguarde.
Sente em posição de lótus na frente da loja e aguarde.
Na velocidade com que as coisas sucedem umas às outras atualmente, logo logo chegará uma coleção nova e a peça que você queria vai pra liquidação.

Isso significa que você só vai andar demodé? Com peças out? Ultrapassada?
De maneira alguma.
Use seu senso estético para antecipar o que voltará à moda na próxima coleção.

Veja só a história da minha tia Alzira.
Ela diz que nunca acerta o passo. Quando vai a uma festa de vestido curto, tá todo mundo de vestido comprido.
Mas se resolve ir de vestido comprido, tá tudo mundo de vestido curto.
"Eu tô sempre atrás na moda...", diz ela.

Aí eu expliquei que tudo é uma questão de atitude.
"Olha, tia, é exatamente o contrário: quando todo mundo ainda está usando curto, a senhora - antenada com as novas tendências - está usando longo. E quando todo mundo vai atrás e usa longo, a senhora - modernérrima - já está usando curto."
Ou seja, minha tia é muuuito fashion.

Terceiro - Cara de Pau
Pechinche.
Pechinche muito.
Pechinche sempre.
Encontre um defeitinho no vestido e peça um desconto.
Pergunte se levando quatro livros não dá para ganhar uma caneta.
Deixe bem claro para o camelô que você não é turista:
"Diabéisso, macho? Dez reau? Neeem... Ontonte inda vi isso bem ali por oito..."

Ou deixe bem claro que você quer levar mas não tem condições:
"Ah, vou levar sim! Pode empacotar! Oooohhhh.... não..."
"Que foi?"
"É doze, mas eu só tenho dez reais na carteira... e o do ônibus... Mas tudo bem, eu posso voltar a pé pra casa... afinal, o que são seis quilômetros, não é mesmo?"
Aí você faz aquele olhar de cachorrinho triste.
Eles geralmente cedem.

Claro que mesmo com todos estes fatores, nem sempre dá certo.
Eu, por exemplo, ainda estou revoltada com uma coisa que aconteceu ontem no shopping.
Uma sai linda, da "Mulher do Padre", de R$ 70 por apenas quinze reau. Última peça.
Mas...

Sobe daqui, aperta dali, puxa daqui...
"Eu... acho...ugh... que... serve..."
"Prende a respiração...", sugere minha irmã, enquanto me ajuda a subir o zíper. Pronto.
Olho no espelho.
No way.
No way.
No way.
Caramba! Mas como é que eu fui ganhar esse bendito quadril?

Acho que meu pai esqueceu de convidar alguma fada praquele batizado...
Oi, gente, desculpa o atraso!
É que eu estou aqui na casa dos meus pais em Teresina, onde não uso tanto a Internet...
Além disso, não tenho muitas novidades pra contar, ou vocês querem ouvir a história da Bolinha de novo?
:)
Ok, Bolinha manda um latido carinhoso para todos e enquanto ela leva vocês para dar uma voltinha, eu aproveito para escrever as novidades, certo?
Deixe-me ver...
...
ah, sim, a viagem.

Check Point Charlie





Exausta após o terrível confronto relatado no post anterior, estou lá eu dormindo no ônibus quando acordo com uma voz gritando assim:
- De quem é aquele monte de caixa lá em baixo?
alternativa a) roubaram minhas caixas!
alternativa b) a fita gomada não aguentou e meus sapatos estão espalhados em todo o bagageiro!
alternativa c) descobriram uma bomba dentro das minhas caixas e sou uma terrorista palestina!

Assustada, levantei o dedo. O homem gritou novamente:
- De quem são aquelas caixas lá em baixo?
- São minhas, senhor...
- Desça.
- Sim, senhor...

Ao lado do bagageiro, um monte de policiais. Era madrugada e eles estavam agasalhados, uma leve neblina ao nosso redor. Eu enrolada no lençol e com aquela cara de sono.
- Essas caixas são suas?
- Essas... são...
- Cadê a nota fiscal?
- Hã?
- Cadê a nota fiscal?
- Como assim?
- Sério moça, cadê a nota fiscal?
- Você quer dizer... aquele recibinho que me deram na rodoviária?
- Hahahahahahhhhh!!!!!!
(por favor, ouçam uma risada bem maquiavélica)

Um vento gélido fez com que eu apertasse mais o lençol.
- Desculpem, eu não estou entendendo...
Os policiais olharam pra mim com descrédito:
- A nota fiscal da mercadoria. Cadê?
- Mas não tem mercadoria nenhuma... É a minha mudança...
- O que tem nessa caixa?
- Sapatos.
- E nesta?
- Livros.
- E naquela grande?
- Meus bichin de pelúcia...
- E naquela outra?
- Drogas. Ops!!!! Escapuliu... - já pensou se eu tivesse dito isso, heim? Que emoção! Mas na verdade eu estava tão assustada que eles riram um pouquinho da minha cara e depois me deixaram subir.

Sentei no banco aliviada. Era a fronteira Ceará-Piauí e eles pensaram que eu era uma sacoleira!!!
Uau, isso é que é apreensão, heim?
Manchete nos jornais piauienses:
"Extra! Extra! Presa sacoleira com duzentos quilos de roupa"
Nas caixas apreendidas pela Polícia Federal, foram encontradas blusas com ombreiras, bermudas ciclistas, calças saint-tropeito e sutiãs com alça de silicone.

A sacoleira foi presa por breguice.

quarta-feira, agosto 21, 2002





Você é "O Fabuloso Destino de Amelie Poulain" de Jean Pierre Jeunet. Você é engraçado(a), original. Uma pessoa leve e maravilhosa de se conviver.

Faça você também Que
bom filme é você?
Uma criação deO
Mundo Insano da Abyssinia


terça-feira, agosto 20, 2002

Boxe with boxes

Boa noite amigos do Moshi Moshi! Estamos aqui, no estádio Macedão, onde dentro de instantes será realizada a luta do século!!! Dois mitos do boxe. Duas lendas do ringue. Acompanhando cada lance, ao nosso lado o incrível Totó, campeão pela Associação Mundial de Boxe na categoria cremo gema... Boa noite, Totó.

Boa noite, Calção. Boa noite, leitores do Moshi Moshi.

Totó, você gostaria de fazer sua aposta? Do lado direito do ringue, de macacão cor de rosa, a invicta, a vitaminada, a determinada Maguílis. Do lado esquerdo, estreando na diputa pelo cinturão de couro franjado, a assustadora... Bagagem!!!
Quem vai ganhar essa, Totó?

Bem, Calção, é uma disputa difícil. As concorrentes estão muito bem preparadas. Maguílis possui uma vasta experiência em mudanças e está disposta a viajar ainda esta noite com tudo embalado.

Mas será que ela consegue, Totó? Em apenas seis horas?

Bem, Calção, ela treinou a semana inteira, fez um curso no Instituto Universal Brasileiro de origami adaptado a caixas de papelão...
Mas a Bagagem é uma adversária forte, que não pode ser desprezada, né? Eu prefiro não arriscar um palpite. Vamos torcer para que a melhor ganhe, né, Calção, com a força de Deus.

E vai começar a disputa! Soa o gongo! Maguílis de macacão rosa. Ela parte pra cima da Bagagem. Dobra o papelão pra direita, dobra o papelão para a esquerda. Ela está nervosa, Totó...

Ela está nervosa e isso complica porque montar caixas de papelão realmente não é fácil, Calção...

Meu Deus! O que é isso? A Bagagem revida com o golpe da fita gomada!!!
Maguílis está completamente enrolada, a fita grudou em seus cabelos, impressionante, amigos do Moshi Moshi: ela está pregada nas cordas do ringue... Lona! Maguílis não consegue se levantar, o juiz vai contar... um, dois, três... gongo! Salva pelo gongo! Totó, seu comentário...

Foi um round difícil, Calção... Se continuar assim, Maguílis não conseguirá embarcar para Teresina... A Bagagem é muito maior e mais complicada do que a gente pensava... Uma adversária fortíssima...

Atenção para os pontos: Bagagem, 15. Maguílis, 10.
Os juízes foram justos, Totó?

Acho que foram, Calção, afinal Maguílis conseguiu montar três caixas de papelão... Ainda dá pra recuperar.

Vai recomeçar a luta. SOA o gongo, amigos do Moshi Moshi. Maguílis agarra dois quadros gigantes! Eles não cabem na caixa, Totó!

Ela vai ter que apelar pro isopor, Calção, mas é um golpe arriscado...

Ela dá uma tesourada no isopor!!!!!!!!

Crrisshhhhcrriiiiiiii!!!!!!

Meu Deus, que barulho horrível!! Pior que giz arranhando a lousa! Maguílis cai na lona com as mãos nos ouvidos!!! O juiz interrompe a luta. Falta da Bagagem!!! Um golpe claramente ilegal, não é, Totó?

Exatamente, Calção. Esse barulho de isopor foi um golpe baixo. A Bagagem perde, no mínimo, cinco pontos.

E Maguílis volta pro ringue com dois fones de ouvido gigantes! Ela corta o isopor, prende com a fita gomada e embala os dois quadros!!! E vai varrer o ringue!!! Ela recolhe todos flocos de isopor de olho no relógio, limpou tudo! SOA o gongo! Que round emocionante, Totó!!

Com certeza, Calção. Maguílis recuperou os pontos. Demonstrou muita fibra...

Atenção para o placar: Bagagem penalizada. Total: 20 pontos.
Maguílis passa à frente, com 25 pontos. O treinador cochicha alguma coisa em seu ouvido, ela parece exausta, está completamente suada. E SOA o gongo novamente!
Bagagem entra no ringue, de calção azul. E blusa branca. E vestido amarelo. E regata verde. E saia preta. Impressionante, são mais de quarenta peças de roupa...
Maguílis saca uma mala! Totó, com você.

É uma mala Primícia, cinza, provavelmente da década de 80, Calção. Um pouco cafona para os nossos dias, mas com diversos compartimentos que podem ser úteis em momentos como esses.

Maguílis dobra as roupas furiosamente. O treinador grita ao lado do ringue. Ele está nervoso, Totó, mas ela parece bem. Quatro lençóis em apenas dez segundos! Direita, esquerda, direita, esquerda! Impressionante!!!! A Bagagem contra-ataca com um edredon que não cabe de jeito nenhum na mala. Ela vai pular... ela vai pular... pula Maguílis em cima da mala! Isso é falta, Totó?

De modo algum, Calção, golpe perfeitamente normal. Todo mundo que vai arrumar mala senta e pula sobre ela mesmo...

SOA o ringue!!!! E parece que Maguílis é vencedora de mais um round!
Os juízes lançam suas notas: 30 pontos a 20 para Maguílis. É uma surpresa, Totó?

Não, Calção, Maguílis é invicta na luta contra as bagagens e a favorita do público...

Mas ainda é cedo para Maguílis cantar vitória, Totó. A Bagagem prometeu uma surpresa para este último round. As lutadoras assumem sua posição, SOA o gongo. Tem início o último round desta emocionante disputa. E Bagagem ataca com uma...
Televisão 20 polegadas!!! Será que Maguílis consegue encarar essa, Totó?

Eu creio que sim, Calção, afinal é só enrolar a televisão com alguns lençóis e guardar na caixa...

Mas parece que a televisão não cabe na caixa, Totó. É isso mesmo, a televisão não cabe!!! Maguílis corre até o Pão de Açúcar. Implora ao carregador que lhe arranje uma caixa de papelão grande. O carregador dispara entre os corredores do supermercado. Volta com uma caixa minúscula. Falta apenas uma hora para o embarque, Totó.

A situação é preocupante, Calção... Maguílis está com problemas...

Será que ela vai deixar a televisão pra trás?
Deixou!!!!
Perde cinco pontos!!! Ainda dá pra recuperar, Totó?

É possível que sim, Calção. Afinal, o jogo só acaba quando termina...

Sábias palavras, Totó. Maguílis sai correndo com as caixas na cabeça pra pegar o ônibus das 10 horas! Mas a adversária ataca novamente. A balança acusa...
excesso de Bagagem!!!
Maguílis tem que pagar dez reais.
Nocaute!!!
Maguílis vai à lona. Ela está dizendo algo, leitores, vamos tentar aproximar nossos microfones...

“Dez reais... é... um... roubo...”

O juiz vai contar: Dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três... Ela saca a carteira... tira o dinheiro... Embarcou!!!! SOA o gongo!!!!!!!! Ééééééé do Brasiiiiillllll!!!!

Maguílis a mais nova campeã mundial do cinturão de couro franjado!!!!

BRASIL-SIL-SIL-SIL!!!

***





Muda o canal... Na tela, aparece Aíla Maria – a dama das serestas na TV cearense – e seu penteado de laquê a cantar:
“Quando olhastes bem
nos olhos meus...”

Mas a imagem some e... emocionada... debruçada na janela do apartamento 103... a televisão de 20 polegadas acena adeus.

segunda-feira, agosto 19, 2002

Fato 1



Que coisa meiga você é?

Fato 2




Quem é você na Malhação? Director's Cut


Conclusão: Puta que pariu eu tô muito mulherzinha!!!!!!!
ID

Sei que, além de mim, deve existir apenas meia dúzia de Amarílis no mundo.
Entretando, todas elas cadastraram-se antes de mim em todos serviços possíveis.
Explico: cerca de cinco anos atrás, quis entrar para o maravilhoso mundo das novas tecnologias, abandonando de vez meu passado terceiro mundista de excluída digital.
Eu ia, enfim, ter minha própria conta de e-mail!

E isso era tão modernoso que a única coisa que me faltava na época era ter alguém pra mandar e-mail.
Contava nos dedos de uma mão os amigos com endereço eletrônico.
Minha alegria, então, era receber os informativos do próprio Yahoo e spams.

Mas não importa o quão avant la lettre eu fosse, uma das outras seis ou dez Amarílis que existem no mundo me deu uma rasteira e registrou o amarilis@yahoo.com antes de mim.
Outra registrou o amarilis@hotmail.com
E assim por diante. Um verdadeiro complô.

Isso posto, o fato é que fui obrigada a me contentar com um e-mail que juntava nome e sobrenome, o amarilislage@
que até hoje me acompanha - amigo de fé, irmão camarada...

Porém, com o tempo, o amarilislage@ não era mais suficiente.
Pelo menos não para mim, que dependo de webmails e tenho dó de apagar as mensagens que recebo.
Um que lotava, eu criava outro.
E depois outro só para e-mails de trabalho.
Outro para os amigos.
Outro para o namoro à distância.
Outro para os leitores do blog...

Até que hoje - pela décima nona vez - precisei criar um novo e-mail.
Super fácil, não é?
Só escolher o provedor, concordar com aquelas coisas todas que ninguém lê, preencher o cadastro, escolher o ID e...
... e aí que a porca torce o rabo.

Primeira tentativa - quero ser a ilis@yahoo.com
Mensagem na tela - este ID já foi escolhido por outro usuário
E Lílis?
Também.
Moshimoshi?
Já tem.

Tá. E que tal libelula? papillon? myfairlady? fairy?
Já tem. Já tem. Já tem. Já tem.

Tá. Então personagens: sininho... cheshire... thumbelina... ariel?
Já tem. Já tem. Já tem. Já tem.

Chapéu?
Já tem.
Chaleira? Pinico? Xícara?
Tem.

Puta que pariu, eu já estava há uma hora tentando encontrar um ID!!!!
Aliás, putaquepariu@yahoo.com.br, tem?
Tem.
Porra cacete e outros palavrões menos publicáveis... também.

Certo, vamos tentar alimentos.
pudim-quindim-banana-goiabada-farofa-tangerina-páprica?
tem-tem-tem-tem-tem-tem!!!!!!!!

Momento clássicos da TV brasileira. Homenagem a Walter Mercado:
liguedja@yahoo.com
Tem???
Tem.
tabajara@yahoo.com
Tem???
Tem!

Já prestes a ter um ataque de nervos tasco no quadradinho:
inconstitucionalissimamente.
...
...
...
TEM.

Vocês têm noção do que é isso?
Que alguém no mundo possui o e-mail
inconstitucionalissimamente@yahoo.com.br
???????
E que outra pessoa (ou a mesma, sei lá, vai que ela tem mania de colecionar e-mails!) possui o
otorrinolaringologista@yahoo.com.br
(sim, eu também tentei esta...)
??????

E tentei todas palavras difíceis que sabia até que tive que ir atrás do dicionário, em busca de ID decente pro meu novo e-mail.
E ali, um pouco antes de tamanduá e tatu, eu encontrei:
tagarelice@yahoo.com.br

Bonitinho, né? E ainda por cima tem tudo a ver com a proposta.
Afinal, vocês já viram alguém tagarelar tanto só pra dizer que agora tem um novo e-mail?
;-)

sábado, agosto 17, 2002

Minhas amigas - I
Onze e meia, o celular toca. No bina, a famosa Janecleide.
- Ei, onde é que você tá?
- Tô aqui no Dragão. - respondo.
- Pois eu vou praí, tá bom?
- Ué? E você não ia pra uma formatura hoje à noite?
- Vc não acredita! Quando eu estava pronta, maquiada, perfumada, toda arrumada, descobri que a festa só é amanhã!

O pior: eu acredito.
Minhas amigas - tudo assim. De pouco juízo.
Por isso que combinam comigo.
Meninas, adoro vocês!
Minhas amigas - II

Ainda Janecleide.
- Conta, mulé!
- Eu tenho vergonha...
- Bobagem, não sabe que pode confiar em mim? Conta!
- É muito embaraçoso...
- Conta logo!
- Eu... eu... bem... eu...
eu comprei uma sandalinha da Sandy...

:-O
Minhas amigas - III

Outra amiga minha - assessoria de imprensa de uma grande empresa, chiquérrima - viajava a trabalho quando foi apresentada ao Múcio Sá.
- Múcio Sá... Múcio Sá... Esse nome não me é estranho...
- Ele é deputado federal. - explica um colega dela.
Ela não parece convencida:
- Mas é de outro lugar... não... Lembrei!!! Lembrei!!!
E corre pro deputado:
- Ei, o senhor não é o pai da Roberta Sá, do Fama?

Pois é isso mesmo, meu povo.
Deputado federal?
Grande coisa...
Pai da Roberta do Fama?
Agora sim: uauuuuu!!!!!

E extra, extra: Marcos Vinícius acabou de vencer a segunda edição do Fama!

Não que eu esteja assistindo... Vi por acaso, mudando os canais. E quem é esse Marquinhos? Nem conheço...
Em termos de voto, sou super juventude consciente:
"Vanessa Jackson pra presidente!"
On-line

- Licença, Mari, eu tenho que ir bem ali no banheiro acessar o meu nariz.
Acho que tenho ficado tempo demais na Internet...

sexta-feira, agosto 16, 2002

Vergonha dos pés
*os nome dos personagens foram alterados a pedido dos mesmos

Minha amiga Anne Kelly é do tipo que mata qualquer mulher de inveja: loira, magra, alta e elegante...
Para sustentar toda essa estrutura, exibe pezinhos 37/38.
É grande demais?
Mas ela acha que é.
Inevitável: mesmo as pessoas mais bonitas vão encontrar em si um detalhezinho com o qual implicar. Anne Kelly não é diferente. Ela acha os pés grandes demais e hoje veio me contar a seguinte história.

Viajava ela semana passada com seu respectivo, o nobre Alfredo Alberto, pelas belas praias potiguares quando foi-lhes oferecida a incrível oportunidade de fazer um passeio de barco com direito a mergulho para ver os lindos peixinhos coloridos entre os corais - quase o caribe.
Empolgados com esta romântica aventura, Anne Kelly e Alfredo Alberto aceitaram a proposta, receberam algumas instruções básicas e foram colocar o equipamento necessário.
O instrutor pergunta assim:
- De que cor você quer o seu equipamento, Anne Kelly?
Resposta óbvia:
- Cor de rosa!
(Sim, nós somos mulherzinhas!!!! E eu estou digitando este texto com um super anel de pom pom cor de rosa no meu dedo pelo direito ao jeito pink de ser!)

- Certo. - diz o instrutor, e dá a ela o óculos cor-de-rosa e o respiradouro cor de rosa e pergunta - quanto você calça?
- Trinta e sete, trinta e oito.
- Ah, desculpe, mas cor de rosa só tem até o trinta e seis.

Trinta e sete a única cor que tinha era amarelo limão.
E lá vai Anne Kelly na balsa, toda borocoxô, porque TODAS as meninas que iam participar do passeio estavam com pé de pato cor de rosa e ela ali, de respiradouro rosa, óculos rosa e pé de pato...
amarelo.
O único pé de pato amarelo. Afinal, a partir de 37 todos os pés de pato eram cinzas ou azuis - cores masculinas conforme algum bocó algum dia inventou de convencionar.

E o que Anne Kelly descobre?
Que o pé de pato 37 está apertado.
"Não, eu me recuso a calçar o 38, eu me recuso a calçar o 38", pensa minha amiga - bravamente disposta a resistir.
Quando nota - oh, tragédia - que todo mundo ficava com os dedos "dentro" do pé de pato.
E ela, não bastasse o pé de pato AMARELO, ainda estava com os dedos saltando pra fora.
Tentou encolher, jura que tentou.
Tentou ignorar a dor.
Até que desistiu: pediu o pé de pato 38.
Azul.

Todas as meninas nadando lindas e felizes com seus pé de pato cor de rosa e ela lá.
Com o pé de pato azul.
E me diz indignada:
- Isso é preconceito! Isso é um absurdo! Mulheres que calçam 38 também têm direito a pé de pato cor de rosa!

Não podemos tolerar esta situação!!!!!!
Se você também considera esse preconceito revoltante, envie-me seu e-mail! Vamos fazer um grande abaixo assinado para encaminhar ao congresso com o mote:
"Pé de pato cor de rosa - direito de todas!"
Correção:
"direito de todos"
(a comunidade gay também pode se interessar...)
Unidos venceremos!

E tenho dito.

Marca registrada
Caixa registradora


De acordo com uma amiga minha, este será o legado desta blogueira que vos escreve:
- Do que você lembra quando ouve o nome Amarílis Lage?
- Lembro que ela me deve vinte reais e setenta e cinco centavos.
Que humilhação...
;P

quarta-feira, agosto 14, 2002

24!

Eu tenho um paquerinha aqui no prédio. Ou tinha, não sei. Acho que ele me dispensou...
Foi assim: o Rodrigo, meu vizinho, é a coisa mais fofa desse mundo.
Toda vez que me vê manda beijinhos, já me trouxe flores do jardim, uma gracinha...
Pena que, mês passado, ele completou dez anos de idade. Com direito a festa com o tema "Homem Aranha" e tudo o mais.
:)
Mas como eu dizia, uma graça de menino.

Estou eu aqui vendo televisão, ouço só as pedrinhas caindo na varanda. Debruço no parapeito e lá está ele, acenando:
- Oi, Amarílis, você quer jogar vôlei comigo?
Boba que sou, sempre recusei os convites.
Tinha medo de parecer ridícula, confesso.
E também temia pela integridade física dos outros jogadores. Já pensou se na emoção da partida eu dou aquela cortada em cima de um garotinho de sete anos de idade?
A mãe dele fazendo um abaixo assinado para me expulsar do condomínio?
"Obrigada, Rodrigo, fica pra outra vez."

Aí anteontem o convite era para soltar pipa.
- Desculpa, Rodrigo, mas eu acabei de chegar, estou tão cansada. Que tal outro dia?
- Tudo bem. - mas quando eu estou me afastando, ele chama de novo - Amarílis?
- Oi.
- Bem... Eu queria fazer uma pergunta. Se você não quiser, não precisa responder, mas...
- Pode perguntar, Rodrigo, sem problemas.
Ele sorriu:
- Quantos anos você tem?
Sorri também:
- Eu tenho vinte e três.

O menino arregalou os olhos, espantadíssimo:
- VINTE E TRÊS?!!!!! Vinte e três?!!! Nossa, eu pensava que você era bem mais nova! Eu achava que você tinha no máximo 18!

Tá, agora eu fiquei na dúvida: isso foi um elogio ou ele me deu um fora?

E a minha vergonha de dizer pra ele que, a partir de hoje, eu tenho...
VINTE E QUATRO!!!!
A idosa!!! Estou vendo a hora do Rodrigo me ajudar a descer a escada e a atravessar a rua!
:)
Em todo caso, parabéns pra mim!!!!!
Alguém aí quer um pedaço de bolo?



terça-feira, agosto 13, 2002









Boys and Girls

"Ai, não, o lugar do banheiro sem porta..."
E mais: GLS! - pra vc fazer seu xixizinho mais constrangida impossível.
Custa colocar um cortininha, caramba?
Tudo bem, é só não beber cerveja.
E fui, porque festa dos Amigos de Lídia Brondi não é evento que se perca. E acertada estava pois foi realmente uma das melhores festas dos últimos meses! Música ótima, amigos - homo, hetero, pan (??? será que eu tenho algum amigo pan-sexual? sei lá, devo ter) - todo mundo lá.
Todo mundo não... Ausências sentidas.

El Cid, por exemplo, que me ligou à tarde chamando para conhecer a Mystical, onde tem o beco das pegações e mil outras atrações lúdicas. O que me leva a crer que - fosse como fosse - minha noite de sábado não era pra ser mesmo muito católica.

Mas eu fui pro Empório mesmo - passei o barzinho, passei a parte das sinucas, entrei na sala preta. Não dava pra ver quase nada, só sentir as batidas de "Like a Virgin" ecoando nas paredes. "When your heart beats, next to mine".

Com o tempo, os olhos acostumam-se à escuridão. Kolts chega pra mim:
- Meu Deus, amiga, quanto desperdício!!

Totalmente verdade. Quanto homem bonito! Entre eles, dois rapazes lindos e simpáticos, que conheço de longa data.
Eu sabia, eles sabiam que eu sabia e eu sabia que eles sabiam que eu sabia.
Mas ninguém tocava no assunto.
Então sorrimos, cúmplices.

Sem grandes segredos e, ao mesmo tempo, sem grandes revelações. Apenas sorrimos.
:-)

Quando vem uma amiga minha, vulgarmente conhecida por aí como "a psicopata", encantada com o rapaz a quem chamam deTang.
"Vocês acham que rola?"
A gente o conhece. A gente sabe que sim.
E teve início a campanha "Cala a boca e beija logo"- intensamente adotada por blogueiros da capital alencarina, de modo que Tang e a psicopata não perderam muito tempo com delongas.

Aí vem a amiga da psicopata juntar-se a nós. Que a psicopata era dose, porque nem tinha avisado a ela que o local era GLS e ainda deixava ela sozinha pra ir se agarrar.
- E vc tem algo contra locais GLS?
- Eu? Não, de modo algum. Mas é porque ela não me avisou. Aí sem querer eu vim com visual sapatão!
Caímos na risada!
E lá estava ela, de calça jeans, blusa folgada, bolsa modernosa e tênis.
- Cara, eu vim de tênis! É muito sapatão...

Não dá pra descrever, mas ela estava mesmo enquadrada no estereótipo.
Só que o mais legal lá no Empório era justamente observar que esta história de estereótipos não tem nada a ver.

Em cena: mulheres super femininas - outras bem hippie - algumas que pareciam ter estacionado o caminhão na rua de baixo.

Eles: homens discretos - rapazes elegantes - outros que teriam um ataque epilético se tocasse Cher.

E ninguém muito preocupado com a opinião alheia. Ninguém sendo julgado ou preocupado em julgar.
Que bom.
Melhor ainda: descobri que agora, o banheiro tem porta!

Passe livre então para a próxima cerveja. Pegue uma também (por minha conta) e vamos dançar.
Ouça, está tocando Blur:
"Girls and Boys"

segunda-feira, agosto 12, 2002

Homens - um
Depois da palestra com João Jardim, diretor do belo "Janela da Alma" (assistam!) fui com alguns amigos lanchar no Habbib's.
Estamos lá, sentadinhos, aguardando nossas esfihas e refrigerantes, quando descobrimos que Habib's também é cultura e dentro de instantes terá início um show de dança do ventre.
E lá vêm as "odaliscas". Duas moças magrinhas. Uma de rosa choque, a outra de preto, requebrando pra lá e pra cá ao som daquelas músicas indianas.

- Eu conheço aquela menina. - diz um de meus amigos, apontando para a dançarina de rosa choque.
Imediatamente olhamos pra ele com aquele ar malicioso:
- Ah... conhece, heim? ... sei...
- Não, não é nada disso. - esclarece ele, que tem uma bela namorada a quem prestar satisfações - É que eu já tive aula de dança do ventre.

Close da minha cara de "!!!!!!!!!!!"
Obrigada.

Isso foi sexta. Aí hoje me acontece essa:

Homens - dois
Restaurante Bellamesa onde a comida é uma beleza. (Ainda bem que não sou publicitária!)
Sopa, mungunzá e bolo à nossa frente, conversamos animados sobre todo o tipo de assunto.
Até que a certa altura da conversa, toda concentrada na delícia que estava meu bolo de macaxeira, perdi o rumo da história e voltei da minha distração só a tempo de ouvir a seguinte frase:
- ... e eu procuro sempre combinar a cor da blusa com a cueca.

(Close na minha cara de "!!!!!". Atenção para o garfo com bolo que ficou na metade do caminho. Obrigada.)

- Você o quê?
- Eu procuro sempre combinar a cor da blusa com a cueca.
- E você tem cueca de toda cor? Azul? Verde? Cinza?
- É... Procuro ter.
Olho para sua camisa cor de goiaba... quase salmão.
- E você tem cueca dessa cor?
- Dessa não, aí eu coloquei uma azulzinha, para combinar com a calça e ficar assim, tom sobre tom.

Moral da história:
Não se fazem mais homens como antigamente. Definitivamente.

sexta-feira, agosto 09, 2002




Insônia
"Crianças, hora de ir pra cama."
Sempre no melhor da festa. Sempre.
Ou quando ia começar um filme legal na televisão.
E os adultos lá na sala, conversando e rindo.
E eu de pijama, achando dormir uma grande perda de tempo.

Dormir pra quê? - eu interrogava.
Pra acordar cedo e ir pra escola.
Ah, então está ótimo, que maravilha de vida! Que beleza, heim?
Pois saiba que quando eu crescer...

Acordei.
Meio dia.
Adulta.
Dona Geralda limpava o apartamento. Radinho ligado na FM-93.
Almocei na frente da televisão. Li Milan Kundera. Parei neste parágrafo:
"A vertigem não é o medo de cair (...). É o desejo da queda."
Quando olhei pro céu, já escurecia. Então fui ao cinema.

Pedi um café. Ele sorriu.
Atendeu um telefonema da ex-namorada.
Eu pensei: gosto desse perfume.
E sorri também, para o homem que não estava lá.

Giro a chave na porta. Débora diz: "ontem eu tive um sonho..."
E me conta. Gosto de sonhos.
Mas meu sono não vem.
Mesmo depois que a festa acabou.
O filme legal na televisão, também.
Eu não sinto sono.

Deixa... Pra que dormir?
Deixa eu ver a madrugada na janela.
Contar as luzinhas acesas nas janelas alheias.
Uma, duas, três...
Ei, vocês não conseguem dormir também?
Viva os insones! Viva!!!!!
Vamos contar estrelas, então. Vocês contam, eu canto:

"Dorme, ruazinha...É tudo escuro...
E os meus passos, quem é que pode ouvi-los?
Dorme o teu sono sossegado e puro,
Com teus lampiões, com teus jardins tranqüilos...

Dorme...Não há ladrões, eu te asseguro...
Nem guardas para acaso persegui-los...
Na noite alta, como sobre um muro
As estrelinhas cantam como grilos"


... que eu, quando criança, sabia recitar todinha.
Mário Quintana.
Uma luzinha que se apaga. Outra também.
Não se fazem mais insones como antigamente! - esta é a grande verdade.

Só uma janelinha resta acesa, fazendo-me companhia, no outro quarteirão.
Mas desconfio que, por trás do apoio moral, seu habitante também dorme a altos roncos.
Retorno à insustentável leveza do ser...

"Ele contava, a meia voz, histórias que inventava pra ela - bobagens, palavras elogiosas ou engraçadas que repetia num tom monótono. Na cabeça de Tereza, essas palavras transformavam-se em visões confusas, que a conduziam ao primeiro sonho..."

Letras embaralhadas. O marcador na centésima primeira página.
Na tv, nada de bom.
Tudo bem, eu fico com Chico, cantarolando baixinho pela casa:
"Eu faço samba e amor
Até mais tarde
E tenho muito sono de manhã..."


Nota por nota, o céu vai clareando...
negro... roxo... lilás... azul...
Passa um carro. Um caminhão. Um ônibus.
Os automóveis acordam antes das pessoas? Parece.

Seis horas, já.
Parece que vejo o meu pai abrindo a janela, puxando o lençol:
- Crianças! Seis horas, já! Hora de levantar!
E o sono pesando sobre os olhos feito chumbo.
A cama quentinha...

- Levantar pra quê? - eu interrogava.
Pra ir pra escola.
Ah, que ótimo, que maravilha de vida!
Pois saiba que quando eu crescer eu vou dormir até o meio dia!

Tomo banho. Escovo os dentes. Bebo um café. Abraço meu pai antes de descer do carro. Sorrio pra ele:
"Eu gosto desse perfume".
E alheia às tagarelices da professora de matemática, tento lembrar do sonho...
sonho estranho... eu ia ao cinema... passava a madrugada escrevendo... como era mesmo?... esqueci.

quinta-feira, agosto 08, 2002




Telemarketing
- Alô?
- Alô, boa tarde.
- Boa tarde.
- Por favor, eu gostaria de estar falando com o "Seu" Amarílis. Ele está?"

Certo. Agora olha pra minha cara e diz que tem como eu assinar uma revista depois dessa.
Nasceu!
É um menino!

Enfim, nasce um dos blogs mais aguardados de todos os tempos, do meu amigo Ricardo que nem está mais com o cabelo azul (na verdade, estava verde) e que usa uma alça de caixa de isopor para segurar as calças - última sensação da SP Fashion Week - e do qual eu gosto demais!
Aqui!
Chega de lero lero!
Vi no blog do Gabriel, que viu no blog do Rapha e aderi na mesma hora:



quarta-feira, agosto 07, 2002

Testes
Which poet are you?
Não, eu não fiz o teste duas vezes. Vieram estas duas respostas mesmo.


You are Carl Sandburg
You see the world in a different way than your peers and are able to find beauty in the most unusual places!

Take the Which Poet are You? Quiz - brought to you out of boredom and pretention!



You are Maya Angelou
You have a strong sense of self and have faith in your abilities. You are an optimist and believe that things can get better if people work together. You also have faith in humanity.

Take the Which Poet are You? Quiz - brought to you out of boredom and pretention!


Como não conhecia nada sobre Maya, fui ao bom e velho Google. descobri que ela foi uma grande influência na vida da cantora Fiona Apple, da qual gosto muito.

"Crescendo em uma sociedade que encorajava os pais a conciliarem trabalho e família, Fiona foi uma das muitas crianças americanas que acabavam por ter que ficar grande parte do tempo sozinhas enquanto os pais estavam fora, trabalhando. Aos 12 anos, ela foi violentada em sua própria casa por um estranho que a havia perseguido pelo caminho desde a saída da escola. A partir daí os problemas só fizeram crescer. Fiona, uma garota chamada de "cadela" pelos colegas, estava mais atormentada do que nunca. Mesmo tão cedo, era capaz de escrever assustadores poemas sobre escuridão e solidão.

Temendo o pior, seus pais procuraram ajuda médica e psicológica. Sua mãe deu a ela um livro de poesias de Maya Angelou, uma famosa escritora que, como ela, também havia sido estuprada na infância. Este simples presente valeu mais a Fiona do que todos os psicólogos que seus pais a fizeram freqüentar. As palavras de Maya deram a ela força, coragem e inspiração, instrumentos dos quais ela precisava para se expressar através da música e da poesia."


E encontrei aqui algumas poesias de Maya. Como este trecho que, talvez pela história de Fiona, me tocou bastante:

"You may shoot me with your words,
You may cut me with your eyes,
You may kill me with your hatefulness,
But still, like air, I'll rise.

Does my sexiness upset you?
Does it come as a surprise
That I dance like I've got diamonds
At the meeting of my thighs?
Out of the huts of history's shame - I rise
Up from a past that's rooted in pain - I rise
I'm a black ocean, leaping and wide,
Welling and swelling I bear in the tide.

Leaving behind nights of terror and fear - I rise
Into a daybreak that's wondrously clear - I rise
Bringing the gifts that my ancestors gave,
I am the dream and the hope of the slave.
I rise
I rise
I rise."




domingo, agosto 04, 2002

O fim de uma série:
A moça solteira e as vãs tentativas de não mais ser uma moça solteira


Mas o que é isso? A moça solteira está matando cachorro a grito? Fazendo simpatia? Já deixou o pobre de Santo Antônio virado de cabeça pra baixo dentro do armário?

Nada disso! Tampouco a moça solteira quer realmente deixar de ser uma moça solteira. Marido, crianças, fralda suja? Pelo menos a maioria das moças solteiras que conheço não está pensando nisso. Pelo menos não para agora. O que elas querem, de modo geral, é um cara bacana que beije bem e telefone no dia seguinte.
Parece simples, mas não é.
Juntando algumas histórias, nosso saldo dos últimos meses:

O amigo gay
Ele é sensível, atencioso, engraçado e inteligente. Além disso, gosta das mesmas músicas que você. Dos mesmos filmes. Dos mesmos livros... Seria perfeito, se ele também não gostasse, assim como você, de uma barba malfeita roçando na nuca. Aí você olha pra fila e diz: próximo!

O garoto enxaqueca
Este não gosta de nada. Não gosta das mesmas músicas que você. Nem dos mesmos filmes. Nem dos mesmos livros. Não gosta de você. Não gosta do mundo.
Na verdade, ele odeia o mundo. Tudo é horrível, tudo é um saco e tudo é idiota. Aí você, que acredita ter um dom natural para psicologia olha e diz assim:
- Ele gosta de mim, mas ele não sabe. Eu vou mostrar a ele que é possível ser feliz. Que o mundo é maravilhoso e que se entre as pedras brota a flor, por que no seu coração não pode nascer o amor?
Até que, quatrocentas e trinta e duas aspirinas depois, você olha pro garoto enxaqueca e diz: "Querido, foda-se. O próximo, por favor."

O surfista bonitão
"Pô, gatinha, aí. Nossa, mó onda... na moral... aê, falei que cê manda bem demais? Maneiro..."
"Massa... só... O próximo."

O cara de pau
- Queria tanto te encontrar depois... Qual o teu telefone?
Ela dá. E dias depois descobre que, além de não ligar, ele ainda deu o telefone dela para um serviço de telemarketing.

O homem casado - não casado - casado
- Sim, eu voltei a usar a aliança. Mas nós não voltamos. É só um anel. Não significa nada. Nunca achei que vc ia se importar!
Certo, então ele estava se arrumando pro trabalho, viu a aliança e pensou: nossa, acho que esse bambolê vai combinar com essa blusa azul e colocou o anel no dedo pra ficar bonito? Tenha paciência!!!!!

O rapaz sinal-confuso
- Ouça essa música. - ele pede.
Ela ouve. E é uma música linda, toda romântica. Então depois ela sorri pra ele, os olhos brilhando.
- Eu ouvi aquela música que você disse...
- Música? Que música?
Maestro Zezinho, uma nota. Ou melhor, um piano na cabeça desse rapaz, por favor! Próximo.

O cara perfeito
Ele é lindo. Ele é inteligente e gente boa e carinhoso e tudo o que se quer de bom na vida.
Só tem um defeito: é perfeito demais.
E a moça solteira sabe que um pouquinho de caos é fundamental.
Uma blusa velha que ele insiste em usar. Um cabelo despenteado. Um palavrão bem colocado para chocar a sociedade. Uma tatuagem.
Pochete não! Pochete não que tudo tem limite!!!
Mas um defeitinho aqui, outro ali, é o que faz a diferença.
E você olha pro rapaz perfeito, o genro que mamãe pediu a Deus a diz "você é ótimo, realmente incrível, mas..."

... mas, como já se interrogava Freud: "What does a woman want?"

E lá vamos nós, as moças solteiras para mais um passeio no shopping, uma tarde na praia e uma festa no Ritz. Ou na Órbita. Ou no apartamento da Larissinha. Dançar, beber, rir e dividir nossos dramas afetivos:
"Mas ele não respondeu a tua carta?"
"Não, nem vai responder... eu sei."
"Homens... Mas fica assim nao, um dia você vai encontrar um cara perfeito."
"Tenho fé, amiga, tenho fé..."

Mais uma caipirinha. Um ombro amigo. Agora chega de neuras, dancemos! E na vitrola troando Cindy Lauper no último volume:

"I come home in the morning light
my mother says when you gonna live your life right
oh mother dear we're not the fortunate ones
and girls just want to have fun
oh girls just want to have fun!

the phone rings in the middle of the night
my father yells what you gonna do with your life
oh daddy dear you know you're still number one
but girls they want to have fun
oh girls just want to have--

that's all they really want some fun
when the working day is done
girls-- they want to have fun
oh girls just want to have fun

some boys take a beautiful girl
and hide her away from the rest of the world
I want to be the one to walk in the sun
oh girls they want to have fun
oh girls just want to have

that's all they really want
some fun when the working day is done
girls--they want to have fun
oh girls just want to have fun,
they want to have fun,
they want to have fun... "

A moça e o mapa

"A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida"
Vinícius de Moraes

Lembra quando a gente marcava de se encontrar no Iguatemi e dizia assim: "Onde?"
"Na parte nova, em frente à Boticário."
Pois é, os tempos mudaram. Agora é assim:

****
Combino de almoçar no shopping com a Débora.
- Alô?
- Oi, Débi, cheguei. Cadê você?
- Ah, tô experimentando umas roupinhas aqui na C&A.
- Ah, legal. Pois eu tô indo praí.

****
Dias depois, almoço com a Marina.
- Amarílis?
- Oi, Mari, tudo jóia?
- Tudo, acabei de chegar. Cadê você?
- Tô aqui no provador da C&A.
- Então eu vou aí também.

****
Dia seguinte, combino com a Marina de novo.
- E a gente se encontra onde?
- No provador da C&A?
- Tá ótimo.

****
Dias depois, compras com a Mônica.
Festinha à noite, fomos atrás de uma roupa bacana.
Onde? C&A. E lá vamos nós, carregando quilos de roupa para dentro do provador.
Ela pergunta:
- Que tal este?
Eu digo:
- Ah, está lindo. Ficou super bem em você.
Quando ouço uma voz vindo do além:
- Amarílis?

Silêncio...

Estico a cabeça pra fora do provador. Mônica também espia, lá da cabine dela. Quando do provador ao lado, aparece aquela cabeça loira:
- Amarílis?
- Danielle!!!!!
- Valha, que coincidência!!!
- Ei, você lembra da Mônica?
- Oi, Mônica, tudo bem?
- Oi, Dani!

Só faltou a cortina do outro provador abrir também e aparecer a Gisele Bündchen.
- Oi, garotas!!!
- Gisele, mulher, quanto tempo!!! O quê você está fazendo aqui?
- Eu só vim dizer para você parar de insistir que a C&A não vai patrocinar o teu blog.
- Saco... povo sem visão empreendedora...
- Mas valeu a iniciativa. Acho que você devia continuar tentando.
- A Riachuelo, talvez...
- Quem sabe?

Pois garotas, está combinado, encontros no Iguatemi agora, só dentro do provador da Riachuelo!
Até lá!

sexta-feira, agosto 02, 2002





A moça solteira e o sistema público de transportes
Pois devo dizer que existem várias categorias de moças solteiras. É fato.

A moça solteira abastada é aquela que possui seu próprio carango.
Bem cuidado, limpinho, cheiroso...
Mas geralmente com alguma frescuraite denunciando o perfil de sua proprietária.
Vide: ursinho de pelúcia pregado na janela, Piu-piu balançando no retrovisor, coisas assim...

E se este fosse o blog de uma moça solteira abastada certamente não faltariam aqui histórias sobre a difícil arte de se trocar um pneu, dicas para fazer um make-up completo no espelhinho do retrovisor no curto espaço de tempo que dura um sinal vermelho e como transmitir uma postura de auto-confiança quando o mecânico vier explicar que o problema do carro está na rebimboca da parafuseta que é desse tamanhinho e custa apenas metade do seu salário.

Mas como não é. Prossigamos.

Outra categoria existente é a da moça solteira mais ou menos abastada.
Essa é a que, não possuindo ainda um fusca pra chamar de seu, pelo menos dispõe de certa liberdade financeira para pagar uma corrida de táxi em momentos críticos.

E por último - mas não menos importante! - existe a categoria:
"moça solteira não abastada desempregada meu reino por um real - aceito tickets"
na qual orgulhosamente está incluída esta amiga que vos escreve.

Na hora de sair da segurança de seu lar para um local relativamente distante, a moça solteira não abastada etc etc etc possui duas opções:
* ou apela para os bons e velhos amigos em busca de carona
* ou apela para o sistema público de transportes, isto é, ônibus e topics.

Não é o ideal, claro. Mas nada que impeça a moça solteira não abastada de sair pra se divertir.

De modo que nove horas da noite, domingo, ciente de que Débi, Fabi e Barbra (no mínimo) estavam curtindo o show de jazz lá no Dragão, coloquei minha bolsinha no ombro e caminhei, lépida e fagueira, até o ponto de ônibus onde esperaria pelo Aguanambi I.

E dá nove e quinze e nada.
Nove e meia e nada.
E aquela escuridão ao redor, eu já tensa.

Nenhum ônibus.
Nenhuma topic.
E milhões de impropérios contra o sistema público de transportes quando vejo:
>>* A moto-taxi *<<

- ...nãããoooo...
Eu olho pra ela. Ela olha pra mim, com seu charme ciclope.
- ...nãããooo... eu não tenho coragem...
...será? ... devo? não devo? ...

Quando lembro da Marina, amiga que tem como meta aprender diariamente alguma coisa nova e que um dia virou pra mim e disse:
"Hoje eu andei de moto-taxi."
Mulher ousada, taí. Marina, eu sou sua fã!
E eu vou andar nessa porra de moto-taxi também!

Acenei pro moto-taxista.
- Moço, quanto é daqui pro Dragão?
Ele disse. Eu pechinchei.
Ele recusou. Eu insisti:
- Moço, por favor, olha só: é a primeira vez que eu vou andar de moto-taxi...
- Primeira vez?
- Primeira.

Vaidade masculina, sei lá - esses homens são tão previsíveis... - aceitou. Todo orgulhoso.
Ajudou-me a colocar o capacete, limpou o banco, ensinou a subir na moto.
E lá vamos nós!!!!!!

Vrrrrruuuuummmm...
O vento no rosto. Os carros passando de raspão, zunindo... E eu rezando todos pai-nosso e ave-maria e credo que me lembrava.
Um caminhão, ai meu Deus ele vai ultrapassar um caminhão.
Sinal vermelho! Moço, o sinal tá vermelho. Moço, não faz isso, o senhor passou no sinal vermelho!!!!
Creio em Deus pai todo poderoso...
A moto voando na avenida.
Coração batendo forte.
Batendo forte.
Batendo.
O vento...

Não sei dizer qual o exato momento em que deixei de sentir medo e comecei a achar bom.

Na verdade, quando o medo - ainda presente - misturou-se à sensação de liberdade e eu tive coragem de afrouxar um pouco os braços e sentir meu corpo quase solto no ar.
O cabelo fugindo do capacete.
Os olhos fechados.
O tremular da minha blusa.

Comecei a rir, e o moto-taxista riu também.
"O senhor pode acelerar um pouco, se quiser..."
"Posso?"
"Pode."
"Então se segura."

E lá fomos nós, em alta velocidade. Ultrapassando carros e ônibus e outras motos. Letreiros luminosos rabiscando as laterais. Zigue zagues no asfalto, zumbido no ouvido!!

Só sei que quando desci, minhas pernas estavam bambas.
Ainda sentei um pouco na escada do museu, antes de caminhar em direção ao show.
Olhei pra avenida, sorrindo.
Um só destino.
... mas quantas formas de chegar.

quinta-feira, agosto 01, 2002

A moça solteira
+ as novas tecnologias
+ a teoria do caos


Acordo com o telefonema do Ricardo:
- Oi, Amarílis!
- Oi, Ricardo! E aí?
- Você já gravou aqueles programas pra mim?
- Não...
(leia-se: ontem eu fui ao cinema e ainda não aprendi a programar o vídeo-cassete)
- Tudo bem, é porque agora tem MTV aqui em casa e eu liguei pra dizer que nem precisa mais... Eu gravo aqui mesmo. Mas eu precisava daquela fita de volta pra poder gravar...
- Ah, tudo bem. Então me liga mais tarde pra gente combinar de se encontrar em algum canto, aí eu te entrego a fita.
- Tá legal. Então eu te ligo depois.
- Tá certo. Beijo!
-Outro.
- Tchau.

Putz grila, e agora?
Onde foi que eu coloquei a bendita fita do Ricardo??!!!!