quarta-feira, julho 31, 2002





A moça solteira as novas tecnologias
- Amarílis, você gravou aquele programa pra mim?
- Ah, Ricardo, desculpa, mas ontem eu tive que sair... Mas passa todo dia, né? Então amanhã eu fico em casa e gravo pra você.
- Mas Amarílis, é só programar o vídeo.
- É que... eu... eu não sei programar o vídeo-cassete.

xxxxxxxxxx
- Amarílis, você gravou aquele programa pra mim?
- Ô Ricardo, desculpa, mas é que deu um pau na TV.
- O que foi?
- Não sei. Saiu totalmente do ar. Está horrível. Mas eu já chamei o técnico da Net e assim que consertar, eu gravo pra você, certo?

xxxxxxxxxxx
Chega o técnico da Net, com sua maletinha. Eu ligo a TV.
- Moço, está assim há três dias. Nós já fizemos de tudo, eu não tenho a menor idéia do que possa ser... - e como uma paciente diante do médico, pergunto - será que é grave?
Ele caminha lentamente até a TV. Olha atrás. Pega um cabo que estava solto e o conecta ao aparelho.
E a imagem volta perfeita.
- Era só ligar o cabo.
- ...
- ...
- aaah...
-...
- aahhh... e o... o senhor vai cobrar?
- não.
- ai, desculpa ter feito o senhor ter vindo aqui só pra ligar um fio...
- tudo bem...

Pegou sua maletinha e foi embora, em silêncio.
Ainda pensei em aproveitar a oportunidade para pedir que me ensinasse a programar o vídeo-cassete, mas achei que aí já era abusar demais de sua santa paciência com essas moças-solteiras-modernas-que-não-sabem-nem-trocar-uma-lâmpada e fiquei quieta.

xxxxxxxxxx
O que me lembra o episódio do fax.
Eu, Cacau e Dani no escritório, apreensivas.
Fábio chega:
- O que foi, meninas?
- O fax deu pau. Já tentamos de tudo, apertamos todos os botões e nada.
Fábio olha de um lado, olha do outro.
- Não será porque o fio está fora da tomada?
- Aaaahhh...
- Aaaahhh...
- Aaaahhh...

E mais uma vez o dia foi salvo pelas garotas super poderosas.

terça-feira, julho 30, 2002





A moça solteira e a teoria do caos
Pois dizem que sim: existe uma ordem no caos.
Quem disse isso e quais as conseqüências desta revelação no avanço da física e da matemática, não sei.
Mas desconfio cá com meus botões que, por mais estudioso que fosse este cientista, a teoria toda surgiu após uma discussão doméstica.

Bagunceiro como nós imaginamos que sejam todos estes gênios - fórmulas e experimentos e papéis espalhados por toda a casa - a esposa chega à beira de um ataque de nervos:

- Einstein Isaac Newton Copérnico da Silva, ou você arruma essa bagunça ou vai levar umas vassouradas!!
- Mas meu amor, tenha calma...
- Calma? Você me pede calma?! Olha esse quarto, um caos!! Não sei como você ainda consegue achar alguma coisa aqui!
- Mas querida, você não percebe? Existe uma ordem subjacente ao caos!

E ele piscou, surpreso! Eureca! Isso mesmo: existe uma ordem no caos.
Os fractais! Os fractais!

Não creio, porém, que discurso teórico algum o tenha livrado de uma boa faxina.
O mesmo comigo.
Em pé, vassoura na mão, olhei pro meu quarto. Ao meu ver, estava tudo em ordem:
- roupas sujas jogadas no canto esquerdo.
- sapatos jogados no canto direito.
- roupas lavadas que ainda não foram para o guarda-roupa: sobre a cama
- ao lado da cama, livros.
- em baixo da cama, revistas.

Sei onde está tudo. O recarregador do celular?
Dentro da chaleira.
E não, esta chaleira não está fora de lugar.
Ela é um objeto de decoração do meu quarto!

Mas não teve jeito.
Dona Rute organizou um jantar de aniversário pra Débora e sábado foi o dia de arrumar o apartamento.
Dona Geralda veio limpar as paredes, o banheiro, varrer, lustrar e encerar e eu fiquei ajeitando o meu quarto.

Nesta missão, foi muito útil contar com o texto "Como manter a casa arrumada sem arrumá-la" (vide "Guia da Mulher Superior", do
02 neurônio), onde encontramos dicas valiosíssimas como esta:

- Estenda sempre um edredon em cima da cama. Mesmo que por baixo tenha várias coisas, como camisolas e camisetas. É rápido e dá uma aparência arrumada ao seu quarto.

Seguindo esta lógica, os sapatos foram pra baixo da cama, e os livros também, fazer companhia às revistas. Presilhas, anéis, pulseiras, brinquinhos e demais badulaques foram pra dentro da chaleira. E a chaleira pra dentro do guarda-roupa, onde já se encontrava o bolo de roupas sujas devidamente envolto por um lençol.

Ainda restavam as prateleiras.
Que na minha opinião, também estavam arrumadas.
Sobre elas, meus anjinhos de porcelana, porta-incenso, porta-lápis, porta-jóias, caixinhas coloridas, sem falar nas minhas coleções de:
- apontadores
- brindes Kinder Ovo
- brindes McLanche Feliz e
- gatos - de madeira, vidro, plástico, porcelana etc

Só que o que pra mim é uma opção estética pode parecer - reconheço - o samba do crioulo doido.
E como a palavra de ordem em decoração é clean lá se foram minhas coleções e porta-lápis, porta-jóias, porta-incenso etc pra dentro de duas caixas de sapato que, por sua vez, também foram pra dentro do guarda-roupa.

Agora sim! Um primor!
Só rezar pra que ninguém abra o guarda-roupa, bisbilhote em baixo da cama ou abra o criado-mudo - bem dizer uma bomba caseira.
Mas olhando assim por cima, parecia a
Casa Cor.

Só que tinha alguma coisa estranha.
Eu não sabia o quê.
E fiquei olhando... meu Deus, o que será?
Aí eu me toquei!

Pode abrir qualquer revista Caras ou Chiques e Famosos ou Casa Cláudia e constatar: naquelas casas impecavéis, bem ali no cantinho, sem querer querendo lá está uma xícara usada...
um livro de arte displicentemente aberto...
para dar aquele ar casual, sabe?

Ora se eu não aprendi a lição!
Peguei meu tamanquinho novo - chiquérrimo - e taquei no meio do quarto. Suuuuuper casual.
E ainda dizia pras visitas:

- Claro, pode guardar sua bolsa no meu quarto, mas por favor, não repare a bagunça...
- Imagina, tudo tão arrumadinho...
- Bondade sua! Ai, tem até uma sandália jogada aqui! Estou tão embaraçada...

E as roupas sujas revoltadas debatendo-se furiosamente dentro do guarda-roupa Carandiru, passando as canecas nas grades e ameaçando contar tudo à Sociedade Protetora dos Direitos dos Panos?
Graças a Deus, acho que ninguém ouviu.

Mas pelo sim e pelo não, acho melhor não usar aquela blusa que dá um laço no pescoço durante algum tempo...

Moral da história:
Mesmo nos ambientes e semblantes aparentemente mais tranqüilos e serenos do mundo, lateja o caos.
E isso é fundamental.




Vida de solteira
Vovó, bem novinha, subiu ao altar.
O noivo, repare: primeiro namorado!
Dez filhos vieram! Vivia pro lar.
Cozinha, faxina, costura e bordado.

Mamãe, mais moderna, namorou um bocado
Até conhecer um belo rapaz
Gostou e casou, de véu e grinalda,
com todos conformes tradicionais.

Fez faculdade, trabalha fora
Tem quatro filhos e estuda francês
E às vezes pergunta, toda ansiosa:
Filhinha querida, não é sua vez?

E eu digo:
Mamãe...
Mamãezinha do meu coração, sente-se.
Pois eu resolvi ser jornalista e estou desempregada.
Semana passada, tinha trinta reais.
Dos quais gastei vinte com uma blusa nova.
De babadinhos! Toda cor de rosa.
Feliz, fui dançar. Com amigos da Internet.
Voltei rindo, bebinha e boba.
Mamãe, pense num pileque.
Sol a pino, abri os olhos. Comi bolo de chocolate.
Pintei as unhas com purpurina.
Fofoquei com as minhas comadres.
E ri e chorei com as coisas dessa vida.
Dessa vida de moça de vinte e poucos anos moderna que mora sozinha e paga as suas contas sempre que possível atrás de um cara sensível topando com homens confusos e crente que um dia a coisa vai - ah, se vai - dar pé. De tamanquinho colorido e óculos escuros correndo com suas sacolas pra não perder o trem do século XXI, eu, ela, nós:
a moça solteira.




A moça solteira e a geladeira
Abro a geladeira. Cream cracker. Chocolate. Molho de tomate. Chocolate.
Biscoito de chocolate... azeitona, margarina, queijo...
"Valha, de quando é esse queijo?"

As fatias, já duras, nem desgrudavam mais uma da outra. E as salsichas no freezer já comemoravam bodas de prata.
Esta era minha geladeira há algumas semanas.

Aí Dona Rute, mãe da Débora, que divide apartamento comigo, chegou. Que maravilha!!!!!
A geladeira transformou-se na visão do Paraíso!
Sucos, bolos, pão de queijo! E na hora do almoço: comida de verdade!

- Mas por que vocês não cozinham? - perguntava ela - É tão fácil!

Pois é, Dona Rute, mas sem entrar em maiores detalhes sobre minhas trágicas experiências culinárias nas quais eu descobri que a expressão "é tão fácil" trata-se simplesmente de um elemento retórico, devo deixar bem claro que se a minha geladeira vive vazia ou com coisas fossilizadas é porque existe um complô contra pessoas solteiras nos supermercados deste País!!

É tudo tamanho família.
Se a moça solteira comprar um pote de requeijão na segunda, tem que passar a semana inteira almoçando, jantando e lanchando requeijão.
Torrada com requeijão. Bife ao molho de requeijão.
Morangos com creme de requeijão...
Senão estraga.

E experimente pedir três fatias de queijo no setor de frios.
Eu fiz isso e o homem riu da minha cara.
Salsicha.
Só se for o pacote - com vinte e quatro.
Ovos.
Eu quero um ovo. Apenas UM ovo!
Mas volto pra casa parecendo que vou alimentar um batalhão.

Resultado:
"Valha, de quando é esse queijo?"
No freezer, as salsichas comemoram bodas de ouro.
E da porta da geladeira - Crec! - pula um pintinho.
Que olha pra mim assustado, passa a asinha na testa e comenta:
- Ufa! Foi por pouco!

E eu digo: pizza. acho que eu vou pedir uma pizza...

*** não perca, em breve, novos episódios da série: "A moça solteira".

domingo, julho 28, 2002

Clipping
Zona de Conflito

"Este blog é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é post
A dor que deveras sente"

Momento ouça essa canção
Ontem, no Ritz, projeto Alternatividade:
The Cure





Let's go to bed

Let me take your hands
I'm shaking like milk
Turning
Turning blue
All over the windows and the floors
Fires outside in the sky
Look as perfect as cats
The two of us
Together again
But it's just the same
A stupid game

But I don't care if you don't
And I don't feel if you don't
And I don't want it if you don't
And I won't say it
If you won't say it first


You think you're tired now
But wait until three
Laughing at the Christmas lights
You remember from December
All of this then back again
Another girl
Another name
Stay alive but stay the same
It's just the same
A stupid game

But I don't care if you don't
And I don't feel if you don't
And I don't want it if you don't
And I won't play it
If you won't play it first

You can't even see now
So you ask me the way
You wonder if it's real
Because it couldn't be rain
Through the right doorway
And into the white room
It used to be the dust that would lay here
When I came here alone

Doo doo doo doo
Doo doo doo doo
Let's go to bed


sexta-feira, julho 26, 2002

Flashdance
She's a maniac, maniac on the floor
And she's dancing like she's never danced before


Pois enquanto aguardo a xerox - luz indo e vindo sobre relatórios e textos para os quais, de fato, não dou a mínima - vejo o cartaz: aulas de dança de salão.
Com Carlinhos Araújo.
Toda quarta.
Neste mesmo bat local.
A partir das 19 horas.
DE GRAÇA.
E eu digo: amigos, bailemos!!!!

Olhei o relógio: daqui a uma hora!
Bem doida que eu não venho!!
Corri pra casa, joguei relatórios e documentos e textos sobre a mesa, troquei o jeans por uma calça molinha, calcei minhas sandálias bege e corri de volta pro shopping.
Pense num entusiasmo, já me sentindo ao lado de Fred Astaire! Rodopiando! Rodopiando! Rodopiando pelo salão!
Aí eu fui chegando e pensando...

Amarílis, não é num salão...
É numa praça de alimentação mesmo.
No meio de um shopping. E, querida, você não é a Ginger Rogers.
Ainda há tempo... volte para a segurança de seu lar.
Onde você pode ouvir New Order e dar os seus pulinhos sem passar humilhação pública.

Mas como futura autora do futuro best-seller "É de micos que se vive a vida" eu não podia recuar.
Murchei a barriga, empinei o nariz e disse: "eu vou".
Pra que eu fui dizer isso?
Foi entrar no shopping e ouvir Pepino di Capri troando no mundo:
"Rrrrobertaaaaaa... ascoltami..."

E só a galera da terceira idade em uma, duas, três fileiras, todo mundo dois pra cá, dois pra lá com exceção de uma senhora mais velhinha que parecia um pião, coitada, mais perdida que cego em tiroteio.
Ai, não, eu vou voltar.
Vou. Não vou. Vou. Não vou.
Vou só dar uma espiadinha.

Quietinha que só, encostei no balcão de uma sorveteria ao lado de alguns colegiais, e fiquei lá, só observando.
E tem início o bolero.
"Dicen que la distancia es el olvido
Pero yo no concibo esa razon
Porque yo seguire siendo el cautivo
De los caprichos de tu corazon..."


E um dos instrutores me chama. Sorriso no rosto, estende a mão.
Ai, meu Deus, vou - não vou - vou - não vou - vou...
E nestas horas, meu povo, só resta uma coisa a fazer: segura na mão de Barishnikov e vai!!!!!
Fui!

Bolero! Salsa! Gafieira! Fox trote! Xote!

"Guantanamera... "
e eu lá no meio: iurrúuuu!!!!!
"Guajira guantanamera...."
E eu lá, eu e minhas amigas da terceira idade. Dona Netinha que já prometeu que vai me levar pra dançar forró no Tremendão, em Messejana. E quando eu for prum baile dançante no Oásis já tenho a Dona Neide pra me apresentar pra galera.
Bom demais!

O professor dá as instruções, com seu microfone madonna:
Dois pra cá. Virou.
Dois pra lá. Virou.
A gente em fileiras. Todo mundo pra esquerda. Todo mundo pra direita. Menos a pobrezinha da senhora que ainda gira loucamente trombando em todas as pessoas possíveis.
"Agora todo mundo junto!!"
C'mon let's twist again, as we did last summer..."

Puxo logo um instrutor: "venha cá!"
E o céu é o limite para minha performance de fox trote.
"ai meu pé, moça!"
"ops, desculpe!"
Aguenta firme que lá vamos nós!!!!

"Moro num país tropical..."
E lá vai a velhinha girando!!!

"Por isso eu vou na casa dela ai ai...
Falar do meu amor pra ela..."

- Dona Netinha, e o forró?
- Tá combinado!!!!

Frank? Você por aqui?
"Out together dancing cheek to cheek... "

E pra encerrar: Valsa!
Ou seja: quarta-feira, oito horas da noite e eu lá, morta de suada, dançando valsa em plena praça de alimentação do Casa Rosada Mall. Envolvida pela música, flutuando, leve como uma pluma...
"meu pé!!!!!"
"ops, desculpe de novo!"

...leve como uma pluma e já pensando na próxima dança.

Concede-me esta honra?
;)

Então bailemos. DJ, som na caixa!

La barca
Roberto Cantoral

Dicen que la distancia es el olvido"
Pero yo no concibo esa razon
Porque yo seguire siendo el cautivo

De los caprichos de tu corazon

Supiste esclarecer mis pensamientos
Me diste la verdad que yo sone
Ahugentaste de mi los sufrimientos
En la primera noche que te ame


Hoy mi playa se viste de amargura
Porque tu barca tiene que partir
A cruzar otros mares de locura
Cuida que no naufrague en tu vivir


Cuando la luz del sol se este apagando
Y te sientas cansada de vagar
piensa que yo por ti estare esperando
Hasta que tu decidas regresar.


terça-feira, julho 23, 2002

Olha só o que eu ganhei, que coisa mais linda!!!!
Gabriel, eu adorei!!!
Muuuito obrigada.
:)




segunda-feira, julho 22, 2002

*MELhor é impossível

Saindo da rodoviária com meu clássico "Nos braços de sedutor" nas mãos, voltei pra casa, tomei banho e fui pra despedida da Mel, no Boteco.
Mel, a única pessoa que eu conheço que ficou embriagada no aniversário de um ano.
Isso mesmo, um ano de idade.
A única pessoa que eu conheço que já foi obrigada a lavar um ônibus após promover um banho de cerveja entre os passageiros.
A única amiga que eu já tive que foi capaz de olhar pro meu paquera e dizer na maior: "nossa, mas que bunda esse menino tem".

Um talento artístico desperdiçado: se fosse chacrete, estaria rica.
Ou se fosse bargirl: caipirinha melhor que a dela ainda há de surgir!!!!
Ou se micos fossem financeiramente rentáveis. "Mel, você tem que criar um blog pra contar essas marmotas, cara!"
"Eu?"

Ela mesma. Com seu vestidinho preto indefectível. Cigarro. Copo. Gargalhadas.
E um jeito engraçado de chamar todo mundo de "Bem".
Mas não é só assim: bem.
É um "bem" paulista.

Como explicar?
- Aí eu cheguei lá, béééim, e disse mesmo. PoRRRque eu sou assim, digo na hora.

Companheira de sotaque:
poRta, poRteira, poRtão.
E se a gente não se cuidar, capaz de soltar até um "paRmito" sem querer.
Que mico!

E no bar do Arlindo? que ela chamava com o mais puro sotaque caipira:
- aaaRRRliiiiindôôô!!! Traz outra ceRRRRveja?
O pobre chega levava as mãos na cabeça...
- Ai, meu Deus...

Mel.
Naturar de Bebedouro, cê conhece?
É ali, sô, pertim de Jaboticabal, minha terra. Barretos, já ouviu falar? Tudo ali, na mesma região. Terra boa, de gente hospitaleira.

Aí quarta-feira ela voltou pras nossas bandas, no interioRR paulista.
E agora, Mel, com quem eu vou fazer dupla caipira?
"Josefa de Camargo e Luciana"?
:)
Êeee, saudade...
**Momento Cultural

E como meu nome ia ser Melissa também porque minha mãe adorava uma fotonovela chamada "O amor existe, Melissa" e como fotonovela me lembra toda essa literatura Sabrina, Júlia e Bianca, pausa para mais um trecho do clássico "Nos braços de um sedutor":

resumo do último episódio: Dilson planeja dar o golpe em Cleusa. Ela é casada com o milionário Nilo Godoy. O livro começa com Cleusa indo ao apartamento de Dilson. Eles se beijam e...

Ela soltou os últimos botões da blusa dele, acariciando-lhe o tórax musculoso e másculo. (...)
Dilson pensou em Nilo Godoy, o senhor de muitas terras e teve vontade de rir.

Nota da redatora: neste momento, imagine aquela risada maquiavélica de bruxa. Reparem na sutileza da autora para mostrar o caráter de Nilson. Oh, será que ele sairá ileso depois de tantas maldades?



George Clooney como Dilson Moreira

Cada momento foi deslumbrante para Dilson (...) Cleusa era a perfeição em forma de mulher.(...) Ventre achatado de menina coroando uma cintura invejável, coberto por aquela leve penugem dourada que se avolumava na direção do triângulo sedoso da feminilidade.

Triângulo sedoso da femilidade?!!
E o nome agora é esse?
Estou chocada.
*** Jogo da verdade
Mas voltemos à despedida no Boteco.
Um chope, dois chopes, três chopes e eu tenho a magnífica idéia:
- Vamos jogar Jogo da Verdade?
E a garrafinha de pimenta gira sobre a mesa.

Começa assim:
- Qual a parte do seu corpo que você mais gosta?
- Qual seu maior sonho?
- Você pinta o cabelo?

Quatro chopes, cinco chopes, seis chopes e alguns garçons estarrecidos.
Sete chopes, oito chopes, nove chopes e um discreto:
- VOCÊ O QUÊ??!!! - chama a atenção dos clientes da mesa ao lado, que em pouco tempo também parecem estarrecidos.

Dez chopes, onze chopes e nós mesmas estamos estarrecidas com algumas respostas:
- Cara, você é uma mulher moderna...
- Nossa...
- É melhor a gente ir embora, né?

E lá vão. Duas sóbrias.
Uma cambaleando. Duas cambaleando. A terceira cambaleia e cai, de bunda, na frente do Boteco.
E a noite termina num hospital, com amiga Berenilda* e sua micro saia, com a perna engessada.




E aquele silêncio característico que reina após as grandes revelações:
- ...
- ...
- Mas ela pinta o cabelo? Eu jurava que era loira natural...
***Prosopopéia
Como podemos observar no post acima, o chope pode ser uma substância muito perigosa. Motivo pelo qual dois dias depois eu saí para beber cerveja, que é muito mais saudável.
Veja agora como o própio papo torna-se muito mais elevado e maduro:

- Pois é, mas eu estava lendo uma entrevista um dia desses com um cara que compôs com o Vinícius. Famoso, eu que não lembro o nome dele agora... Que ele é compositor e estava lançando um livro de poemas. Aí ele falava sobre essa história de letra de música e poesia que, para ele, não tem muita diferença. Ele até dizia: você vai dizer que o Chico Buarque não é poeta só porque não fez sonetinho, naquele esquema e tal?
- Ah, mas é diferente sim. A gente até tem uma cadeira na faculdade, sabe, que trata disso: de colocar uma letra numa melodia. Chama prosódia.
- Como?
- A cadeira na faculdade na qual a gente estuda isso chama Prosódia.
- Prosódia... prosódia... pro...sódia. Bonito. Sabe o que isso me lembra? Pro.so.po.péia.
... O que é prosopopéia mesmo, heim?

- É uma figura de linguagem.
- Isso eu sei, mas qual?
- Onomatopéia... Metáfora... Sinéstese... Prosopopéia...
- A Prosopopéia de Homero...
- A Epopéia de Homero.
- A Paródia de Homero. A Odisséia de Homero... Ulisses... Homero... Ulisses...
- Moça - cutucando a mulher da mesa ao lado - o que é prosopopéia.
- Heim????
- Pro-so-po-péia.
-Pergunta pro garçom...
- Garçom, por favor...
- Ulisses... Homero... Ulisses...
- Pois não?
- Garçom, por favor, o que é prosopopéia?
- E tem isso no cardápio?

Hahahahahhh!!! Mentira, gente, o garçom não respondeu isso não. Na verdade eu nem sei o que o garçom respondeu porque eu estava balançando o copo e dizendo "Ulisses... Homero...Ulisses..."
E até hoje não sei o que é prosopopéia.

E se vocês souberem, por favor, não me digam!
É uma palavra tão massa que eu decidi usá-la do meu próprio jeito em todas ocasiões possíveis.
Assuntos científicos
- Não, o nome vulgar é joaninha, mas isso na verdade é uma prosopopéia.
Temas históricos
- Sim, porque quando Prosopopéia foi invadida pelos russos otomanos...
Questões médicas
- Nossa, mas aquela coxinha me deu a maior prosopopéia...

...e o meu preferido: Debates políticos!
"Isso que esse o governo do Fernando Henrique fez isso é um absurdo, é um acinte, é um desrespeito ao povo brasileiro!!! Eu fico indignada porque isso é uma verdadeira... Prosopopéia!!!!!!"
E tenho dito.
****Só no sapatinho
E lá estava minha amiga Berenilda toda lacrimosa.
Afinal, conforme reza a famosa e infalível Lei de Smurf, qual a melhor época para alguém engessar a perna?
Dias antes de uma grande festa, claro.
E no sábado a Berenilda ia ser madrinha de um casamento.

- Eu não acredito... - lamentava comigo ao telefone - como é que eu vou ficar lá com essa perna engessada? Eu estava até pensando em... Ei, espera um pouquinho, deixa eu atender a outra linha, tá? Volto já...
........
........
........
- Amarílis?
- Oi, mulé.
- Você não vai acreditar! Era o padrinho do noivo na outra linha. Você acredita que ele sofreu um acidente e também está com a perna engessada???
- Caramba!

E ontem lá estavam os dois, ao lado do altar. A madrinha de muletas. O padrinho de bengala.
E eu pensando: cara, esse roteirista fuma alguma coisa...
*****Vivarina
Certo, eu realmente pensei na habilidade do roteirista, que insiste em me mostrar diariamente o quanto o cotidiano é insólito enquanto eu já disse pra ele há muito tempo: meu caro, e você acha que eu não sei?

Mas devo ser franca. Durante a maior parte da cerimônia (95% do tempo) a única coisa em que eu conseguia pensar era: ai, eu não aguento, que *#%![# de meia-calça...

Acontece que eu ontem eu olhei pro meu guarda-roupa e disse:
- Eu vou com esse vestido.
Depois olhei pras minhas pernas e disse:
- Eu não vou passar gilete. Não vou.
(Menino, quando a minha depiladora descobre que eu passei gillete... Pense num carão! E eu tendo que me justificar: mas Neuminha, é porque eu ia prum casamento... e ela: não quero nem saber, usasse meia-calça!)

E lá fui eu atrás de meia-calça na Marisa. Do tipo que dá pra usar com sandália. Fio 10. Praliné.




Voltei pra casa feliz e satisfeita e fui me arrumar pra festa.

Tirei a meia do pacote e dei uma olhada no manual de instruções. Sim, caros leitores do sexo masculino: meia calça vem com umas três figuras dando instruções sobre como vesti-la. Vocês pensam que é como vestir uma calça jeans? Uma bermuda?
Ha-ha-ha.
É um sufoco.

Estica daqui. Estica dali.
Chega na cintura. Parecia que a meia-calça havia subido em espiral pelas minhas pernas.
Vamos tentar de novo.

Estica daqui. Estica dali. Mantendo o alinhamento...
E eu descubro que ou a meia veio com defeito ou eu tenho uma perna muito mais grossa que a outra. A perna direita não vai. Simplesmente não vai.
Tentemos de novo.

Puxa um pouquinho de cada lado, lentamente, ó a concentração. Inspira, expira...
Agora eu descubro que a minha perna esquerda é a mais grossa.

Tudo bem, Deus é pai e eu hei de conseguir colocar esta meia-calça.
Estica daqui, ajeita aqui, puxa acolá.
Shhhhhfffffffffiiii......
Pu.ta.que.pa.riu.

Meu dedo que atravessou a meia-calça. O rombo na coxa?
E o desfiado que desce lépido e fagueiro até o joelho?
Três vezes: pu.ta.que.pa.riu.

Mas o comprimento do vestido esconde a tragédia e tá, não está assim nossa, que confortável, mas eu vou assim mesmo.
Agora, pense numa tortura chinesa...
Quando não é a meia que decide escorregar e eu tendo que puxá-la até ficar com a cintura bem dizer saint-tropeito é uma costura que está no lugar errado e o desfiado que nessa altura do campeonato já chegou na panturrilha e eu tentando discretamente ajeitar o calcanhar da meia que subiu pro tornozelo.

E a cerimônia sendo realizada, aquela emoção, a música, as flores e eu só pensando em todas as injúrias possíveis com as quais se pode ofender uma meia-calça.
Até desabafar com a convidada do lado:
- Ai, essa meia calça tá incomodando muuuito...
Ao que ela me responde, num sussurro:
- E a minha? Tem meia hora que eu tento ajeitar essa meia e não consigo!

Olhei ao redor e imaginei todas as convidadas com o mesmo problema. Céus, que martírio! Sorrindo e sofrendo horrores com a meia-calça apertando a barriga.
A noiva!!! Já pensou uma noiva entrando na igreja e pensando na #8%~!* da meia-calça com a costura no lugar errado?
"Sim, eu aceito".
"Sim, eu aceito".
"Sim, eu aceito".
"Padre, por favor, minha meia-calça já está chegando nos joelhos e há meia hora que eu tento segurá-la com a força no pensamento, então dá pro senhor entregar logo essa aliança e acabar com isso antes que eu tenha um ataque histérico?"

E o padre dá as alianças e os noivos de beijam e enfim nós podemos correr pro banheiro ajeitar o penteado que insiste em cair e subir a bendita meia-calça pra correr a tempo de disputar o buquê, com a graça de Deus. Amém.

domingo, julho 21, 2002

A volta dos que não foram
Sim, confesso que andei meio ausente nestes últimos dias.
Arranjei um emprego?
Ganhei uma viagem para Cancun?
Fui seqüestrada?
Abduzida por venusianos?
Nada...
O nome disso é pre.gui.ça.

E é porque desde terça que eu tinha algo maravilhoso para postar!
É o seguinte:
lembram do meu "momento rodoviária"? Pois é. Um detalhe que eu não abordei na ocasião é a variedade comercial do local. Aqui na de Fortaleza, além da melhor coxinha da cidade você vai encontrar:
- doces de antigamente, tipo balas 7 Belo e pirulitos Zorro na banca "Aragão Aragão"
- uma torta de limão muito boa no Palheta's
- além do restaurante Roda Gira cujo nome para mim é uma grande incógnita e no qual ainda não tive a oportunidade de degustar a típica panelada cearense.
Quem me acompanha nessa ousada missão?
;P

Isso para ficar apenas no setor alimentício, pois se eu for falar da quantidade de lojinhas de souvenir com todos os badulaques possíveis e imagináveis de malas de palha a ursos de pelúcia, baralho erótico, gorros de lã e relógios Rolex isso aqui não acaba nunca mais. Então vamos logo ao que interessa.

Estou lá eu com minha mochila nas costas e meu sorvete de baunilha dando um confere no que há de mais moderno e fashion nas camisetas "Meu cunhado foi a Fortaleza e tudo o que me trouxe foi essa camiseta fuleiragem" - super tendência nas passarelas do São Paulo Fashion Week, quando paro diante de uma banca de revistas.

Só banca de revistas, não. Banca de revista de rodoviária.
Quer saber a diferença?
Pois me diga em que outra banca de revista neste mundo eu poderia encontrar esta preciosidade:

COLEÇÃO LAÇOS DE FAMÍLIA
Nos braços de um sedutor
Um romance de Rita Sofia Mohler

Já fiquei atraída pela capa: diante de um castelo, uma ruiva prestes a entregar seus rubros lábios a um homem forte, de cabelos negros escovados pra trás e terno Armani. Aí eu comecei a ler e não teve jeito. Tive que comprar.
R$ 1,90
-Moço, pooor favooor... Tá caro... Faz por R$ 1,50...
- Sê muquirana, minha filha...
- É não moço... Vá lá....Favôooo...

Por R$ 1,50 comprei-o-o. E faço questão de partilhar com meus amados leitores esta obra-prima da literatura mundial. Com vocês:

NOS BRAÇOS DE UM SEDUTOR

Capítulo 1

Cleusa trai Nilo, seu marido, com um playboy falido que quer explorá-la. Laura, a jovem filha de um velho pescador, pensa em Nilo com intensidade, enquanto ele lamenta a traição da mulher e o acidente que o pôs numa cadeira de rodas.

A expressão do rosto de Cleusa Godoy traía sua emoção interior. Dilson Moreira fechou as cortinas de sua suíte, numa casa incrustada em uma das encostas de onde se descortinava o mar. Era um homem arruinado, sabia que estava praticamente falido. Aliás, toda a cidade de Fortaleza sabia, com exceção de Cleusa.


Sim, caros leitores! A trama ocorre em Fortaleza!!!
E isso é só o começo!
Sexo, drogas, intrigas, poder...
Não perca os próximos capítulos de "Nos braços de um sedutor".

terça-feira, julho 16, 2002

Perdi a hora da minha ginástica porque fiquei assistindo Malhação na TV. Que ironia...
E para esculhambar geral essa história de ginástica e geração saúde falei: quer saber? Vou comer uma coxinha na rodoviária.
Não, não era uma forma de auto-flagelação!!
Na rodoviária é vendida uma coxinha de frango com catupiry das melhores que já comi na minha vida. Sério.
Mas hoje não tinha.
Olha, abriu uma barraquinha de sorvete Kibon estilo McDonald's!
E lá vou eu, sentar no banco de cimento com meu sorvete de baunilha. Com a mochila nas costas, parecia que eu também estava prestes a viajar.

Eu adoro rodoviárias.
Adoro ver as pessoas passando e imaginar quem chega, quem vai. E o que vai naquela bagagem além das roupas e dos sapatos: sonhos, medos, saudades.
Vontade de ir e de ficar.
...E como eu tenho vontade de ir e de ficar...

Vontade de ir com esse moço, que vai tentar a vida lá no Sudeste, que sorri confiante e acena adeus, os olhos brilhando.

Vontade de chegar, como a mulher que desembarca agora e corre a abraçar os filhos e os beija tanto e com tanta força que a menorzinha chora, assustada com tanto amor.

E vontade de ficar. Simplesmente ficar, como a moça que, lavando a louça da janta, nem vê o ônibus passar diante de sua janela, e que depois vai assistir televisão e deitar na mesma cama de sempre, onde o travesseiro já tem o cheiro de seus cabelos e que vai rezar, apagar a luz e adormecer sem nem mesmo pensar que esta também é uma forma de felicidade.

Partir. Chegar. Ficar.
Ontem eu me dei conta de que a contagem regressiva começou. Dentro de um mês, serei eu. Guardando roupas e sapatos e sonhos e medos e saudades dentro de uma mala. Acenando adeus. Feliz e triste.
Talvez por isso eu hoje tenha me demorado tanto ali, com minha casquinha de sorvete e mochila nas costas e devaneios suaves, entre os reais viajantes.

Fiquei ali mais de uma hora.
E me pego pensando: e se eu tirasse dinheiro no caixa eletrônico e fosse agora para o Rio de Janeiro? Dentro da mochila, um par de tênis e minha roupa de ginástica. Só. Para chegar lá, abrir os braços diante do Cristo Redentor e abraçar alguns amigos que acenaram adeus e foram tentar a vida no Sudeste, com os olhos brilhando.
Depois voltar. Ou seguir viagem.
Que tal Belém?
Ontem, meu irmão estava em Belém. Hoje, está em Teresina.
Hoje, minha mãe está em Teresina, amanhã estará em Campinas.
Hoje, é a despedida da Melissa no Boteco. Amanhã ela estará em São Paulo.
E eu estou aqui...

Pensando em ir, chegar e ficar.
Mas se eu fosse... Pra onde?
Descer no meio do caminho, pequenos vilarejos... O restaurante na beira da estrada, a igrejinha, a escola municipal, casinhas de portas azuis. E assim descubro, nos luminosos das empresas de ônibus, que existe um local chamado Aprazível, e ainda outro, chamado Várzea Alegre. Nomes doces.
Destinos possíveis.

E existe também Assaré, onde morava Patativa e onde, ao que tudo indica, ainda mora dona Mariquinha.
A moça sentada ao meu lado segura uma enorme caixa de papelão onde se lê, em letras graúdas:
De Lúcia
Para dona Mariquinha, em Assaré.
Engraçado... E eu que pensava que não existissem mais donas Mariquinhas neste mundo...

Vê-se logo que estou por fora. Ainda existem donas Mariquinhas e lugares onde todo mundo sabe quem é a dona Mariquinha.
Onde o ônibus passa dia sim, dia não, levando jovens risonhos para a cidade grande.
E motoristas que esperam os namorados darem um último beijo antes de partir.
E restaurantes na beira de estrada onde o café é forte e a tv não funciona.
E rodoviárias gigantes onde o povo desembarca aos milhares.
E depois da rodoviária uma rua, e do outro lado da rua uma praça, e depois da praça existem tantas coisas, grandes e pequenas, bonitas e feias, boas e ruins, que é impossível não querer estar ali.
Mas não há tudo.
De modo que também é impossível não querer partir.

E no meio deste vai-vem incessante, intríseco à natureza humana, terminei meu sorvete, coloquei minha mochila nas costas e voltei pra casa. Sabendo que mais cedo ou mais tarde eu também devo ir.
Mas que hoje à noite eu vou lavar a louça, ver televisão e dormir na mesma cama de sempre. E isso também é uma forma de felicidade.

segunda-feira, julho 15, 2002

Meninos eu vi
* No mercado:
AIPIM CREC - Deliciosas fatias crocantes de mandioca. Agora também no sabor cebola.

* Na geladeira:
Mango Chutney - molho caseiro a base de manga
Validade: 27 de junho de 2001
Acho melhor jogar fora...

* Na TV:
"Olha, Dé, o canal de putaria apareceu por acaso! Hahahahahah! Hahaha...Ha...Hãn?... Heim?... O quê... Eeeeeca!!!!!!!"

* Na capa da Capricho:
::"Estou livre"- Paulo Vilhena diz que não tem compromisso com Luana Piovani - OK.
:: O casamento de Taylor Hanson - OK
:: Belle & Sebastian - O QUÊ?

Capricho falando de Belle & Sebastian? Como assim, Bial?
Cadê os Backstreet Boys? Cadê a Britney Spears?
A Capricho não é mais a mesma...
Que bom.
:)
Belle & Sebastian é a banda mais desenho do Snoopy que existe nesse mundo.
Sabe o Schroeder, aquele loirinho do piano que a Lucy vivia aperreando? Pois é, ele cresceu e montou essa banda.



Não conhece? Pois vá à rádio UOL ou baixe em mp3 essa daqui, que eu estou ouvindo neste momento. E cante comigo:

Jonathan David

I know you like her
Well I like her too
I know she likes you
It's not as if I've been sent off to war
There are worse things in this world


There's still room on my wooden horse for two
I was Jonathan to your David
You're still king

Well, I'd thought about her
I dreamed she come
I'd make my scape
I thought she liked me somehow I was wrong
I know you don't want it this way

But it's ok
It's not like we'll be parted
It's not like we'll never know love

And she'll smile for you
She'll hold your hand
You'll be in love there's no other way
And I will make it someday

Visions of love recollected
Have we ever been true?
I know that I have, it's time for you to go
It's all in the stones that you throw
I wanto you to know

People say that
We'll never change
We'll never change
But I have

You and her in a local newspaper
You will be married and you'll be gone
Married and you'll be gone."


E por favor, alguém traga um gelol pro cotovelo desse menino!!!

domingo, julho 14, 2002

Ei, pessoal, graças aos meus super conhecimentos computacionais eu consegui fazer uma marmota no link do post abaixo.
E agora nem apagar o post eu consigo. E o Blogger realmente está horrível desde ontem...
Então aqui está o link pro quiz.
Pou!!!
Por favor, utilize sua imaginação para ouvir este pou como um tiro de largada em uma corrida.
Grata pela atenção.
Quiz
E fica essa putaria de "eu leio teu blog" pra cá
"eu leio teu blog" pra lá.
Chegou a hora da verdade.
Vamos ver quem lê mesmo isso aqui!
E amigos anônimos que nunca deixaram comentário, manifestem-se! Vocês podem ganhar um super brinde!
Tá, na verdade, não tem brinde nenhum.
Mas eu penso em um bem bom se você for postado por Ilis às

sábado, julho 13, 2002

O tema é: fetiche!

Calma, calma, amigos leitores! Este blog ainda mantem sua preocupação em ser um instrumento de divulgação da moral e dos bons costumes!!! Virtude já!
Mas eu tenho que contar: ontem teve a Calourada da Comunicação. E tem festa melhor? Tem não.

Lembro da minha calourada, cada bicho recebeu uma gravatinha com um animal desenhado. Eu era a girafa ou elefante, algo assim e tinha que imitar o animal no palco. Bom, então eu não era a girafa porque eu não tenho a menor idéia de como imitar uma girafa.
Que barulho uma girafa faz?
Enigmas, enigmas...
E a banda... Eros Ditos! Manu, Inês, Felipe, Dante... tocando músicas que eu nunca tinha ouvido antes: Mutantes?
O que é isso?
Músicas novas, cidade nova, amigos novos... Tudo era novo!
E ontem lá estava eu... de novo.

Era a Festa do Fetiche. Fui de carona com uma coelhinha da playboy e uma prostituta de meia arrastão e vestido de oncinha.
Amiga aeromoça comandava o som ao lado da colegial mais nelsonrodrigueana que já surgiu, enquanto a Vitrola 78 não começava a tocar.

O percusionista lutador de jiu-jitsu e o baixista ajustavam o som. Só não sei porque o baixista estava sem calças. Ele não sabe que baixos e guitarras já são fetiche por si só?
Amigo Sidney Magal, quanto tempo!!! E esta rosa entre os dentes? E esta peruca?
"Quero vê-la sorrir, quero vê-la cantar..."

Passa uma freira, um sheik árabe, outro de presidiário - e alguém tem fetiche nisso??!!!
E o campeão: trocador de ônibus!!!
- Não, não, não. Ninguém tem fetiche em trocador de ônibus!
- Tem sim, cara! A mulherada é tudo louca por um trocador.
- E cadê a unha do dedo mindinho? Nem tá comprida. Não vale. O fetiche é a unha comprida!

Mas esse fetiche eu assino em baixo: mecânico!
"Querido, isso é uma chave inglesa ou você está feliz em me ver?"
Cacá, você arrasou!!

Começa o show da Vitrola 78.
Ai, nostalgia... Era uma vez os Eros Ditos...
Manu cortou os cabelos. Inês foi pros Estados Unidos. Dante, Brasília.
Felipe e seu cavaquinho vistos há cerca de duas horas, conforme testemunhas, no sambão da Crocobeach.

Mas Mutantes é para sempre e Karine canta para os novos bichos da Comunicação:
"Eu vou sabotar
Vou casar com ele
Vou trepar na escada
Pra pintar seu nome no céu"
Top Top Top!!!

Passa um anjinho. Uma capetinha. Cheerleaders, gigolôs, a mulher gato, um executivo...
"Legal tua fantasia. Realmente um monte de mulher tem fetiche em homem de paletó e gravata."
"Não, não é fantasia não. É que eu tô vindo de um casamento."
"Ahhhh..."

Gueixa, padeira, jogadores de futebol...
"Meu Deus, e o que é aquilo?"
"Ele está fantasiado de cachorro."
"Cachorro??!!!"
Bem, cada um com seus problemas...
E lá passa outro puxado pela namorada por uma coleirinha.

"E você tá de quê?"
"Eu?" - pois é, eu. De tamanco, short e blusa cor de rosa.- "Tô de prima."
"Prima?"
"É. Vai dizer que você nunca teve uma fantasia com alguma prima sua?"
"Ahhhh...é...tive."
E atire a primeira pedra...

Primos primos - negócios à parte.
A boa moça
O fato é que: o pai do meu ex-namorado leu meu blog.
Leu.
Com direito a estrangeiros fotógrafos no show de Jorge Ben
strip-tease na Parada Gay
banheiros sem porta
chopes e chimpanzés
...

Então é isso: você passa anos construindo uma imagem de boa moça, calma, recatada, um anjo de candura e num piscar de olhos:
- Cara, ainda bem que meu filho escapou dessa maluca!!!!

Sério, eu preciso postar alguma coisa edificante, que realce a importância da moral e dos bons costumes neste mundo libertino e caótico em que vivemos...
;)
Seu Odílio, tô brincando, valeu pela visita!!!
E eu soube que pelo menos da poesia do Patativa o senhor gostou, não foi?
E além dele...
Enquete: alguém mais se deu ao trabalho de ler a poesia do Patativa inteira?
Tsc, tsc, tsc...
Eu não digo, Seu Odílio? Essa juventude está perdida mesmo...

quinta-feira, julho 11, 2002




Da arte de se esticar

Existem momentos na vida de uma pessoa em que você tem que decidir:
"Afinal, você é um homem ou um rato?"
Nenhum dos dois.
Um gato.

Daqueles beeem gordos e preguiçosos que passam o dia sem fazer nada de útil.
Eu e Calvin.
Calvin e eu.




Dez horas da madrugada, eu acordava, Calvin acordava. Da porta, olhava pra mim com aqueles olhos amarelos:
- Miauuu...
E se esticava todo. E eu com o cabelo no mundo:
- Bom dia procê também...

Ele tomava o leitinho dele no pires. Eu tomava o meu na caneca.
Ele comia a ração. Eu pegava um pacote de biscoitos.
Daí eu ia pra frente da TV, ele deitava ao meu lado, seu pelo malhado confundindo com a estampa do sofá.
E a gente ficava assistindo National Geographic.
Eu e Calvin.
Calvin e eu.




Depois do almoço, uma sonequinha.
Sessão da tarde.
Sony... MTV... GNT...
Eu, Calvin e o controle remoto.

Ele espreguiça, olha pra mim, ronrona.
Eu espreguiço, olho pra ele...
- Pois é... A vida...



Ele lambe sua patinha. Eu tomo um banho demorado.
Depois deito no sofá. Ele deita ao meu lado.
E a gente cochila assistindo o Jornal Nacional.
Que dupla...

Daí o povo vem aqui em casa e tem a audácia de dizer:
- Meu Deus, como o Calvin tá gordo. Também, esse gato só faz comer e dormir!
Ao que eu, ofendida por nós dois, é claro, respondo:
- É o quê?? Ele é FO-FO. Isso é fofura!!!
Tá entendendo?? FO-FU-RA!!




Mas aí eu me toquei. Cara, eu vou virar um pudim.
Sério, qualquer dia a Débora vai entrar por aquela porta e vai ver só aquele pudim gigante com calda de caramelo em cima do sofá, segurando o controle remoto. E vão chamar os bombeiros pra me desgrudar do sofá e vai vir a televisão e vai ser muuuuito humilhante.
Eu tenho que tomar uma atitude!

Tomei-a-a.
Voltei pro alongamento.
É uma história muito legal: mistura de ioga com balé com relaxamento etc etc etc que eu adoro.
Toca uma música suave, a gente faz uns exercícios com umas bolas aromáticas, tem também umas bolas gigantes, os movimentos são harmoniosos... Foco no equilíbrio e na respiração...
Para quem vê de fora: ha ha ha, que moleza!

Mas vá fazer.
Ano passado eu fiz por três meses e foi quando eu descobri que também tinha tríceps.
Sério, eu achava que, por algum defeito de fabricação, eu tinha vindo sem esse músculo, também conhecido como músculo do tchau.
Sabe quando você vai acenar pra alguém e seu braço balança vergonhosamente parecendo que você tem pelanca aos vinte anos de idade?
Pois é.
Isso significa que você tem que enrigecer o músculo do tchau.
E quando eu vi: oi bíceps! oi tríceps!
Oi Arnold Schwaznegger!

Hahahahhh!!! E lembrem-me de contar no próximo post da vez em que eu levantei uma kombi com um braço só. Super tríceps!!

Sim, como eu ia dizendo, voltei pro alongamento.
E já me sinto uma nova mulher!!!
Muito mais dolorida...

Mas depois de semanas devotadas ao mais puro sedentarismo, era de se esperar. As minhas costas já moldadas no formato da rede e a professora fala: "fica em pé". Eu: Ui...
"Estica os braços pros lados". Eu: Ui...
E na primeira abdominal: Uuuuuuiiiiiii...

Volto pra casa. Deito no sofá: uuii...
Pego o controle remoto: uuuiii...
Mas super orgulhosa.
Olho pro Calvin, preguiçosamente esparramado sobre o sofá. Ele olha pra mim, com seus olhos amarelos.



- Calvin, você realmente está gordo. Você devia fazer alongamento. Sair desse sedentarismo, cara...

E só pra me contrariar, ele se estica todo e pula na mesa, pula na estante, pula em cima do vídeo cassete, se pendura na rede e sai correndo feito louco pela casa.
Depois desse breve momento "meu Deus, o gato foi possuído!" ele volta, deita-se calmamente ao meu lado, com um indisfarçável ar de "eu sou o máximo", lambe as patinhas e dorme numa posição de fazer inveja a qualquer "ioguista" de respeito.

Gatos.

quarta-feira, julho 10, 2002

Atendendo a pedidos...



segunda-feira, julho 08, 2002

O Sabiá e o O Gavião

Eu nunca falei à toa.
Sou um cabôco rocêro,
Que sempre das coisa boa
Eu tive um certo tempero.
Não falo mal de ninguém,
Mas vejo que o mundo tem
Gente que não sabe amá,
Não sabe fazê carinho,
Não qué bem a passarinho,
Não gosta dos animá.

Já eu sou bem deferente.
A coisa mió que eu acho
É num dia munto quente
Eu i me sentá debaxo
De um copado juazêro,
Prá escutá prazentêro
Os passarinho cantá,
Pois aquela poesia
Tem a mesma melodia
Dos anjo celestiá.

Não há frauta nem piston
Das banda rica e granfina
Pra sê sonoroso e bom
Como o galo de campina,
Quando começa a cantá
Com sua voz naturá,
Onde a inocença se incerra,
Cantando na mesma hora
Que aparece a linda orora
Bejando o rosto da terra.

O sofreu e a patativa
Com o canaro e o campina
Tem canto que me cativa,
Tem musga que me domina,
E inda mais o sabiá,
Que tem premêro lugá,
É o chefe dos serestêro,
Passo nenhum lhe condena,
Ele é dos musgo da pena
O maiô do mundo intêro.

Eu escuto aquilo tudo,
Com grande amô, com carinho,
Mas, às vez, fico sisudo,
Pruquê cronta os passarinho
Tern o gavião maldito,
Que, além de munto esquisito,
Como iguá eu nunca vi,
Esse monstro miserave
É o assarsino das ave
Que canta pra gente uví.

Muntas vez, jogando o bote,
Mais pió de que a serpente,
Leva dos ninho os fiote
Tão lindo e tão inocente.
Eu comparo o gavião
Com esses farão cristão
Do instinto crué e feio,
Que sem ligá gente pobre
Quê fazê papé de nobre
Chupando o suó alêio.

As Escritura não diz,
Mas diz o coração meu:
Deus, o maió dos juiz,
No dia que resorveu
A fazê o sabiá
Do mió materiá
Que havia inriba do chão,
O Diabo, munto inxerido,
Lá num cantinho, escondido,
Também fez o gavião.

De todos que se conhece
Aquele é o passo mais ruim
É tanto que, se eu pudesse,
Já tinha lhe dado fim.
Aquele bicho devia
Vivê preso, noite e dia,
No mais escuro xadrez.
Já que tô de mão na massa,
Vou contá a grande arruaça
Que um gavião já me fez.

Quando eu era pequenino,
Saí um dia a vagá
Pelos mato sem destino,
Cheio de vida a iscutá
A mais subrime beleza
Das musga da natureza
E bem no pé de um serrote
Achei num pé de juá
Um ninho de sabiá
Com dois mimoso fiote.

Eu senti grande alegria,
Vendo os fíote bonito.
Pra mim eles parecia
Dois anjinho do Infinito.
Eu falo sero, não minto.
Achando que aqueles pinto
Era santo, era divino,
Fiz do juazêro igreja
E bejei, como quem bêja
Dois Santo Antõi pequenino.

Eu fiquei tão prazentêro
Que me esqueci de armoçá,
Passei quage o dia intêro
Naquele pé de juá.
Pois quem ama os passarinho,
No dia que incronta um ninho,
Somente nele magina.
Tão grande a demora foi,
Que mamãe (Deus lhe perdoi)
Foi comigo à disciprina.

Meia légua, mais ou meno,
Se medisse, eu sei que dava,
Dali, daquele terreno
Pra paioça onde eu morava.
Porém, eu não tinha medo,
Ia lá sempre em segredo,
Sempre. iscondido, sozinho,
Temendo que argúm minino,
Desses perverso e malino
Mexesse nos passarinho.

Eu mesmo não sei dizê
O quanto eu tava contente
Não me cansava de vê
Aqueles dois inocente.
Quanto mais dia passava,
Mais bonito eles ficava,
Mais maió e mais sabido,
Pois não tava mais pelado,
Os seus corpinho rosado
Já tava tudo vestido.

Mas, tudo na vida passa.
Amanheceu certo dia
O mundo todo sem graça,
Sem graça e sem poesia.
Quarqué pessoa que visse
E um momento refritisse
Nessa sombra de tristeza,
Dava pra ficá pensando
Que arguém tava malinando
Nas coisa da Natureza.

Na copa dos arvoredo,
Passarinho não cantava.
Naquele dia, bem cedo,
Somente a coã mandava
Sua cantiga medonha.
A menhã tava tristonha
Como casa de viúva,
Sem prazê, sem alegria
E de quando em vez, caía
Um sereninho de chuva.

Eu oiava pensativo
Para o lado do Nascente
E não sei por quá motivo
O só nasceu diferente,
Parece que arrependido,
Detrás das nuve, escondido.
E como o cabra zanôio,
Botava bem treiçoêro,
Por detrás dos nevoêro,
Só um pedaço do ôio.

Uns nevoêro cinzento
Ia no espaço correndo.
Tudo naquele momento
Eu oiava e tava vendo,
Sem alegria e sem jeito,
Mas, porém, eu sastifeito,
Sem com nada me importá,
Saí correndo, aos pinote,
E fui repará os fiote
No ninho do sabiá.

Cheguei com munto carinho,
Mas, meu Deus! que grande agôro!
Os dois véio passarinho
Cantava num som de choro.
Uvindo aquele grogeio,
Logo no meu corpo veio
Certo chamego de frio
E subindo bem ligêro
Pr’as gaia do juazêro,
Achei o ninho vazio.

Quage que eu dava um desmaio,
Naquele pé de juá
E lá da ponta de um gaio,
Os dois véio sabiá
Mostrava no triste canto
Uma mistura de pranto,
Num tom penoso e funéro,
Parecendo mãe e pai,
Na hora que o fio vai
Se interrá no cimitéro.

Assistindo àquela cena,
Eu juro pelo Evangéio
Como solucei com pena
Dos dois passarinho véio
E ajudando aquelas ave,
Nesse ato desagradave,
Chorei fora do comum:
Tão grande desgosto tive,
Que o meu coração sensive
Omentou seus baticum.

Os dois passarinho amado
Tivero sorte infeliz,
Pois o gavião marvado
Chegou lá, fez o que quis.
Os dois fiote tragou,
O ninho desmantelou
E lá pras banda do céu,
Depois de devorá tudo,
Sortava o seu grito agudo
Aquele assassino incréu.

E eu com o maiô respeito
E com a suspiração perra,
As mão posta sobre o peito
E os dois juêio na terra,
Com uma dó que consome,
Pedi logo em santo nome
Do nosso Deus Verdadêro,
Que tudo ajuda e castiga:
Espingarda te preciga,
Gavião arruacêro!

Sei que o povo da cidade
Uma idéia inda não fez
Do amô e da caridade
De um coração camponês.
Eu sinto um desgosto imenso
Todo momento que penso
No que fez o gavião.
E em tudo o que mais me espanta
É que era Semana Santa!
Sexta-fêra da Paixão!

Com triste rescordação
Fico pra morrê de pena,
Pensando na ingratidão
Naquela menhã serena
Daquele dia azalado,
Quando eu saí animado
E andei bem meia légua
Pra bejá meus passarinho
E incrontei vazio o ninho!
Gavião fí duma égua!





"Amanheceu certo dia
O mundo todo sem graça,
Sem graça e sem poesia."

Adeus, passarinho Patativa.




...nem me diga. Poucas vezes chorei tanto quanto a vez em que vi esse filme...




Good morning, Charlie...

domingo, julho 07, 2002

A banda do Zé Pretinho chegou...
Aniversário da Mon, fomos comemorar lá no show do Jorge Ben. Apesar de eu não ser a fã número 1 do cara, pense que ele sabe animar o público.
Estava lotado e, como disse Ricardo, nunca eu vi tanta concentração de gente bonita por metro quadrado!!!
O único problema era dançar com uma sandália plataforma e os pés afundados até a canela na areia.
E depois ficar descalça e ter que buscar o tempo todo a tua sandália que alguém chutou lá pra frente.
Mas foi ótimo e no fim, quem vejo dançando no palco ao lado de Jorge Ben?? Amiga Márcia!!!
Mas o prêmio de melhor dançarino da noite vai para o Lucas.
Sabe aquele grito de guerra do Ricardo Chaves:
"Tira os pés do chão, Fortaleza!!!!"
Acabou de ser alterado para:
Tira as mãos do bolso, Lucas!!!
E pela milhonésima octogésima quinta vez, cante comigo:
"...Para animar a festa
Salve simpatia!!!"
Te Te Teterete
Te te Teterete...

Foi uma linda estória de amor...
Que até hoje eu já ouvi contar...
Do amor do príncipe ______
pela princesa ____________
Certo, agora você tenta escrever o nome do príncipe e da princesa...

Well, mas vamos à linda estória de amor...
Tinha no show esse menino lindo. O mais lindo de todos. Sim, Suquinho, aquele mesmo que você me mostrou.
E quando eu vi que ele estava indo embora com o amigo dele, suspirei pras meninas:
- Ah, que pena que ele está indo embora, se fosse ficar, eu ia lá e falava pra ele "ei, você podia me dar um beijo?".
- Ia nada.
- Ia sim.
- Duvide-o-dó.
- Pois eu ia.- respondi, cheia de atitude. Claro, tem coisa melhor que parecer a corajosa quando não existe mais perigo?
- Pois eu aposto cinco reais como você não ia.
- Pois ia perder, porque eu ia, tá? Pena que ele já foi embora.

Só que...
Ele não havia ido embora!

Tremi: lá está ele sentadinho num canto!! Sem o amigo.
E agora, Miss Coragem, cadê a audácia? Cadê a ousadia?
- Ah, eu sabia que você não ia... Ganhei cinco reais.
Ah, me desafiou!!! E por uma questão de honra, virei minha garrafinha d'água, mirei no garoto e disse:
-Eu vou.
E fui.
Mas eu queria morrer de vergonha... Meu Deus, e agora o que eu digo? O que eu faço? O menino está olhando.. Eu vou voltar... Eu vou voltar... Eu vou voltar... Respira fundo, um dois três:

- Oi, tudo bem?
- Hum-hum.
- Posso sentar aqui?
- Hum-hum.
- Bem, isso vai parecer um pouco estranho mas... você podia me dar um beijo?
- Heim?

Minhas bochechas ardiam feito pimenta. Ai, o que é que eu estou fazendo aqui?!
- É, um beijo...
O menino começou a fazer sinais e a dizer "como? como?" e "no comprendo".
Cara, o menino era estrangeiro e não falava português!!!! Que mico!!!!
E o pior: começou a chamar o amigo dele para traduzir o que eu estava falando. Eu queria morrer de vergonha!!!

E quando eu já estava pra sair dali correndo pra me jogar na frente do primeiro caminhão que passasse, chega o amigo dele:
- Xakjnlk kdiieo memeilak Shanjahan?
- Mdkdmi a';kf dodopps dlsk!! - disse o menino lindo, apontando pra mim.
- Sksl jml;j vleir manim fkjiuq Mumtaz mahal? - perguntou o amigo pra mim.
- Heim? Desculpe, não estou entendendo.
- Do you speak English?
- Yes, I do.

E começamos a conversar em inglês. E como eu agradeci aos meus professores da Cultura Britânica!!
O menino lindo, chamado Lluc é tudo.
Começa que é fotógrafo: profissão-tesão.
E viaja pelo mundo trabalhando para ONGs etc e tal. Contou que ano passado foi fotografar no Vietnã, as histórias mais legais.
Acho que conversamos mais de meia hora.
Aí a Mari me chamou. Hora de ir embora. E ele falou:
- Mas aqui no Brasil, quando você conhece alguém, não dá dois beijos?
- É.
- Então eu posso te dar dois beijos?
- Pode.
E ele deu dois beijinhos no meu rosto. Certo, agora eu tinha duas alternativas:
a) Foi muito legal. Falou. Tchau.
b) Explicar o motivo que havia me levado ali.

E já que quem está na chuva é pra se molhar, o que eu fiz?
B).
E o que eu ouvi, depois dele ficar meio minuto estático:
"Cara, você é realmente muito linda e eu adorei ter te conhecido, mas esse jeito de vocês, brasileiras, me deixa assustado."
Ele ainda perguntou se eu não queria ir pra um festival de reggae no dia seguinte, pra gente conversar mais, se conhecer melhor etc etc. Mas enfim...

Resultado da noite:
- Levei um fora.
- Contribuí para piorar a fama das brasileiras no exterior.
- E fiquei super orgulhosa!!

Acreditem ou não, eu sou muito tímida. Especialmente quando o assunto é sexo oposto. Eu sou matuta, matuta. Do tipo que fica olhando pra baixo e enrolando o cabelo no dedo até achar que devia me soltar mais daí falo alguma coisa completamente sem sentido, dou uma gargalhada maluca e passo o resto da noite pensando: por que eu não fiquei calada? por que eu não fiquei calada?

E garotas tímidas do Brasil, sexta eu descobri que dar em cima de um cara não mata. Claro, ninguém precisa ser direta como eu fui. Isso é porque eu não tenho juízo.
Mas ir falar com o cara não mata.
O pior que pode acontecer é ouvir um não.

Bem, na verdade o pior que pode acontecer é ele estar com namorada e ela voar no seu pescoço com as unhas afiadas e dar um murro nos seus peitos e te deixar careca e sem alguns dentes. Por isso, todo cuidado é pouco.

Mas, na maioria das vezes, o pior que pode ocorrer é você levar um fora.
E tchan-tchan-tchan-tchan: levar um fora não mata!!!!

Por ter descoberto isso, por ter ido atrás e por ter tido coragem de inverter as regras do jogo:
Eu estou super orgulhosa!!!
E também por ter ganho cinco reau!!!! Quem mandou duvidar da minha capacidade de pagar mico, heim?

E agora cante comigo:
"Foi uma linda estória de amor...
Que até hoje eu já ouvi contar...
Do amor do príncipe Shanjahan
pela princesa Mumtaz Mahal..."
Bebete vãobora pois já está na hora...
Fim da noite, que foi muuuuito legal, muuuito divertida. Lucas levou a gente pra casa da Mônica e as três mosqueteiras ainda passaram horas fofocando, comendo brigadeirinho, torta de frango e bolo de aniversário.
Ah, mas tudo isso, claro, depois de invadir o apartamento da Mon correndo para ir ao banheiro pois, conforme rege a nova tendência das boates e casas de show, o banheiro da Opção Futuro não tinha porta!!!!
Cara, não tem condições!

- Ah, lindo esse apartamento. Acho que vou ficar com ele, mas eu só estranhei uma coisa... O banheiro não tem porta?
- Porta? Queriiiida, porta é out. A tendêeeencia agora é banheiro sem porta.
- Ai, mas eu vou fazer xixi assim, de frente pra sala?
- Queriiida, deixa eu te explicar bem devagarzinho. Você tem que captar o conceito. Porta. O que é uma porta? Uma porta fechada é horrível. Passa aquela idéia de angústia, uma barreira, um obstáculo. E você tem que deixar a energia fluir na casa. Sem portas, para liberar as energias.
- Mas eu não vou conseguir liberar as energias sem uma porta aqui... Será que eu posso colocar uma cortininha?
- Cortininha? Cortininha? Mate-me, por favor!!!!!!!


Por isso, antes que seja tarde demais, eu grito com a Marina:




Chita olha o passarinho
Acontece que eu sou chegada numa foto.
E também sou chegada num chope.
E no aniversário da Débora, no Boteco, tinha chope e tinha máquina fotográfica. E tinha eu, depois de três chopes, querendo tirar fotos temáticas baseada em meu talento dramático. O resultado a Débora me mostrou ontem:
- Eu imitando uma prostituta.
- Eu imitando a Heleninha Roitman.
- Eu imitando um chimpanzé.

Um chimpanzé...
Em pleno Boteco.
Cara, que desgosto... E agora, sujeita a todo tipo de chantagem "se você não fizer isso eu boto essa foto na Internet".
Então, ilustres pessoas que bebem socialmente, eu queria fazer a seguinte advertência.
Se for beber, não tire fotos.
Se for tirar fotos, não beba.
E evite imitar chimpanzés por aí. Obrigada.

sexta-feira, julho 05, 2002

"Nascida em 4 de julho"
Acabei de chegar do aniversário da Débi, no Boteco. Foi muito legal, pessoas ótimas, o melhor chope, coxinha de caranguejo...
E já é o dia do aniversário da Mônica!
"Nascida em 5 de julho"

Pra vocês duas, toda a felicidade do mundo!
Adoro vocês.

quinta-feira, julho 04, 2002

Céu
Abri os olhos. O azul agrediu a retina.
Luz.
O dia - azul, azul, azul - invadia o quarto com todas as suas forças.
- Acorda, preguiçosa! - ele parecia gritar.
Mas era o telefone que gritava.

Atendi com a voz ainda de sono. Do outro lado, alguém me disse:
- Amarílis, a mãe de * acaba de falecer.
Olhei para o céu tão claro, sem nuvens, o sol faiscando. E a única coisa em que conseguia pensar era:
"Como isso é possível? Em um dia tão bonito?"

Tomei banho e fui com D. para o Parque da Paz.
O fato é que em vinte e três anos de vida, nunca havia ido a um enterro.
Nunca havia visto uma pessoa morta.
Hoje...

Hoje eu me vi refletida num espelho. Perplexa.
- É verdade... Acaba.

Lembro de uma amiga que, quando pequena, assistindo a um filme de faroeste no colo do pai, perguntou:
- Pai, a gente também morre?
E ele respondeu:
- Não, minha querida, não. Isso só acontece nos filmes.
E o filme acabou e ela adormeceu em seu colo, tranqüila e eterna.

Mas um dia as primas mais velhas vieram e destruíram suas certezas juvenis:
- Não, não foi uma cegonha que trouxe você.
- Papai Noel não existe.
- Todo mundo morre.

! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! !
- Todo mundo?
Mãe? Pai? Irmãos? Eu?
- Todo mundo.

- E depois?

Ouço o padre falar. Sinto o perfume das flores. Vejo o céu, que ainda dói de tão azul.
Penso que, às vezes, queria acreditar.
Saber com certeza o que vem depois.

Olho à distância para * , sem saber se devo abraçá-la mais uma vez antes de partir.
Mas a gente nunca sabe o que dizer nessas horas, como agir, e além disso, ela está abraçada ao pai e às irmãs.
Três meninas. Três mulheres crescidas, fortes e bonitas. A senhora fez um bom trabalho...

O céu continua limpo. O sol, faiscante.
Uma brisa leve balança as flores espalhadas sobre o gramado imenso.
O verde a perder de vista...

Entre um passo e outro, detenho-me, a fim de oferecer a todos mais um olhar de despedida.
Uma das filhas, de bata branca e cabelos lisos, enxuga as lágrimas com uma mão.
Com a outra, acaricia a barriga.
Uma barriga enorme, redondinha, linda.
Uma nova vida.

E eu acho que é isso o que vem depois.

quarta-feira, julho 03, 2002

Momento eu adoro animações de massinha
Estou assistindo nesse exato momento o novo clip do Frejat.
Geralmente não gosto das músicas dele, mas dessa eu acho que vou gostar só por causa do clip.
"Procuro um amor que seja bom pra mim..."
Tudo de massinha de modelar, a coisa mais linda...
Dos clipes nacionais, é um dos melhores que já vi.
:)
E como não encontrei nenhuma imagem do clip, aqui vai a fofa da Ginger:


terça-feira, julho 02, 2002

Fwd: O Golpe do Telefone




Por favor, repassem esta mensagem com urgência!
Isto não é um trote.
Isto aconteceu de verdade com uma amiga minha em uma boate famosa de Fortaleza!!!

Cléo (o nome é fictício pois ela ainda está muito traumatizada) é uma jovem de 25 anos, bonita, simpática que, como outras garotas de sua idade, queria acreditar no amor.

Sábado passado ela foi a uma boate bastante conhecida nesta cidade, na companhia de algumas amigas.
Lá pelas altas horas, ela foi abordada por um rapaz. Bonitinho, educado, acabou ganhando a simpatia da moça. E com um pouco mais de charme, ganhou uns beijos também. E quando ele pediu:
- Ah, me dá o seu telefone, gatinha, por favor...
Cléo não pôde negar. Ela anotou o telefone e entregou o papel, com um sorriso.
- Eu vou te ligar amanhã. - ele disse.

Atenção, isto é sério!! Existe uma gangue conhecida como UHSC (União dos Homens Sinal-Confuso) especializada neste tipo de golpe. Eles pegam seu telefone, dizem que vão ligar e NÃO LIGAM!!!
Existe a suspeita de que este grupo possua ramificações em todo o planeta e é impossível mensurar o número de moças que já sofreram com este golpe. Os danos são terríveis!!

Há o caso de uma garota em Rhode Island, menor estado dos Estados Unidos, que perdeu a audição por ouvir 273 vezes o hit "I just call to say I love you", de Steve Wonder, no último volume.
Em Tegucigalpa, Honduras, uma adolescente foi internada às pressas após devorar quatro caixas de chocolate com recheio de banana. Ambas confessaram ter perdido o controle após o golpe do "eu vou te ligar".

O caso mais trágico, porém, ocorreu em Khartum, capital da República do Sudão, onde uma amiga da Daniela Sarayba ficou catatônica após ficar sentada ao lado do telefone durante três meses e 19 dias esperando uma ligação de seu ficante.
(Moshi Moshi também é conhecimentos gerais - módulo de hoje, Geografia)





Mas como a esperança é a última que morre, Cléo acreditava que Juninho iria telefonar.
E passou domingo, segunda, terça, quarta... E nada do tal Juninho ligar. Ela se perguntava: "Por que? Eu só quero saber por que eles pedem o telefone e prometem que vão ligar se eles sabem que não vão ligar?"
Não existe resposta, cara Cléo.
E tudo levava a crer que nossa amiga havia sido mais uma vítima do golpe "eu vou te ligar".
Mas a verdade era ainda mais humilhante.

Uma bela tarde:
- Cléo, é pra você.
Ela corre para o telefone. Quem será? Quem será? Quem será?
QUEM???!!!





Ora, quem!!! Um cara de telemarketing, daqueles que passam meia hora buzinando no seu ouvido o quanto você é sortuda por ter sido indicada por um amigo para receber um super desconto numa enciclopédia-Barsa-curso-de-inglês-assinatura-da-revista-Caras-cartão-Mastercard-sem-anuidade numa oportunidade que você não pode perder... Após uns quinze minutos de encheção de saco Cléo conseguiu enfim perguntar:
- Peraí, peraí moço. O senhor disse que um amigo me indicou? Quem deu meu telefone pra vocês?
- Ah, foi o seu amigo Juninho!
- Oooo... Oooooo... Oooo...

Pode?
Como se não bastasse eles não ligarem no dia seguinte, agora eles ainda repassam teu telefone para um serviço de telemarketing!!!
Isso é muita baixaria!!!
Por favor, avisem todas as amigas com as quais você se importa antes que elas sejam vítimas deste mais novo golpe da UHSC. Isto é muito importante!!!

E atenção:
Repasse esta mensagem para cinco amigas e ele te ligará dentro de uma semana.
Repasse esta mensagem para dez amigas e ele te ligará amanhã.
Indique este blog para mais de quinze amigas e ele te liga ainda hoje.
Aí você atende com aquele ar blasé: "quem? ah, é você? que surpresa..."



Parada Gay
Eu fui. Porque como já disse o Ricardo, eu sou uma mulher muito viadinha.
Cenas:
* Bandanas de Arco-íris - nem ganhei...
* Purpurina verde - até hoje tem pontinhos brilhantes no meu rosto
* Cuecão de couro! Eu vi um cara com cueca de couro! E salto alto! E blusa de tela! E só!
* E a nova diva do mundo gay só pode ser Britney Spears. Quando tocou "I'm a slave 4 U" foi tudo!
* Marinheiros
* Strip-tease de um tal Juan. Nem era essas coisas todas, não, e ainda tinha um buchinho nada louvável em um stripper, mas como de graça até injeção na testa...
"TIRA!!!"
"TIRA!!"
"TIRA!!"
"GOSTOSO!!!"
* E se tocar "A Namorada" do Carlinhos Brown mais uma vez, eu caio dura. Música chata e o povo ainda toca quatro vezes!
* E viva Cássia Eller!! As cantoras do trio não fizeram feio. Parabéns!
* Drags! Adoro drags! Um show à parte!
* Muitos beijos...
* ... e crianças, velhinhos, gente com a camisa do Brasil, turistas, curiosos... A Parada não teve nada de gueto. E como bradou meu filósofo preferido Adriano Henrique:
"Vive la Liberté, Igualité e Sexualité"!
PARE!
Eu não entendo mais nada!!!
Vamos recapitular: eu e minhas amigas saímos todo fim de semana para barzinhos, shows, festas etc.
O suficiente para constatar que, nesta cidade, boa parte dos homens interessantes já casou, tem namorada ou - o mais comum - é gay.
Aí eu e a Cacau resolvemos ir para a Parada Gay e o que ocorre?
Recebemos cantadas hetero!!!!
Por favor, alguém podia me emprestar um manual de instruções?

segunda-feira, julho 01, 2002

"This one goes out to the one I love..."
R.E.M.






E no momento áureo de sua vida, no ápice de sua carreira, quando ele era o herói, o campeão, ídolo de milhares, aclamado pela multidão... Naquele exato momento ele disse:
- Regina, eu te amo!

Ora, ele sabia que o mundo inteiro estava com os olhos sobre ele. Centro das atenções, podia ter dito o que quisesse.
Ele poderia dizer:
- Obrigado Brasil!
- Obrigado meu Deus!
- Valeu moçada!

Lembrando-se, talvez, da professorinha primária que llhe disse que o futebol não o levaria a lugar nenhum, ele poderia ter dito:
- Tome, dona Ivonete!!

Ou mesmo aproveitado a ocasião para passar uma mensagem construtiva:
- Salvem a Floresta Amazônica!!!
- Diga não às drogas!!!
- Viva o naturalismo!!

Sim, ele poderia ter dito toda e qualquer coisa que o mundo inteiro ouviria atento.
"Puta que pariu, ganhamos!!!", "Eu uso cuecas Mash!", "Os extraterrestres estão chegando!"
Todas são alternativas possíveis.
Além do silêncio.

Mas ele preferiu usar os holofotes para dizer a Regina que a ama.

Regina. Significado: rainha.
Mas quem é essa tal Regina mesmo?
Esposa, dizem. Eu mesma nunca vi mais gorda.
Depois ela apareceu no Globo Esporte e alguém ao meu lado comentou: "valha, ela nem é tão bonita assim".
"Parece velha", complementei.

Ora, é natural. Para ser alvo de tal amor, declarado mundialmente, não deveria ser ela a mais bonita? A mais inteligente? A mais elegante dentre todas as mulheres?

Não...
Claro que não.
Assistindo à declaração do ídolo Cafu, quantas mulheres mais lindas que sua Regina... ou mais articuladas, mais engraçadas, mais simpáticas, mais prendadas.
Cada qual com uma característica especial.
Esta sabe cantar "Noite Feliz" em nove idiomas. Aquela outra faz o melhor fettucine de que já se ouviu falar. Aquela ali desfila em Milão e é estrela da Victoria's Secrets.
A Regina, não.

A Regina é bonita, mas pode passar despercebida na rua. A Regina acorda com o cabelo emaranhado. Tem seus dias de mau humor. Seus complexos. Suas inseguranças. Já teve amores platônicos (e quem não os teve?). Já cometeu gafes.

Mas de que importa?
Naquele momento - talvez o mais importante de sua vida - era nela que ele pensava.

O amor é assim... social democrata.
Ninguém precisa ser o mais bonito, o mais esperto ou o mais rico para se tornar único e insubstituível na vida de alguém.
Ainda bem!

Confesso, estou um bocado romântica hoje.
Mas não é mesmo tocante ver um homem que poderia gritar todo másculo, batendo no peito:
"I am the king of the world!!!!!!!"
...beijar o troféu e falar de amor?

Cafu, você ganhou uma fã.
E viva o Penta!!!