domingo, junho 30, 2002

Momento "Minhas férias"




Ontem eu fui à Órbita com a Cacau. Eu gosto da Órbita. A Cacau é minha amiga-irmã.
Eu pensava que ia conhecer amiga Barbra, mas conheci o PA.
O PA é legal.
O repertório da banda era muito bacana. O PA até sambou.
Eu e ele jogamos sinuca. A gente perdeu várias vezes de uma dupla de garotos. Mas a gente ganhou duas partidas.
Fui dormir na chácara da Cacau. A chácara da Cacau fica no Eusébio e tem piscina. Eu gosto de ir lá. Um monte de gente foi ver o jogo na chácara. Foi legal.
Mas pense numa ressaca fuderosa...
Fim.

sábado, junho 29, 2002

XUXA E MARLENE MATOS SEPARADAS!
Até elas... Eu não acredito mais no amor...
Por que a Alemanha não vai ganhar a Copa?
A explicação passa por Kraftwerk, Bauhaus etc.
O texo é muuuito legal. Aqui.
Marina, uma amiga solidária:


*
Hoje eu comprei um pingente em forma de cruz, com pedras azul-turquesa.
Lindo, mas um pouco grande para os meus padrões.
Bom pra bater na cabeça dos hereges.

**
Hoje eu quis cachear o meu cabelo.
Achei que ia combinar com a minha cruz azul - não me perguntem de onde eu tiro estas idéias, eu não sei.
Depois do banho, passei gel e fiquei enrolando os fios embaixo do secador. Só com os dedos, o pente passou longe.
Na hora de sair, parecia o ninho do Woodstock, nos desenhos do Snoopy.
"Num ninho de mafagafos vinte e três mafagafinhos quem os desmagafinhar bom desmagafinhador será".

***
Com minha cabeleira emaranhada devidamente domada com a ajuda de um elástico e a cruz azul no pescoço, saí.
Fui no Esquina da Silva me despedir do Mário, que amanhã embarca com sua mochila para a Zoropa.
Passar um mês, passeando.
Ê vida ruim, né?

****
De lá alguns amigos foram para uma rave.
Espero que tenha sido massa, mas eu estava pagando para ficar quietinha em casa. Pensando na vida. Ouvindo música. Lendo...
E tem morangos na geladeira.
Glamour! Glamour!
Take 3
Encerramento do Cine Ceará.
E lançamento da campanha:
"Eu odeio Perry Sales".

quinta-feira, junho 27, 2002

Take 2
E ontem eu fui pro Cine Ceará com a Marina.
Mas dessa vez, fomos mesmo, dispostas a ver os filmes etc etc.
E entre uma sessão e outra, fomos lanchar com o pessoal no Hofbräuhaus. Aí começou meu próprio curta-metragem, intitulado...

"Fargo", ou melhor: "Garfo"
um drama verídico

Cenário: praça do Ferreira, em frente ao Cine São Luís. Cerca de dez pessoas conversam animadamente ao redor de uma mesa: cinema, futebol, música...
O garçon vai anotando os pedidos.
- Eu quero salsichão com batata.
- Eu também.
- Eu também.

Plano fechado no prato com salsichão e salada de batata. Uma delícia.
Todos servidos. Erguem-se os talheres. Luz, câmera, ação!

CREC!!
Meu garfo quebra no meio.
Não sei porque alguns locais insistem em humilhar seus clientes com talheres de plástico. Por que não colocam talheres normais, de metal? Sim, pode ser porque o povo rouba... Meu pai uma vez foi almoçar na casa de um amigo e o faqueiro todo tinha o símbolo da Varig.
Mas não interessa: eu não roubo talher nos cantos e sou obrigada a comer com isso?

Talheres de plástico são a maior mentira!
Não cortam nada e sempre quebram!
Sempre?
Bem, as pessoas ao meu redor não parecem ter nenhum problema com seus garfos e facas de plástico.
Cortam seus salsichões com facilidade, felizes e satisfeitos.
Discretamente, chamo o garçom:
- Moço, o senhor podia me trazer outro garfo?

CREC!!!
O segundo garfo também quebra, dois dentes voam longe. Sorrio para os comensais, um pouco envergonhada.
- Moço, o senhor podia me trazer outro garfo?
Ele traz, mas desta vez, os dentes do talher abrem que nem pernas de bailarina. E o salsichão lá, inteiro.
Levanto o dedo novamente:
- Moço, o senhor podia me trazer outro garfo?
Com este parece que vai. Corto o primeiro pedaço, o segundo, no terceiro...

CREC!!
Não acredito. Um amigo faz gracinha: você está forte, heim?
Outro amigo sugere:
- Por que você não come com a mão?
Sinto que a situação começa a ficar vexatória:
- Moço, o senhor podia me trazer outro garfo?
- Será que você está cortando do jeito certo? pergunta uma amiga.
Então ela, que fez um curso do Instituto Universal Brasileiro sobre como comer com talheres de plástico, me ensina a manha: você espeta aqui, na parte mais macia...

CREC!!
Ai meu Deus... Ergo o dedo de novo:
- Moço, o senhor podia...
Ele olha pra mim sem acreditar:
- Quantos garfos você já quebrou?
Olho para aquele monte de pedaços de plástico ao lado do meu prato.
- Até agora, cinco, eu acho... O senhor podia então, por favor, ver se não tem um garfo de verdade lá dentro?

Ele traz. Mas aquilo não era um garfo.
Era um garfo super desenvolvido. Imenso. Bem dizer um tridente. E ainda estava sujo.
- Esse serve?
- Bom, se o senhor pudesse dar uma lavadinha antes, eu agradeceria.

Ao meu lado, todo mundo já terminou seu salsichão com salada de batata. E eu lá. Eu e meu salsichão.
O garçom volta:
- Já sei, vou pedir pra trincharem seu salsichão, tá bem?
Ele leva meu prato. Pouco depois, recebo meu salsichão todo cortadinho. As pessoas não entendem como eu consegui ter tanta dificuldade com um simples salsichão. E um amigo ainda diz:
- Olha que veio faltando pedaço!!!

Nem ligo. Enfim vou poder comer meu salsichão, feliz e satisfeita, com meu garfinho de plástico. Tudo cortadinho, não tem mais nenhum problema. Ok, pessoal, acabou o show, não tem mais nada para ver por aqui, todo mundo circulando, circulando... Vamos continuar a falar sobre cinema, futebol, música, pois é, né, o que você achou da Thaís ter saído do Big Brother...
CREC!!!

- Puta que pariu!!!
The end.

***
Grandioso Elenco:
Eu como Eu
Marina como A Amiga
Adriano como O Amigo.
Christian como O Outro Amigo.
Garçom como Garçom.

Apoio Cultural: Hofbräuhaus

Agradecimentos especiais: a Ricardão, que passou a noite inteira me pentelhando porque eu paguei R$ 6,50 num prato de salsicha com batata.

*Toda a verba arrecadada com este curta-metragem será doada à campanha "Talher de plástico nunca mais!" - uma ação em prol das boas maneiras à mesa.

terça-feira, junho 25, 2002

Take 1
E ontem eu fui pro Cine Ceará com a Marina.
Lá chegando, tivemos a feliz oportunidade de ver um show do Bocão - o cara que consegue colocar quatro laranjas na boca. Sim, é isso mesmo que você leu: quatro laranjas!!
Inteiras. Você já tentou fazer isso em casa?
Não tente.

Lá estava ele, em frente ao Cine São Luís, exibindo sua performance. E se você se considera uma pessoa destemida, espere pra ver o Bocão colocar duas laranjas e um copo de refrigerante na boca e caminhar na sua direção com a mão estendida e fazendo "Aannnhhhhh... Aannnhhhh".
"AAAHHHHH!!!!" digo eu. Saí correndo!!!!
Assustador!

Fomos então atrás de preciosidades no sebo de CDs.
Compramos coisinhas engraçadinhas numa loja de bijuterias e a Mari encontrou uma raridade espetacular do mundo fashion: um daqueles brilhos labiais em formato de morango!!
Lembra? Que de um lado era rosa e do outro era vermelho, também vendido nos formatos uva e maçã?!
O cheiro no muuundo!!

Era básico. No universo feminino infanto-juvenil da década de 80 você não era ninguém se não tivesse:
- o brilho de morango
- uma boneca Moranguinho
- um "Meu querido pônei"
- a melissinha que vinha com estojo de maquiagem
- uma coleção com pelo menos 100 papéis de carta
- uma Cecizinha e
- a bota da Xuxa.

Sem estes itens, você era uma excluída social. Pelo menos no meu colégio.
Algumas pessoas também podem sentir falta nesta lista do "Pogo-Boll" e da clássica "Barbie".
Porém, eu não tive nenhum desses dois itens e, como a lista é minha e eu não quero me sentir excluída, eu os ignorei.

Além do que, eu tinha aquele relógio que trocava as pulseiras. Cada dia eu ia pro colégio com o relógio de uma cor diferente. Era o máximo. O que compensava o fato de eu ser a única menina entre minhas amigas a não ter uma Barbie.

Mas enfim, Marina comprou seu super brilho labial em formato de moranguinho - morra de inveja, Duda Molinos!!! - eu comprei biscoitos nas Americanas, lanchamos no McDonald's com o Adriano - que é sempre uma companhia muito legal - falamos da vida alheia, rimos e depois, com alguns empurrões e certa dose de agressividade, conseguimos nos pendurar em um ônibus e voltar pra casa . The End.
********
E o Cine Ceará?
Nem nem...
Mas hoje eu vou. E com sorte, ainda peço um autógrafo pra Regininha do Clone!
Clube das Luluzinhas
Dengo da Dani. Abraços da Debbie. Cafuné da Denise. Carinho da Fabi. Palavras doces da Marina. Chamego da Cacau...
Calma, isto não é a descrição de uma
suruba lésbica!!!

São minhas amigas fofas que me dão colo naqueles dias em que estou
"eu perco o chão, eu não acho as palavras..."
dizem pra mim que:
"Bobeira é não viver a realidade"
e enchem minha bola até eu cantar poderosa:
"Mas não sou beata, me criei na rua
E não mudo minha postura só pra te agradar"

Valha, agora está parecendo um
karaokê lésbico!!
Hahaha!!!
Meninas, vocês foram demais! Valeu!
1, 2, 3 testando...
Desse eu gostei.
E não podia mesmo ser outro.


Que canal de TV por assinatura você é?

segunda-feira, junho 24, 2002

Fansign
E quase que a véia morre de tanto rir!!
Paulo André, está sensacional!
Adorei!



domingo, junho 23, 2002

Gente, antes de mais nada eu queria dizer que, provavelmente estou de TPM. Então não estranhem se alguns posts (como esse) parecerem mais... como dizer?...
menos engraçadinhos.

Calma, não é nenhum "fecha meu blog se por enquanto não tens motivo nenhum de pranto"!!!

Por sorte, antes de nascer, eu passei quatro vezes numa barraquinha de degustação no Céu no qual estavam distribuindo o "tônico para achar graça das besteiras na Terra".
De modo que eu sou a primeira a rir dessas minhas neuras.
Ou seja: "Cancelem a ambulância - ela não tomou 200 comprimidos de Benflogin!"

Mas enfim, pensei em dividir isto com vocês.
:)

A bolinha de chumbo
"Ah! olhos que não choram! Pobrezinhos..."
Florbela Espanca

Nem sempre é fácil chorar.
E olha que vocês estão "ouvindo" isso de uma pessoa que chora até em propaganda de margarina.

Que chorou quando a Syang foi embora da Casa dos Artistas 1.
Que chorou quando a Maria Santa morreu em Renascer.
Que chorou quando ouviu '"Cause you make me feel like a natural woman" pela primeira vez.
Que chorou quando passou no vestibular.

Enfim, deu pra perceber que vocês estão falando com a própria Maria Chorona, né?
Pois é.

E, mesmo assim, mesmo sendo desse jeito, repito:
nem sempre é fácil chorar.

Às vezes fica só aquele amontoado num cantinho que é difícil definir onde é.
Um peso aqui, no centro da gente, como uma bolinha de chumbo.
Um emaranhado de sons, imagens, toques, cheiros, que pela teoria dos buracos negros resolveram se adensar, se adensar, até que virassem uma bolinha minúscula, de infinitas toneladas, da qual nem a luz consegue escapar.
Um novo coração, pequenino e pesado, batendo ao lado do outro.

E com ele, é difícil respirar, é difícil falar, é difícil comer, é difícil escrever...
É difícil sorrir.
Mas, sobretudo, é difícil chorar.

E você pensa: se eu chorasse...
(Só um pouquinho, para ninguém perceber)
... eu me sentiria muito mais leve.
... eu superaria muito mais rápido.
... eu entenderia melhor
... eu seria mais feliz.

Mas, não importa o tamanho da sua dor, você simplesmente não consegue chorar.

Existem alguns truques, claro:
... Alugar "Dançando no Escuro".
... Ler Caio Fernando Abreu.
... Caminhar sozinho na praia.
e o meu preferido:
... Colocar "The Stonewall Celebration" no som. Aumentar o volume. Ir devagar até o banheiro. Ligar o chuveiro e ficar embaixo da água quente até chorar tudo que tem pra chorar nos próximos cinco anos... Depois pentear o cabelo, escovar os dentes, deitar na cama e dormir o sono dos justos.

Mas nem sempre funciona.
Às vezes a bolinha continua lá, densa e pulsante. Pesada e triste.
Dolorosamente.
O nó vem até a garganta, quase
mas os olhos continuam secos.

O que fazer?
Esperar.
Sei que, mais dia menos dia, vou dar uma topada espetacular numa dessas pedras no caminho, ou cortar o dedo abrindo uma lata de leite condensado, e abrir o maior berreiro.
Mas pense num berreiro.

E que alguém vai dizer:
"E você vai chorar por uma bobagem pequenininha dessas..."
É verdade.
Mas é porque pelas bobagens grandes, meu caro, nem sempre é fácil.

sábado, junho 22, 2002

Momento teste
ou
como a falta do que fazer se reflete no blog de uma pessoa

Este é um dos mais bobos que já fiz:

Que calçado você é?

Pensei que eu era C&A, mas tudo bem.


Você é a Costume.
Você é básica, mas não abre mão de estar sempre na moda.
É bastante popular e casual.
Que loja você é?

Mon, Mari, será que eu posso ser uma Loser Girl?
;)


Que rótulo idiota te define como pessoa?


Você é uma pessoa sem muita perspectiva, pessimista e bobalhona. Que vergonha.
E mais um:



Que acessório sexual você é?


Boa-praça, se dá bem com todo mundo e vive amenizando o ambiente quando a coisa pega fogo!
Qual Apresentador Mala Você É?


Podia ser pior: eu podia ser Luciano Huck. Eca!!


Que tipo de garota você é?



Valente, faz de tudo pelos seus amigos. Tem um pouco de dificuldade em ver quem realmente te ama, mas seus pretendentes vão esperar você compreender... por mais que isso demore.


Você é qual personagem em Cavalo de Fogo??


Foi quando correndo eu vi
um cavalo de fogo ali
que tocou meu coração
quando me disse então
que um dia a rainha eu seria
se com a maldade pudesse acabar
no mundo dos sonhos pudesse chegar...


Chat(ice)
E ontem eu cheguei do Dragão com uma vontade louca de conversar com alguém. A Débora, claro, estava dormindo e eu não ia ligar para as minhas amigas duas horas da manhã com minhas neuras existenciais. Sim, estou de TPM.

Então fiz algo que há séculos não fazia: entrei no bate papo do UOL.
Não, eu não me orgulho disso, mas entrei. Daí teve início o seguinte diálogo:

LinkinPark: Oi, quer tc?
Eu: Quero sim. Tudo jóia?
Felino fala com TODOS: Ei, alguma gatinha afim de um banho de língua? Miaaauu!!
LinkinPark: Tudo bem. Tc de onde?
Ultrasex entra na sala...
Eu: De Fortaleza, e vc?
Taradão sai da sala...
LinkinPark: Eu também! Quantos anos vc tem?
Ultrasex fala com TODOS: Alguém afim de tc?
Eu:Eu tenho 23 anos.
LinkinPark: Ah, então deixa pra lá. Tchau.

:-O
Fiquei passada!
Isso significa que eu sou velha demais para conversar com ele? Tipo... uma coroa?!
E que eu devia estar no chat do pessoal da Terceira Idade?

Ah, se bem que isso me lembra uma história engraçada, quando eu e minha irmã entramos na sala de bate-papo pro pessoal acima de 60 anos. Na época, eu ainda era adolescente. Jovem. Teen. Da galera.

Aí um senhor de nickname Joaquim (ou algo do tipo) começou a teclar comigo. Todo respeitoso:
- Qual a sua graça?
- Maria Rosa. Encantada, senhor Joaquim.
- Igualmente. É um prazer conhecer novas pessoas pela Internet. Aprendi recentemente e estou apreciando muito. Fale-me sobre você, Rosa.
- Bem, o que posso dizer? Sou viúva, gosto de pintar em porcelana e esta é a primeira vez que entro na Internet. Meus tataranetos acabaram de me ensinar.
- Tataranetos? Quantos anos você tem, Rosa?
- Por favor, Joaquim! Você não sabia que é indelicado perguntar a idade a uma dama?
- Mil perdões, não foi minha intenção ofendê-la...
- Imagina... Eu digo, mas você diz primeiro.
- Eu tenho 71.
- Hmmm, um garotão. Espero que aprecie mulheres mais velhas...

Ai, como eu era besta... Mas ainda rio quando lembro que disse que tinha que sair da sala porque as crianças estavam brincando com a minha dentadura...

Mas acredita que mesmo assim o gentil Joaquim conversou um bom tempo comigo? Bons tempos aqueles, quando um homem sabia valorizar a experiência e encanto de uma mulher mais velha...

E o Paquito new generation esnobando minhas vinte e três primaveras...
Estou chocada! E daqui um mês eu vou fazer... 24!!!!
Matusalém!

Ai... Bem feito. Isso é pra eu aprender a ir atrás dessa idiotice de bate-papo... Recebi um fora do LinkinPark, conversei um pouco com um certo Max e recebi uns três ou quatro convites para sexo selvagem e um para participar de uma suruba.
Nada mal para uma noite de sexta-feira, eu diria, se não fosse tudo virtual.
Estou envelhecendo mesmo...
De.ca.dên.cia!!!
Como assim, Bial?
E eu descobri que o Pedro Bial lê 02 Neurônio. Dia desses no Big Brother ele estava falando com o Thyrso, que a princípio eu achava um cara doce e sensível mas agora só acho um mala. Daí o Bial perguntou assim:
- Thyrso, você pelo jeito gosta de uma DR, heim?
E o Thyrso:
- Como assim, Bial?
Garotas, quem leu o Guia da Mulher Superior sabe demais: o que é uma DR?
Madonna
No clima pro Ritz! Eu a.do.ro essa música.



Material Girl
Some boys kiss me, some boys hug me
I think they're O.K.
If they don't give me proper credit
I just walk away

They can beg and they can plead
But they can't see the light, that's right
'Cause the boy with the cold hard cash
Is always Mister Right, 'cause we are

Living in a material world
And I am a material girl
You know that we are living in a material world
And I am a material girl

Some boys romance, some boys slow dance
That's all right with me
If they can't raise my interest then I
Have to let them be

Some boys try and some boys lie but
I don't let them play
Only boys who save their pennies
Make my rainy day, 'cause they are

Living in a material world
And I am a material girl
You know that we are living in a material world
And I am a material girl

Living in a material world (material)
Living in a material world
Living in a material world (material)
Living in a material world

Boys may come and boys may go
And that's all right you see
Experience has made me rich
And now they're after me, 'cause everybody's

Living in a material world
And I am a material girl
You know that we are living in a material world
And I am a material girl

sexta-feira, junho 21, 2002

O mundo é uma bola
Barraca lotada, o samba troando.
Velhas canções, o batuque:
"Você pagou com traição
a quem sempre lhe deu a mão..."

Com sorte, uma mesa pertinho do telão.
Com duas cervejas, um molejo nos quadris. Riem, com suas blusas amarelas.
Que horas são?
Ainda faltam duas horas.
Elas pedem batata frita.
Conversam bobagem. Conversam sobre futebol. Cantam com o vocalista:
"Você era a mais bonita
das cabrochas desta ala..."

Mais uma cerveja, seu moço.
Samba no pé. Amigos que chegam com abraços e sorrisos, e também de blusa amarela.
Amigos que ficam, outros que vão embora: aqui tem muita gente... calor!
A gente fica.
Que horas são?
Três.
A banda anuncia a saideira:
"Todos juntos vamos
Pra frente Brasil, Brasil
Salve a Seleção..."

Começa. Lá é dia. No outro lado do mundo o sol brilha forte.
Ela lembra da música:
"Enquanto isso, anoitece em certas regiões
E se pudéssemos ter a velocidade para ver tudo..."
E sorri, porque é uma música linda que ela cantou em várias madrugadas.

No outro lado do mundo, os outros atacam. Jogam com força. A gente vai se defendendo como pode. Mas não está de todo mal. Não, ela pensa, não está ruim... Mas não entende mesmo muito de futebol e observa.

Mas naquela jogada, naquela mesmo, não parecia ter perigo. E de repente, enquanto ela prendia o cabelo pensando que não havia perigo, o perigo surgiu. E ela viu em câmera lenta a bola deslizar, o homem cair e viu a ondulação na rede antes da ondulação na rede acontecer. Foi uma fração de segundo.

O cabelo caiu sobre a testa. Os olhos piscaram, sem querer acreditar. Depois piscaram de novo. E de novo. E de novo...
No telão, pontinhos azuis e brancos agitados.
O barulho ao redor foi ficando distante...
O sono chegou sorrateiro. Debruçou sobre a mesa, feito bêbada.
Até sonhou.
Flores, bicicletas, guitarra, paisagens, livros, pessoas...

Esfregou os olhos, bocejou e olhou pro telão.
Bem a tempo de ver e gritar:
Gooooooooooooollllllllllllll!!!!!
E todos pulavam e todos riam e todos falavam ao mesmo tempo. O sono fugiu.
O dela, porque uma senhora ao lado dormia profundamente, alheia à comemoração.

Segundo tempo.
Gooooooooooooolllllllll!!!!!!
E uma moça que ela nunca vira antes lhe abraça apertado. Depois do susto, o sorriso. Tão bom estar ali. Quantas pessoas ao redor? Duzentas, trezentas? A gente não se conhece. A gente se esbarra na rua, por aí. A gente mal se vê. E porque uma bolinha cruzou uma linha do outro lado do mundo, a gente se abraça. A gente se olha nos olhos, estende as mãos, se toca.
Lindo e ilógico.

E talvez porque Einstein quisesse nos mostrar lá de longe que o tempo é relativo, nunca quarenta minutos demoraram tanto a passar. Cada segundo querendo seus quinze minutos de fama. Prolongando-se ao máximo sob a ribalta.
E a agonia porque lá, do outro lado do mundo, com um a menos no time, os nossos brincavam com a bola.
E se numa dessas, em outra fração de segundo, eles empatam, heim?
Você não sabe que a vida é assim, que tudo muda daqui prali?
E ela xinga os azuis, xinga o juiz, xinga o comentarista.
Prende os cabelos, olha o relógio, solta os cabelos, estala os dedos.

Um minuto.
Cinquenta e nooove seguuundos....
Cinqueeeenta e ooooito seguuundos...
Cinqueeeeeeeenta e seeteeee seguuuundos...

Fim.
Lá fora, alheio à euforia e ao barulho dentro da barraca, o dia nasce tranquilo, com cara de feriado.
A luz difusa deixa as nuvens da cor da areia. O mar com preguiça, estica suas ondas até a beiradinha da praia...
Depois volta, num bocejo.

Ela boceja, também. Olha o relógio. Apenas quatro horas de sono.
Mas o trabalho nos aguarda, dona moça...

No ônibus, uma simpatia discreta de todos para com todos. Alguns ainda dançam por aí, com suas blusas amarelas, troando as cornetas. Tão engraçado, o futebol... Os esportes, de modo geral.
Como uma pessoa pode dedicar sua vida inteira a um pulo, a uma corrida de 100m, a arremessar um disco bem longe?
E ao mesmo tempo isso parece fazer tanto sentido quanto todas as outras coisas que fazemos: escrever releases, compor músicas, pintar quadros, construir casas, foguetes, dançar tango, calcular juros...
Mas um sacolejo a retira de seus devaneios.

O motorista do ônibus quase bateu num carro vermelho. O susto: foi uma fração de segundo! Uns poucos centímetros!
Como se tudo na vida não fosse, enfim, resultado de frações de segundo e poucos centímetros.
Prepara-se a cena. O motorista do carro vermelho aparece na janela e diz:
Que foi isso, meu companheiro?
Desculpa aí, meu amigo, pode seguir. - responde o motorista, dando ré e acenando para o carro vermelho.

E porque uma bola cruzou uma linha do outro lado do mundo, temos diante de nós um momento de cortesia neste trânsito selvagem.
E a vida prossegue, linda e ilógica.
Hoje, excepcionalmente, com cara de feriado.
Gentalha! Gentalha!
E mais um fansign!!!! Très chic, mes amis!!!!
Palmas para o Gil, meu amigo designer!!!




Madonna

E confirmado: amanhã tem festa do Alternatividade no Ritz!!
SIM!!!!!
Homenagem especial: Madonna!

Há dois dias que o "Immaculate Collection" não sai do som. E eu parei numa música da qual nem gostava tanto mas que nestes dias, sei lá, vem sendo a minha queridinha. Maõzinhas pra cima, cante comigo:




Borderline
Something in the way you love me won't let me be
I don't want to be your prisioner
so baby won't you set me free
Stop playing with my heart
Finish what you start
When you make my love come down
If you want me let me know
Baby let it show
Honey don't you fool around
Just try to understand, I've given all I can,
'Cause you got the best of me
Borderline feels like I'm going to lose my mind
You just keep on pushing my love over the borderline
Borderline feels like I'm going to lose my mind
You just keep on pushing my love over the borderline
Keep on pushing me baby
Don't you know you drive me crazy
You just keep on pushing my love over the borderline
Something in your eyes is makin' such a fool of me
When you hold me in your arms you love me
till I just can't see
But then you let me down, when I look around,
baby you just can't be found
Stop driving me away, I just wanna stay,
There's something I just got to say
Just try to understand, I've given all I can,
'Cause you got the best of me
Borderline feels like I'm going to lose my mind
You just keep on pushing my love over the borderline
Keep on pushing me baby
Don't you know you drive me crazy
You just keep on pushing my love over the borderline
Look what your love has done to me
Come on baby set me free
You just keep on pushing my love over the borderline
You cause me so much pain, I think I'm going insane
What does it take to make you see?
You just keep on pushing my love over the borderline

quinta-feira, junho 20, 2002

Xó Xuxexo!!!
Este é o fansign da Marina, muuuuito legal!
Assim que eu for uma mulher antenada com as novas tecnologias, prometo distribuir meus fansigns por aí também.
Beijos, Mari! Obrigada!!



quarta-feira, junho 19, 2002

São tantas emoções
Gente, estou me sentindo uma própria Capanema!!
Recebi dois fansign - este blog está outro nível!!!!

A pioneira foi Miss Koltrane: olha que coisa mais linda desse mundo. Recebi este fansign há duas semanas, mas estava com problemas com o site no hpg e por isso demorei a colocá-lo aqui.
Arigatô, amiga!





O segundo fansign (ou fanart? ou os dois?) foi da super Shadai Lanis, amigona de loooonga data. Mais fofo impossível!





Muchas gracias, muchachas!!!
Estou feliz demais! Adorei!
Momento cidadão
E para ninguém dizer que este blog só tem banalidades e não aborda questões sérias e construtivas, aqui vai a minha contribuição para o debate político neste País.



A propaganda que ouvi hoje no rádio:

"De quê adianta ter uma casa ótima, com móveis maravilhosos, se os tapetes não forem persas?"
Taí uma questão pertinente para nossas vidas...

terça-feira, junho 18, 2002

"It's hard to articulatte this thing I'm so afraid of: the future. I mean, why should I be so afraid of the future? It's just time.
Isn't it?"






"Felicity".
Pena que essa série acabou. Eu gostava tanto.
Isso é Impulse

Eu pensei que passaria discretamente... Afinal, era só mais um destes testes: Você é 212 da Carolina Herrera... Criativa e sutil, cheiro cítrico... Quem liga?
Mas eu fui premiada com amigas que não me deixam esquecer os vexames do meu passado.
E vocês, com a blogueira que mais deve colecionar micos na face da Terra.

Então é chegado o momento. Eu confesso. Na verdade, eu... eu sou:

Que perfume você é?


Tudo começou numa festa, há cerca de um mês.
Era aniversário de um amigo nosso.
Estava tudo muito legal, muito bacana, já eram quase duas da madrugada e eu não havia cometido nenhuma marmotice - o que é muito raro, para quem me conhece.

Aí estou lá, sentada no sofá, toda mocinha comportada, a Mônica chega:
- Amarílis, você viu que no banheiro tem um perfume igual ao que você está usando?
A partir daí, há controvérsias sobre o que de fato ocorreu.
Eu digo que aconteceu o seguinte:
Mônica diz - "Por que você não vai lá retocar o perfume?"
E eu - "Ah, legal, vou sim."
Já a Mônica diz que a idéia foi minha:
Eu teria dito - "É mesmo? Pois eu vou lá retocar o perfume."

O fato é que lá fui eu.
No banheiro, vi que o perfume não era o mesmo que eu estava usando. Era "Angel", de Thierry Mügler. O frasco a coisa mais linda desse mundo. Chiquérrimo.
"Ah, será que é bom?", pensei e borrifei um pouquinho no pulso. E um pouquinho na nuca. Juro que foi só isso.

Saí do banheiro discretamente, estou lá atravessando a sala discretamente quando ouço o grito atrás de mim:
- Valha! Quebraram um frasco de perfume no banheiro!!!

E ao meu redor todo mundo farejando o ar:
- Que cheiro forte é esse?
- Quem foi? Quem foi?

Numa atitude baixa de auto-defesa, ainda apontei pra Mônica:
- Foi ela!!
Mas a luxuosa fragância me denunciava totalmente. Parecia que eu havia ficado de molho uma hora em uma banheira de Angel.
O pior: apesar de ser aniversário de um amigo meu, eu não conhecia a dona da casa, o que equivale a dizer:
eu não conhecia a dona do perfume!!

Quis morrer de vergonha...
Mas como vergonha não mata, aqui estou eu, firme e forte. E perfumada.
Pense que esse Angel tem uma fixação boa.

segunda-feira, junho 17, 2002

Eeeeeeebaaaaaaa!!!!
BRASIL-BRASIL-BRASIL!!!




Os melhores momentos do jogo você já viu, então assista agora aos melhores momentos da mesa redonda de Débora e Amarílis, duas mulheres que não entendem nada de futebol mas amam torcer pelo Brasil:
* O Juninho tem uma arrancada boa, mas chega lá na frente e o pessoal não consegue finalizar!!
* A Bélgica tá confiante demais! É um empate que não é empate!
* Isso mesmo, o gol psicológico já foi feito!
* Vamos, meu povo! Tem essa de se poupar não, cara, cada jogo pode ser o último!!
* O Marcos rebate as bolas... Agarra essa bola, porra!
* O time tá retrancado, cadê o meio de campo?
* Tá faltando alguém pra por moral aí! Quem é a dona desse puteiro?!
* Vai, Roberto Carlos, vai, Roberto Carlos, vai, Roberto Carlos! Não pára, Roberto Carlos!! Ai...
* Cara, como esse Ronaldinho Gaúcho é feio, heim?
* Goooolll!!!
* Denílson! Denílson!
* Não, aquele que fez o gol é o Rivaldo.
* É?
* É.
* Rivaldo! Rivaldo!
* Olha ali o Cacá, o Cacá. Que gracinha de menino.
* Puta que pariu, Roque Júnior!!!
* Chuta a cara dele, Denílson!!!
* Ronaldinho, Ronaldi.... Goooooooooollll!!!!
GANHAMOS!!!!
E pra finalizar:
* Acho que eu vou comprar uma blusinha do Brasil pro jogo de sexta-feira!!!

Nada mal para duas recém ingressas ao mundo do futebol, né?
;)
E como eu vi numa faixa na torcida:
God help the queen!!!!!!
Causos de Amor
A série que vai conquistar seu coração com mais um post gigante que você só vai ler porque, no fundo, é um desocupado de bom-humor e hoje é segunda-feira. Bem vindo!!!

As super revelações de Ximena - uma mulher de atitude - recorde de comentários neste blog- levaram as integrantes do Fórum Cearense da Mulher Superior (do qual muito orgulhosamente participo) a um inspirado projeto: cada uma de nós deveria mandar para a lista de discussão um e-mail contando as principais declarações amorosas que já havia feito ou recebido.

Ah, que legal!, eu pensei. E sentei-me para escrever o e-mail. E fiquei sentada um bom tempo, olhando para o teclado.

Todas enviaram e-mails enormes, repletos de aventuras, fortes emoções, decepções e finais felizes, que infelizmente - por questões éticas - não posso publicar aqui.

Tá, na verdade eu não vou publicar porque é um bom material para chantagem. Mas como eu ia dizendo, lá estava eu, na frente do teclado, sem uma linha escrita...

Descobri que, se tirar os "ei gostoooosa!!!" e "psiu, boazuda" que já ouvi na frente de taxistas, motoboys e operários, sobram no máximo duas ou três declarações de amor na minha caixa de mensagens.

A primeira, de um menino da minha sala quando eu tinha sete anos. Ele era apaixonado por mim e isso se refletia em três atitudes básicas de conquista:
- puxar meu cabelo
- ficar me batendo com um chaveiro que tinha uma mola (vocês lembram dessa preciosidade?)
- e cantar baixinho atrás de mim esta bela canção (vamos lá leitores, cantem comigo este super hit do Dominó):
"Eu gosto dela
É um avião
Eu gosto dela
Fico voando até o chão
Mas ela não gosta de mim
Vive me dizendo não
Nem tem pena do meu coração
Que só vive nessa ilusão"


A segunda, de um amigo há cerca de três anos. Foi lindo, mas... eu só gostava dele como amigo... Sim, esta é uma das piores coisas para se ouvir na vida, eu sei. Mas todo mundo um dia vai ouvir e/ou dizer isso...

A terceira declaração que eu ouvi... Bem, eu não me lembro. Mas deve existir.
Eu quero acreditar nisso.

Então eu tinha que escrever sobre as declarações que eu fiz.
Só que aí que a pobreza é maior ainda: só me lembro de ter declarado meus sentimentos a alguém com o qual não estivesse namorando uma vez na vida. E o fdp do menino...
Bem, é melhor começar do começo, né?
Let's go.

"A carta"
*alguns nomes foram alterados para manter a privacidade dos elementos envolvidos

Tinha eu dez anos, uma mochila laranja horrível e uma sólida franja juruna quando soube que voltaríamos a morar em São Paulo.
Adeus calor de Teresina, adeus amigos da rua, adeus colégio no qual eu estudava desde criancinha...
E dentre as centenas de coisas e pessoas das quais eu deveria me despedir estava um menino do meu colégio, que eu achava liiiindo. Ele era um cara mais velho - estava na quinta série! no ginásio! - e ainda assim conversava comigo no recreio - eu, uma menina do primário!

Fiquei arrasada com a viagem...
E numa atitude extremamente ousada para os meus padrões (eu era a mais tímida das criaturas!) escrevi uma carta para ele. Era mais ou menos assim:

"Meu querido Barnabé*
esta carta é para desejar um feliz Natal e um feliz ano novo para você e para toda sua família e, também, para me despedir. Em breve, irei para São Paulo. A distância é enorme e, provavelmente, nunca mais nos veremos... Isso me faz sofrer muito porque...eu te amo. Sei que tenho apenas dez anos, mas tenho certeza de que jamais serei capaz de sentir algo tão forte assim por outra pessoa. Eu te amo muito e não me conformo com este destino ingrato que me afasta de você!
Etc etc etc...
Eu


No último dia de aula, assim que ouvimos a moto do pai dele chegar, minha irmã foi na maior carreira entregar a carta pra ele. Só que (Lei de Murphy) não era a moto do pai dele...

E lá vai o Barnabé atrás de mim com uma cambada de amigos para rir da minha cara. Tive que me esconder no banheiro, voltei pra casa morrendo de chorar, abracei meu ursinho de pelúcia, desenhei uns corações partidos no diário e tomei dois litros de Coca-Cola pura.




Mas assim como todas dores que parecem eternas, esta também acabou e no outro ano lá estava eu com minha mochila laranja e cabelo juruna suspirando pelo Aírton Venceslau*, um loirinho da minha sala.

Fim da história? Antes sesse.

A Carta II - a ressurreição
Passam-se os anos e lá estou de volta a Teresyna City.
A mochila laranja graças a Deus já estava no lixo e a franja juruna era coisa do passado.
Agora eu ostentava uma soberba juba estaquiada à Las Panteras, era popular no colégio (após séculos de "Carrie, a estranha") e levava a vida numa boa.

Até que um dia...
Belo dia lá estou eu na academia, após minha aula de aeróbica, com meu top e legging em tons cítricos - sim, perspicaz leitor, este episódio se passa na década de 80...



Como eu ia dizendo, estava lá, assistindo a aula de Tae Kwon Do do meu irmão quando ouço:
- Vai Barnabé!
Olhei surpresa para o senhor ao meu lado:
- O senhor disse Barnabé?
- Disse, por que? Você conhece o meu filho?
- Eu? Não... eu...
- Ô Barnabé, meu filho, venha cá, essa moça conhece você.
E lá vem ele.

Meu Deus: o menino virou um tamborete de forró! Mal chegava no meu ombro, todo marombadinho, feio pra cacete... Bem dizer, um mini-Frota!!




- Oi, você me conhece? Qual o seu nome?
Balbuciei rezando para que ele não se lembrasse de mim, mas os olhos do menino brilharam:
- Ah, eu me lembro de você! Inclusive, tenho uma coisa sua lá em casa, sabe o que é?
- Eu? Não. Não tenho a menor idéia.
- Uma carta...
- Ah... Engraçado, acho que ouvi meu pai buzinando lá fora...
- Você lembra o que escreveu nesta carta?
- Eu? Não... não lembro...
- Tá bom...

Tá bom digo eu.
Não passou uma semana para que minha carta já tivesse rodado a academia inteira. Surgiu o maior boato de que eu era louca apaixonada pelo tamborete de forró, meu namorado ficou uma arara e eu ainda soube que a namorada do Barnabé estava espalhando por aí que ia me bater pra eu aprender a mexer com homem alheio.
Já pensou a baixaria? Cruz credo!

Agora diz que depois dessa eu tenho como ficar me declarando por aí?
Trauma total!

E mesmo assim, tive direito às minhas historinhas românticas aqui e ali, não tive?
Prova de que, quando a gente quer mostrar interesse em alguém, nem sempre as palavras são necessárias. Eu não dou um pio.
Mas meus olhos... esses tagarelas...
;)

sábado, junho 15, 2002

Os pastéis da dona Jura
Minha bela noite de sexta-feira...
Tudo começou quando Marinitz e Monicats vieram aqui pra casa pra gente assistir o último capítulo de O Clone. Aliás, palmas-palmas-palmas para Nazira fugindo no cavalo alado com o príncipe Miro. Se Glória Perez não fuma um... Mas enfim, isso é da vida dela e ninguém tem nada a ver com isso, né?

Bem, aí a Mari, que é a garota performance, trouxe uns pastéis pra gente fazer.
Os pastéis da dona Jura.




imagem gentilmente roubada do blog da Mônica

Beleza. E eu, como boa dona de casa, vou para a cozinha fazer os pastéis.
- Como é que faz, Mari?
- Tem que fritar.
Do que eu, com toda minha experiência mestre-cuca, deduzi:
Fritar = Frigideira

Por favor, não me insultem.
Hoje, mais madura e responsável, sei que a gente frita pastéis em panelas fundas. Mas eu era apenas uma garota simples de Jaboticabal que amava os Beatles e os Rolling Stones e que nunca havia feito pastéis na vida.
Mas enfim, eu nem havia tirado os pastéis do pacote quando o inesperado ocorreu.

Sentindo-me a chef, coloquei o azeite na frigideira, acendi o fogão e fui até a sala pegar não lembro o que. Quando ouço o grito da Mônica:
- Ahhhhhhhhh!!!!

Quando eu vejo, labaredas que sobem da frigideira muito mais altas que eu:
- Fogo! Fogo!!!! Ahhhhh!!!!
E o óleo espirrando loucamente na cozinha inteira e a Mônica gritando:
- Um extintor! Um extintor!!!! Ahhhhh!!!!
E a Marina correndo pra cima e pra baixo com um copo de água na mão. Até que o fogo diminuiu e eu corri toda Profissão Perigo até o fogão e desliguei o gás.

Passada a emoção, voltamos pra frente da TV e abrimos um pacote de Ruffles. Muito mais seguro.

Ritz Café - Café Creme
Lucas beija Jade. Jade beija Lucas. E pela primeira vez em minha vida vejo uma novela terminar sem que apareça "FIM" na tela. Confesso que isso nos deixou um pouco abaladas e confusas.

Mas Ritz, aí vamos nós.
Era a final de um campeonato de bandas, do qual alguns amigos nossos participavam.
Chegamos lá, o Ritz fechado. A polícia ou corpo de bombeiros (não estava lá na hora, então não sei os detalhes) visitou o local e constatou que não era seguro. Parece que também fecharam a Kiss, não tenho certeza.

Claro que eu não vou reclamar de uma ação que é em prol da nossa segurança, mas, sentados no Café Creme, meus amigos músicos reclamavam (com toda a razão) da forma como a coisa foi feita: eles tinham que deixar para ir lá na sexta feira à noite?
Não podiam ter visitado o local no decorrer da semana, no horário normal?
Dá a impressão de que as coisas são feitas só pra criar aquele frisson.
Dragão, sexta à noite, polícia, imprensa, as bandas e o público chegando e o circo está armado para sair nas páginas dos jornais...
Poupe-me.

Novas experiências
E agora, José? Onde chacoalhar o esqueleto?
E o Ricardão falou de uma boate GLS que ia inaugurar perto do Shopping Aldeota, com som do Fran Viana.
Por que não?
E lá vamos nós mais uma vez no super carango da Mari, com sua bandeirinha do Brasil tremulando na janela. Fashion!!!

Cheguemos.
O ambiente parecia super animado. Aliás, o melhor nos lugares GLS é que geralmente o público é o mais divertido possível.
Quer ver?
Estávamos eu e as meninas encostadas no balcão, pa-ta-ti pá-tá-tá quando um rapaz fala conosco.
Ele havia ido pegar uma cerveja ao nosso lado e ficou preso entre nós e o corrimão da escada, sem poder sair.
Normalmente, ouviríamos o seguinte:
- Com licença, posso passar por aqui?
Mas o que ele disse, apontando para o corrimão de madeira?
- Vocês já notaram que na vida de um gay sempre tem um pau no meio?
TUDO!!!!

Adoro esses lugares!
E a galera dançando loucamente "Lady Marmelade" e "Poperô" (para os puristas da língua inglesa, "Pump up the jam") e eu com as minhas cervejinhas e meus passinhos anos 80.
E mais uma cervejinha... E uma garrafinha d'água. E uma cervejinha...
Tenho que fazer xixi.
Vou ao banheiro e o que vejo me deixa aterrorizada: o lugar de fazer pipi não tem porta!

Então você fica ali, desnuda, exposta à curiosidade alheia tentando fazer o seu xixizinho da forma mais discreta possível e - o pior - num lugar GLS!!!!
Sério, se a situação é por si só constrangedora, imagine num local GLS. Falo isso me colocando na posição da maioria dos usuários, que é gay. Pensa comigo:

Estou lá eu - linda e gay - paquerando uma menina. A gente sorri, a gente se olha. Eu jogo o cabelo prum lado, ela joga o cabelo pro outro. Eu vejo que a sandália dela é igual à minha e penso "isso só pode ser um sinal divino do além!". E fica toda aquela historinha que é sempre a mesma - seja o casal gay ou hetero. Um olhar mais ousado aqui, um sorriso encabulado. Mas enfim, tudo rodeado por um certo charme, glamour e mistério.

Aí eu vou fazer xixi - no banheiro sem porta - e a minha paquera entra.
Se a situação já parece péssima, pense: E se eu estivesse menstruada?
E se eu não estivesse depilada?
E se eu estivesse morrendo de dor de barriga?
Tem paquera que resiste?
Im-pos-sí-vel!!!

As esfihas do Habib's
Mas apesar da minha desconfortável experiência na toilette, mantive a finesse e a noite foi muito bacana. A gente dançou, conversou e riu demais. Muito embora, eu não deva voltar lá tão cedo. Afinal, como bem observou amiga Mônica, nós somos garotas solteiras e esta boate não é assim o local ideal para o tipo de pretendências que queremos.
E estávamos lá, fim de noite no Habib's, conversando sobre nossas pretendências etc e tal, quando a ficha caiu:
- Cara, nenhuma mulher paquerou a gente!

Doeu.
Afinal, sempre que a gente sai à noite e não rola nada alguma de nós vem com a seguinte argumentação:
*Homens inteligentes são feios.
*Homens bonitos são tapados.
*Homens bonitos e inteligentes e que se vestem bem são gays.
*Homens bonitos, inteligentes, que se vestem bem e são heteros, são homens sinais confusos.
... e por aí vai.
Até chegar à seguinte conclusão:
"Quer saber, um dia eu mudo de time. É porque não é a minha praia mesmo, viu? Mas mulheres são muito mais legais e minha vida afetiva seria muito mais fácil".

E aí o que a gente descobre?
Que mesmo que a gente "virasse" gay, continuava encalhada. Porque nem as entendidas dão em cima da gente!!!
De-ca-dên-cia...

Mas há uma luz no fim do túnel!!
Os garçons do Habib's todos de olho nos nossos decotes rodeando a nossa mesa!!!
Certo que nós três éramos as únicas clientes da lanchonete inteira, mas mesmo assim, fiquei super auto-estima com a atenção!
- Olha garotas, nem tudo está perdido! Olha os garçons olhando pros nossos decotes!!! Tomara que a gente ao menos ganhe umas esfihas gigantes!!!
Só que eu estava um pouco bêbada e, tipo assim... falei um pouco alto.

- Garçon, a conta por favor... Obrigada.
Acabei de chegar da noitada. Quase cinco da madruga e eu cheguei com minhas cervejinhas na cabeça (só duas, mas eu sou muuuito sensível ao álcool e fico logo "trililics") e vim postar neste blog.
Então não venham me dizer que isso não é vício.
Eu pensei que era forte e podia passar a sexta-feira sem postar ou ler blogs, fazendo algo útil, lendo, estudando, ouvindo música clássica, mas fiquei naquela ansiedade, delirium tremens... daí eu chego em casa e venho pra frente do teclado...
Eu preciso descobrir uma associação de blogueiros anônimos.
Eu ainda podia alegar que só estou entrando agora porque a Internet de madrugada é mais barata e tal, mas seria o mesmo que a Mel do Clone dizer "mas eu só comprei a cocaína porque estava em promoção"!

O PA sabe o que é isso. Ele escreveu no blog dele que ele foi ao cinema e passou a sessão toda pensando em como ia comentar o filme no blog.
Pois é isso mesmo: eu tive uma noite muuuito legal e quero contar:
Mari e Mônica vieram aqui em casa para a gente ver o último capítulo de O Clone, quase incediamos o apartamento, fomos assistir a etapa final de um campeonato de bandas no Ritz e acabamos numa boate GLS.
Muuuuitas histórias engraçadas.
Mas acho que as meninas irão atualizar vocês antes de mim.
Bateu o sono.
Vou escovar os dentes, colocar minha camisola de ursinhos e dormir como uma boa menina.
Para acordar beeeem tarde mesmo.
Depois eu conto nossos embalos de sábado à noite, prometo.
Já está amanhecendo e como diria meu amigo Mauro:
Bom dia, flor do dia!
Sorria periferia!

quinta-feira, junho 13, 2002

E como o amor é lindo e todos ainda estão no clima do dia dos namorados, tem início hoje neste blog a série
Causos de Amor

episódio de estréia:
Ximena
uma mulher de atitude


Fui almoçar ontem com algumas amigas no Iguatemi. Entre elas, uma que, carinhosamente, chamarei de Ximena - uma mulher de atitude.
Ximena está há vários meses apaixonada por um rapaz, que chamaremos aqui, respeitosamente, de Genival.
Os dois ficaram muito amigos, saíam juntos, conversavam diariamente etc etc etc...
Gostavam das mesmas músicas
Gostavam dos mesmos lugares
Gostavam das mesmas pessoas
Gostavam dos mesmos pratos
Gostavam dos mesmos filmes

Enfim, coincidências que levavam Ximena a crer que Genival era o homem de sua vida.
E Genival parecia corresponder: carinho pra lá, carinho pra cá, indiretas entre uma frase e outra, confidências aqui e ali...
Mas beijar que é bom. Nada.
Mais uma dessas amizades coloridas com muito nhém-nhém-nhém e pouco nhám-nhám-nhám.

O pior foi que, recentemente, o Genival arranjou uma namorada, a Cremilda.
Ximena, que além de ser uma mulher de atitude, é uma mulher de classe, tirou o time de campo, claro.
Mas Genival pertence a esta turma que um dia nós - cidadãos de bem - conseguiremos isolar numa ilha no meio do Pacífico: a turma dos sinais confusos.
"Oi, eu estou namorando. Quer ir para um show comigo amanhã à noite?"
"Oi, comprei um chocolate para você. Minha namorada adora chocolate, sabia?"

Enquanto a pobre Ximena questionava a própria sanidade mental, nós, as amigas, tentávamos convencê-la a partir pra outra.
A gente dizia: "Ximena, Ximena... não sei não. Esquece esse cara. Bola pra frente, criatura!"

Mas Ximena - uma mulher de atitude - sabia que o jogo só acaba quando termina, que é melhor uma lágrima de desilusão que a vergonha de nem ter tentado, que se entre as pedras brota a flor, porque da nossa amizade não pode nascer o amor? e, o mais importante, ela tinha certeza de que Ozzy Osborne jamais gravara uma versão do clássico "o que você foi fazer no mato Maria Chiquinha..."
O que a levava à única conclusão possível:
Kadija é filha de Jade com Albieri!

Eis então que ela chega pra mim no Iguatemi e diz o seguinte:
- Sabe da última? Me declarei pro Genival.
- Ohhhhhhhh!!!!
- Na lata. Cheguei e disse: eu queria muito namorar com você.
- Ohhhhhhhh!!!!
- E aí, o que você acha?
- Ohhhhhhhh!!!!

Sério. Meu queixo demorou meia hora para voltar ao lugar. Enquanto isso, Ximena contava-me sua versão dos fatos ocorridos.
Genival a convidou para ir a um barzinho. Ela aceitou. E Genival ficou lá, falando sobre a namorada, o clima, a globalização e o romance de Jéferson e Tarsiana no Big Brother.

Ximena mal escutava. Sua mente estava completamente ocupada por pensamentos assim:
"Quando aquele garçom passar por aquela mesa, eu falo.
Quando aquela mulher de verde voltar do banheiro, eu falo.
Se aquele grupo pedir mais uma cerveja, eu falo. Se pedir a conta, não falo."

Enfim, respirou fundo, tomou coragem e falou.

Você decide:
Ligue agora e escolha o seu final preferido para nossa heroína.

1) Ximena cava um buraco na areia, pula dentro dele e continua cavando até chegar ao Japão, levantando a cabeça no exato momento em que o Denílson chuta a bola em direção ao gol, a torcida grita: É goool. Mas a bola bate na cabeça na Ximena e o Brasil está eliminado da Copa.

2) Genival olha pra Ximena. Ximena olha pra Genival. Então um Boeing 747 cai na frente dos dois. Meu Deus, mais um ataque de Bin Laden! Socorro! Socorro! Socorro! Tem início a Terceira Guerra Mundial, Éneas ganha as eleições. O Brasil lança uma bomba atômica no Japão, é eliminado da Copa e acabou-se o mundo.

3) Genival sorri para Ximena e a convida a subir em seu cavalo branco. Então os dois selam seu amor com um belo beijo e saem a galope, com um monte de latinhas amarradas na cauda do pobre do cavalo branco. E o Brasil ganha a Copa.

Não, queridos leitores.
Apesar de todas alternativas serem estatisticamente possíveis, o que aconteceu foi... uma expressão de surpresa... seguida de um sorriso amarelo... um certo constrangimento inicial... e depois, feito doidos, voltaram a falar sobre o clima, a globalização e o Big Brother como se nada houvesse acontecido.

Enfim, às vezes o fato de não haver uma resposta já é uma resposta.
Mas eu estava feliz por ela.
Com os olhos cheios d'água, segurei suas mãos:
- Ximena, estou tão orgulhosa de você.
- Eu sei. Eu também estou!

Gente, quanta coragem é necessária para se declarar a alguém!
Olhar nos olhos da pessoa e dizer:
"eu me apaixonei por você".
Correndo o risco de ouvir um não bem grande, redondo e sonoro.

Muito mais fácil, mais seguro e confortável, então, ficar dias e noites sonhando, imaginando, fazendo mil especulações: ele me ofereceu um gole do copo de água dele. O que isso significa? O que isso significa? O que isso significa?
E falando para a pessoa coisas como:
Aceita Martini Ou Refrigerante?
Torcendo para que ela descubra nas entrelinhas a palavra Amor.

E depois fica velhinha no asilo, com sua papa de aveia, pensando:
- E se eu tivesse dito? Se eu tivesse ido atrás?
Talvez você tivesse levado um pé na bunda. Claro. Mas já viu pé na bunda matar alguém?
E talvez...
Talvez você tivesse vivido uma história linda.

Talvez nada. Ximena - uma mulher de atitude - foi lá e abriu o jogo.
Corajosa. Poderosa. Uma mulher superior!
E por isso eu já encomendei a camisa estampada no peito:
"Ximena é minha amiga"
e atrás
"Genival tem lombriga".

Que poderá ser encomendada através deste blog nos tamanhos P, M, G e baby look por módicos R$ 10,00 a unidade (afinal, eu tenho que tornar este blog rentável!!!).

O único problema é que agora Ximena quer transformar a nós - suas amigas covardes - em novas mulheres de atitude. E já nos intimou a ir atrás de quem muito nos interessa até o fim deste mês.
Vai ser difícil. Afinal, na teoria, é uma beleza... Na prática, haja frio na barriga...

E o pior é que eu tenho trauma com declarações.
Quer saber por que? Não perca o próximo episódio de "Causos de amor", a série que veio para conquistar o seu coração.

quarta-feira, junho 12, 2002

12 de junho

Imagine a cena: você está jogando o Jogo da Vida e cai na casa do dia 12 de junho.
Aí a pergunta é assim: como está sua vida amorosa?
Você joga os dados: zero. zero.
A regra é clara: volte sete casas.
E quando você volta descobre que a sétima casa é o presídio do qual você só sai se tirar um duplo seis nos dados. Ou der um beijo na boca de outro jogador. Aí você olha para os outros participantes ao redor do tabuleiro:

- Um casal que não pára de se agarrar e definitivamente a menina não vai ter espírito esportivo se você pedir o namorado dela emprestado para sair do presídio.
- Sua melhor amiga
- Um cara lindo que nunca vai olhar pra você
- Um zé mané que nem trêbada você topava
- Um gay

O que você faz?
a) enche a cara, dança "I'm a slave for you" na frente do cara lindo e quer mudar pra Sibéria no dia seguinte?
b) enche a cara e agarra o zé mané, depois foge pra Sibéria?
c) enche a cara e agarra o seu amigo gay?
d) sai com sua melhor amiga para encher a cara?
e) reclama que essa história de dia dos namorados é pura estratégia comercial e que você nunca esteve tão bem na sua vida e que antes só do que mal acompanhado bla-bla-bla, vira o tabuleiro, arremessa os dados contra o casal de namorados e manda todo mundo pra puta que pariu?
(?)

Alternativa correta: letra d)

Amigos
Namorar é bom.
Muito bom. Todo mundo sabe.
É tão bom que eu comecei há oito anos e não parei mais. Emendei namoro em namoro, direto, com pausas máximas de 2 meses e mínimas de 2 dias desde então.
Bem dizer um terminal: descia de um relacionamento para subir no outro em seguida.
Aí digamos que eu subi num Grande Circular: um relacionamento de quatro anos.
Um dia, desci. Sem outro ônibus, taxi ou topic por perto. Sem rumo, também.

Ai, essa metáfora com o sistema urbano de transportes é o fim, mas agora que eu comecei, vamos lá, aguentem firme...

O primeiro fim de semana chegou. Tinha uma festa legal lá onde Judas perdeu as botas. Mas como é que eu ia? Com quem eu ia?
Sem Grande Circular, sem taxi, sem topic.

O jeito foi apelar pros amigos.
"Alô, amigos, vocês ainda estão aí?"
Eles sempre estão. E te dão carona.

E lá está você de carona, a 100km por hora, ouvindo uma música estranha no último volume indo a lugares onde nunca foi antes.
Levaram-me pra Quixadá.
Levaram-me para o Cantinho do Céu - forró universitário.
Levaram-me para o Arlindo.
Levaram-me para o Boteco.
Levaram-me para o sambão.
Levaram-me para uma churrascaria pleno sábado à noite.
Levaram-me para a Esquina da Silva.
Acreditem, até no Pirata eu fui parar nessas caronas da vida.

Sem contar as noites em que o pneu furou, em que a blitz nos pegou sem documentos, em que a gente se perdeu na Varjota ou em que minha carona simplesmente esqueceu de mim e foi embora!

E se não tinha carro, a gente ia a pé, rachava o táxi, pegava um ônibus, ia de patinete...
O importante é estar junto para conhecer novos lugares.
Novas pessoas. Novos amigos. Novas histórias.
E assim descobri que essa vida de solteira também é muito legal!

Namorar é bom. Muito bom. Todo mundo sabe.
Mas paquerar, ficar com os pretês sem grandes encanações e, principalmente, ter tempo para divertir-se ao máximo com seus amigos também é muuuito bom.

Antes que me corrijam: sim, eu sei que é possível namorar e manter as amizades.
Mas a gente se apaixona e esquece de dar a devida atenção a eles. Quer estar 24h ao lado da pessoa amada. Some do mapa.
Tudo bem, amigo que é amigo perdoa.

Por essas e outras, proponho aqui uma comemoração alternativa:
12 de junho - dia dos amigos



Em homenagem a todos amigos que te consolam quando um namoro acaba, que levantam a tua bola, que te ajudam quando você está bêbada, que te apoiam a ir atrás de um pretê legal e te alertam quando o cara é a maior furada, que te chamam pras festas mais malucas, que topam os convites mais chatos, que emprestam roupas, livros e CDs e devolvem as roupas, livros e CDs que pegaram emprestado, que se preocupam, cuidam e até brigam contigo quando preciso. Enfim, que tornam esta vida de solteiro um barato!

Pros meus amigos, especialmente, muchas gracias e muchos besos.

P.S. 1 - estou pensando em (enfim!) tirar minha carteira de motorista, que tal? Só não sei quem se atreverá a pegar carona comigo no super carango que um dia hei de ter!

P.S. 2 - enquanto isso, vou andar um pouco a pé. Nada como caminhar por aí, sem compromisso, em novos parques, novas ruas, sem pressa de chegar, sem pressa de se apaixonar... Dando um passo de cada vez.

segunda-feira, junho 10, 2002

Ai, eu amo a minha família...
:)

momento Cássia
minha irmã caçula.
um sonho:
"Meu sonho é morar num lugar frio para poder usar botas de cano alto sem parecer prostituta".

momento Érika
minha irmã de 20 anos.
uma preocupação pertinente:
"Sabe, eu estava pensando em vender o meu cabelo. Eu li em algum lugar que pagam até R$ 800,00 por 30 cm... Mas eu tenho medo: e se uma assassina fizer aplique com o meu cabelo e eu for presa porque acharam um fio de cabelo meu na cena do crime?"

momento papi
um desafio.
Não vou tentar explicar os detalhes da ação, mas o fato foi que um frasco de esmalte aberto caiu sobre a perna do meu pai quanto ele tirava um pacote de biscoitos de cima do porta CDs.
- o problema: como tirar uma mancha pink de esmalte da perna?
- a solução: legítimo representante da ala masculina, meu pai não tem muita intimidade com cosmétivos. Motivo pelo qual, diante desta situação inusitada, ele apelou para o bom e velho Phebo. Esfregou e esfregou o sabonete na perna até ver que a mancha só estava espalhando, o sabonete estava todo cor-de-rosa e a mão grudenta...
Apelou, então, para a boa e velha Q-boa. Derramou e derramou a água sanitária na perna, até ver que não obtia melhores resultados. Enfim, correu para minha irmã:
- Cássia, por favor, como é que eu tiro isso da perna?
E minha irmã, após uma bela e demorada crise de riso, lhe entregou um frasco de acetona.
Homens...

momento mami
uma comparação monetária.
Éstavamos eu e Érika esta manhã comentando com a mamãe sobre o filme que vimos ontem no cinema. A certa altura dos acontecimentos, é dito por uma de nós que a entrada do cinema é R$ 10,00 e com a carteirinha de estudante, R$ 5,00.
- Não, é mais caro que uma hora no motel!
Diz minha mãe.
Moral da história: não se fazem mais famílias como antigamente.

*obs: meu irmão Pedro Ivo não participa deste post momento família pois passou o domingo inteiro na frente do computador baixando músicas pop japonesas. Não aguento mais ouvir Fugiro Nakombi e seus blue caps. Mas família é família.
O Super Cinema
E o cinema do Teresina Shopping é o melhor cinema que eu já fui na minha vida!
Juro!
Mal comparando ao universo Guanabara...
Se todos os cinemas que eu fui até hoje eram tipo cinema executivo, o que eu fui ontem é cinema leito!
Não, um cinema jumbo mesmo. Só faltava apertar os cintos e passar uma cinemoça distribuindo pipoca.

Começa que a sala é gigantesca. Pros lados, pra cima, uma imensidão. A tela, o céu de Brasília.
E cada fileira fica tão alta uma da outra que a pessoa da frente só te atrapalha se for o professor Girafales.
E as poltronas ainda maiores e mais confortáveis que as do Cine Benfica. Não tô dizendo? Teresyna é luxo!!!
Mas fiquei tão empolgada com a sala que quase esqueço de comentar o filme!

"O quarto do pânico"
Já fui assistir o filme com uma certa expectativa, pois o diretor, David Fincher, já trazia no currículo o bom "Seven - os 7 pecados capitais" e o incensado "Clube da Luta", um clássico desde a primeira exibição.
Além do que, a protagonista seria interpretada por Jodie Foster, uma de minhas atrizes preferidas. Consta que Nicole Kidman foi sondada para o papel, e, apesar de gostar muito da australiana, ainda bem que ela não aceitou: o papel caiu como uma luva para Jodie Foster.

Acredito que meus belos leitores, bem informados que são, já conhecem a história do filme. Mas para quem não sabe:
Era uma vez uma mãe e uma filha procurando uma casa em Nova York. O pai, um rico farmacêutico, estava traindo a esposa com uma modelo e o casal decidiu se divorciar. Discípula de Ivana Trump, que muito sabiamente ensinou:
"Queridas, em um divórcio, não fiquem com raiva. Fiquem com tudo."
a esposa traída queria comprar uma casa carésima.
E comprou.

A curiosidade é que a casa tinha um cômodo chamado "o quarto do pânico", construído para emergências. O quarto, equipado com monitores e mil outros apetrechos, é revestido de aço. Em suma, inviolável.
Aí três homens invadem a casa e a história começa de verdade.

O filme consegue levantar a adrenalina.
Tivemos direito a gritinhos coletivos na platéia e um cidadão, num momento mais extremo de tensão, até gritou lá atrás: "Vai, você consegue!"
E tem alguns pontos altos:
- Jodie Foster tem uma interpretação precisa
- A câmera é vertiginosa. Preste atenção nas tomadas longas, em que a câmera entra em lugares inimagináveis. Muuito legal.
- E o diretor venceu com elegância dois belos desafios: filmar a história toda dentro da mesma casa e em um tempo muito próximo ao tempo real sem que o filme seja, em momento algum, cansativo.
E um ponto alto para meu lado teen (sim, eu ainda tenho a cara de pau de me considerar uma teen. Tô na casa dos vinteen, certo?):
- O filme tem o super lindo maravilhoso mega eu quero esse homem Jared Leto, que é tudo nesse mundo! Devo destacar, porém, que a beleza do moço não foi suficientemente aproveitada.

Bem, findo o momento tiete adolescente, voltemos ao filme. Muito tem sido dito por aí sobre a forma como o diretor trabalha a metáfora corpo-casa e análises sobre a casa como último refúgio de segurança blá-blá-blá-blá.
Tudo bem, adoro interpretações e tenho minhas tendências a viajar na maionese, mas verdade seja dita: o filme é um "Esqueceram de mim" para adultos.

Avaliação Moshi Moshi: ***
Companheiros,
venho a público manifestar-me solenemente arrependida por todas as brincadeiras que fiz neste blog sobre o jeito Teresyna de ser e pedir desculpas por todas as piadinhas que eu ia fazer sobre o Potycabana (sorry, Ricardinho, fica pra próxima vez). Isto porque eu descobri que...
TERESINA É LUXO!
Ontem, no cinema, vi uma menina com o cabelo cor-de-rosa e um cara com o cavanhaque verde.
E hoje no ônibus vi um cara com a bandeira do Brasil raspada na nuca.
Onde que em Fortaleza eu vejo tantas ousadias capilares?
Só o Ricardão com seus cachinhos azuis e olhe lá, num passado distante.
E eu dando piti pelo meu loiro sueco que, na opinião do público, não passa de um marrom escuro que mal se nota.
Eu tenho é vergonha do meu provincianismo...
E viva o Piauí!!
Abalou Teresyna em chamas!!!!
(sem trocadilhos...)
;)
Programão de Sábado
Sábado à noite e eu no supermercado com o papai. Phill Collins troando e eu nos embalos do setor de hortifrutigranjeiros. Uau!!

Programão de Domingo
Macarronada no almoço acompanhada de uma bela garrafa de vinho, que eu e a mamãe demos conta de uma vez. Depois passar a tarde deitada, no quarto escurinho, com ar condicionando, tirando aquela soneca com a mão sobre o buchinho power pra fazer a digestão.
À noite, um cineminha básico.
E a gente precisa de mais alguma coisa pra ter um domingo perfeito?
:)

sábado, junho 08, 2002

Macacada, de volta pro ônibus todo mundo. Prossigamos com nosso Piauí Tour

Culinária
Não muito distante da pracinha dos hippies, temos a Casa do Sorvete.
Parada obrigatória.
Vir a Teresina e não tomar um casquitão na Casa do Sorvete é como ir a Paris e não tomar tomar um café na Champs-Elisées com cara de boçal.
No cardápio, puro delírio criativo. Você acha que vai chegar na Casa do Sorvete e pedir... sorvete?
No way!
Glamour, meu povo, glamour! Você vai pedir uma Rainha do Caribe, ou uma Fofura, melhor ainda: peça Lua de verão. Mais: Paraíso, Casquitão, Califórnia, 14 Bis...

Caso você prefira algo salgado, uma sugestão:
Peça uma bomba.
É difícil explicar aos não-nativos do Piauí no que consiste uma bomba.
É um salgado redondo, grande, cuja massa é cremosa por dentro e crocante por fora, com recheio de queijo e presunto picadinhos.
Diliça.
É engraçado imaginar porque algo tão simples não existe no Ceará. E porque coisas simples do Ceará, como aquela tapioquinha da Beira-Mar, não existem aqui. Estamos precisando de um intercâmbio cultural urgente!

Outra coisa que muito me agradaria ver nas padarias de Fortaleza: bolo de goma, também conhecido como bolo de caroço. É um bolo salgado, que por fora tem uma casca bem grossa, crocante, com uns caroços, e por dentro a massa é grudenta. Não exatamente grudenta... mas mole, como uma liga.
Não dá para explicar... Então se vocês vierem a Teresina, já sabem: Casa do Sorvete, bomba e bolo de goma. É o que há.

Mistérios e Lendas
Próxima parada: Centro Artesanal.
Aqui é como se fosse um pátio bem grande, rodeado por lojinhas.
Conheço uma por uma, pois por anos a fio eu estudei piano na Escola de Música do Piauí, que fica no andar de cima do Centro Artesanal (Amarílis também é cultura!).
E no intervalo, descia para lanchar na Cabana Bacana.
Eu era criança, então vocês devem imaginar como este nome me marcou:
Cabana Bacana, Cabana Bacana,
Cabana Bacana, Cabana Bacana.
Eu achava o máximo da criatividade possível!
E adorava os donos. Desta vez, nem os vi. Será que eles teriam me reconhecido? A minha voz continua a mesma, mas os meus cabelos...

Bem, um breve passeio pelas lojinhas mostra que, infelizmente, o artesanato em todo Nordeste é muito parecido. Tem aqueles bonequinhos de durepox, rede, cachaça com caju dentro, chinelo de couro, doces em compota...
Mas um souvenir vocês não conhecem. É um boneco magrinho, está numa canoa ou sentado, e tem um cabeção enorme:
O cabeça de cuia.

Reza a lenda que cabeça de cuia era um menino muito mau. Muito mau, mimado e egoísta. E um dia a mãe dele, tão pobrezinha, não tendo nada para fazer pro jantar, resolveu fazer uma sopa de osso.
Cabeça de cuia, mau agradecido, brigou com a mãe dele. Indignado porque não queria tomar sopa de osso, pegou um pedaço de osso e tacou na cabeça na velhinha.
Crime do crime! Pecado dos pecados!
Vai arder no mármore do inferno!
Vai arder no espeto como um cabrito!!!

A mãezinha caiu no chão. E antes de morrer, lançou a praga:
Cabeça de Cuia ia virar um monstro e viver no rio. E só ia desencantar quando conseguisse pegar sete moças virgens.

Artimanha dos pais pra proteger as moças dos rapazes mais espertinhos. Os casaizinhos iam namorar na beira do rio, o dia ia escurecendo, a noite chegando, os pais queriam que as moças, com medo do monstro, dissessem assim:
“Vou ficar não, Chico”.
“Fica, Tonha, só um bocadinho...”
“Vou nada, Cabeça de Cuia aparece aí pra pegar as moças virgens”.

Bem bobos, esses pais!
Não era muito mais fácil a moça deixar logo de ser virgem pra sair da mira do monstro?
Por isso que o Cabeça de Cuia está até hoje encantado.
And love is in the air!!!!

sexta-feira, junho 07, 2002

Companheiros
(este é um blog socialista)

cansada de desperdiçar meu tempo assistindo filmes do Eisenstein, ouvindo Tchaikovsky e lendo Dostoievski, tomei uma atitude:
fui desperdiçar meu tempo caminhando pelas plácidas alamedas de Teresynna City.

Acompanhei madame Lage ao seu trabalho esta manhã e aproveitei que a temperatura estava agradável (apenas 40 graus à sombra) para realizar um tour por esta bela cidade, para o qual tenho o prazer de convidá-los.
Sigam-me os bons!

Teresina



Teresina é um grande pólo turístico do Nordeste brasileiro. Pelo menos essa é a impressão que se tem ao passear pelo centro daqui. São dezenas e dezenas de ônibus turísticos (Super Tour, Piauí Turismo, Verão Turismo etc etc etc) lotados trafegando pela cidade. Sinto-me no Rio de Janeiro!!

Mas, como diria Marx, a explicação para este estranho fenômeno está na luta de classes.
Na verdade, os motoristas das empresas de ônibus estão em greve há alguns dias. (Apoiados, companheiros!!!)
E na falta de ônibus normais, surgiram do além dezenas de ônibus turísticos para suprir a demanda. E lá vai mais um Piauí Turismo com a rota escrita em papelão no pára-brisa. “Olha o Dirceu via Mocambinho! Quem vai, quem vai? Pode subir, senhora. Vai acochando aí pessoal que cabe todo mundo!”

Ônibus lotado. Calor humano... que beleza...
Por falar em calor: sim, Teresina é quente.
Quente. Muito quente. Pelas barbas do profeta, como essa terra é quente!!

O que gera aquele monte de piadinhas infames que eu me canso de ouvir onde vou. Tipo essa:
“- Pai, olha, um disco voador!
- É não, meu filho, é só uma nuvem.”

Ao que os piauienses respondem com orgulho, bom-humor (e uma pitada de machismo):
“Em Teresina, nem o vento é fresco”.

Então tá.
Mas boas mesmo são as piadas involuntárias, especialmente as dos nossos políticos, certamente uma de nossas principais atrações turísticas.

Política
Até pouco tempo atrás, tínhamos como governador o célebre Mão Santa, que se tornou conhecido em todo País ao propalar pérolas como:
“O Piauí só não é mais bonito que os olhos verdes do Tasso Jereissati".

O pior é que ele não está sozinho.
Tivemos outro governador, este chamado Alberto Silva que, entre outras idéias mirabolantes inventou de cobrir todas as ruas de Teresina com asfalto branco, para que o calor da cidade diminuísse.
Até onde consta, o inspirado projeto não vingou, pois nosso asfalto continua pretim feito cabelo de japonês.
Mas outra idéia ele implantou: a rua climatizada. E é aqui que fazemos nossa primeira parada.

Economia
A rua climatizada... Como descrevê-la?
É como se fosse uma rua coberta com umas telhas curvas de plástico. E de metro em metro tem uns ventiladores gigantes borrifando água na gente.
Completamente surreal.
Tipo, com um pouco de criatividade e abstraindo o calor, sinto-me em Tóquio.
À direita lojinhas de R$ 1,99. À sua esquerda, mais lojinhas de R$ 1,99.
Acabou. É só um quarteirão, a rua climatizada.

Mas o comércio de Teresina não pára por aí. Eu, que vivo de gastar meu rico dinheirinho nas lojas daqui, que sei. De “famosa” mesmo, só tem a Riachuelo. O resto é local: Pintos Magazine, Paraíba Artigos Finos, Armarinho Dragão, Armazém Barroso (eu adoro esses nomes - eles me dão uma nostalgia...).

E camelô. Muito camelô. E agora com a Copa, é aquela profusão de verde-amarelo em todas as barracas. Blusas, bandeirolas, cornetas, bonés, lenços, shorts, esmaltes, meias, calcinhas e cuecas, tudo verde-amarelo! Uma graça. :)

Mas continuemos. Saindo da rua climatizada, chegamos na pracinha dos hippies. Ela deve ter outro nome, mas eu só conheço por pracinha dos hippies.

Fui lá e descobri a cura de todos os males:
“Para coceira, verminose, pancada, impotência sexual, artrite, rinite e todo tipo de inflamação...
Po-ma-da de Co-pa-í-ba. Olha, freguesa, que já tá acabando a
Po-ma-da de co-pa-í-ba”.

Fui lá e vi um homem fazendo uma tatuagem, abraçado a um coqueiro. Debaixo do sol, 40 graus na testa, o hippie lá desenhando um índio nas costas dele e ele agarrado ao coqueiro.
Eu e o coqueiro.
O coqueiro e eu.
Uma história de amor.

Fui lá e comprei uma pulseira punk.
Uau, já me sinto super mais revoltada com o sistema. Abaixo o FHC! Abaixo o FMI! Abaixo o McDonald’s! Abaixa as calça e mijaí (é a nova!)
Sinto-me em Londres.

Caros visitantes, como diria o meu amigo PA, pausa para o pipi-break.
A conta telefônica vem um absurdo e este blog ainda não me trouxe nenhum retorno financeiro. Mas nosso tour continua em breve com os itens: Culinária, Lendas e Lugares Para se Divertir.
E se eu continuar desempregada, vou tentar me virar como guia, que tal?
:)
Nunca é tarde demais para aderir a uma boa idéia.
Palmas para a campanha da Marina!!!




quinta-feira, junho 06, 2002

Bolinha - o retorno
Meses depois, Bolinha foi encontrada.
Vagava pelas ruas da vida, magra, cheia de pulgas... e grávida.
Voltou com os olhos tristes, de quem já viu de tudo um pouco e não está aqui para se surpreender com qualquer coisa.
Pouco perguntamos. Ela nada respondeu. Respeitamos seu silêncio.
Seus filhotes, Wishbone, Pitchula e Vacão (santa criatividade...) foram adotados por famílias de bom coração.
Bolinha continua conosco. Adotou um estilo hippie, se recusa a tomar banho. Convive pacificamente com os gatos. Gosta de dormir embaixo do sofá.
Às vezes, quando é noite de lua cheia, ela vai pra varanda e acende um cigarro.
Às vezes eu ofereço um martini. Às vezes, não.
E ficamos olhando o céu em silêncio.

quarta-feira, junho 05, 2002

Os Normais
Tenho escrito pouco no blog, é fato.
Mas:
1 - Teresina é uma cidade muuuito pacata e
2 - eu ainda tenho que ficar de repouso total em casa.
Ou seja, os momentos mais emocionantes do meu dia têm sido quando o controle remoto cai no chão.

Novidades? Necas.
Tudo na maior normalidade. Logo eu, que acho o mundo via de regra absurdo e insólito. Relegada ao tédio das coisas comuns. Que lástima.
Tudo normal... casa normal, vida normal, família normal...
Será?
Ou... teoria mais interessante: a gente começa a achar normal coisas que estão muito próximas e desaprende a ver como elas são estranhas?

Questão de educar os olhos. Deixa eu olhar ao redor. A cama bagunçada, a estante com livros, a penteadeira cheia de badulaques. Um gatinho dormindo no tapete... tão fofo. Outro gatinho dormindo perto dos meus pés. Uma graça... Outro gato que chega pela janela miando.

Bem, digamos que se alguém chegasse agora aqui podia achar uma coisa um pouco estranha...
Gatos.
Muitos gatos.
Quase vinte gatos.

Os mais próximos sabem que meu pai é veterinário e que eu e meus irmãos somos absolutamente apaixonados por animais. Para os não tão chegados assim, explico.
Sabe quando você é criança e pede: pai, ele me seguiu até aqui posso ficar com ele?
Pois bem, a gente podia. Sempre.
De modo que já tivemos peixinhos, galinhas, coelhos, hamsters, um porco, muitos cachorros, jabuti, gatos e até um camaleão. Foi meio difícil convencê-los de um camaleão havia seguido a gente, mas enfim, a história colou.

Meu pai era ainda mais empolgado que nós. Certo dia chegou dizendo que tinha nascido um leãozinho no zoológico e pedindo pra minha mãe se a gente podia ficar com ele.
Não sei se estava falando sério (pelo que conheço do meu pai, acredito que sim) mas aquilo mexeu com as minhas fantasias de criança:
Eu ia ser a única criança na rua a ter um leão!
Bem, provavelmente em uma semana eu seria a única criança na rua.
E depois de um mês, não ia ter nenhuma criança na rua: nem eu pra contar história.

Por sorte minha mãe tem um pouco mais de bom senso e proibiu:"Leão, não".
E encerrou a questão com o ótimo argumento: "quem vai limpar o cocô dele?"
O fato foi que ficamos sem o leão.

Mas quem não tem leão, caça com gato.
Primeiro foi a Marie, que na verdade era macho e fugiu de casa quando viemos para Teresina. Depois vieram várias dinastias de gatos, Marie (fêmea) e seus filhores etc etc etc. A última teve início com o Xandó, que ganhamos de uma vizinha, a dona Celeste, quando voltamos a morar em Teresina.

O Xandó era lindo, mas uma fera. Um dia, sumiu. Gatos são assim. Mas aí outros gatos vieram. A princípio, em homenagem, mantivemos os nomes na mesma linha: Xandó, Xambó, Xanló, Xanpó, Xangó, Xanó, Xantó...
Quando as possibilidades com X acabaram, vieram Dixie, Júnior, Cecília, Raimunda...
Quando a criatividade acabou, vieram os "nomes" assim, como dizer, descritivos: o preto e branco, a malhada, a zarolha, a feiosa, o loiro, o grande, a chorona...
Quando ultrapassamos o limite de vinte gatos, acabaram os nomes. Agora é tudo "Gato".

Também, é como diz o autor do Garfield. Ele cresceu numa fazenda com muitos gatos. Tinha o "Gato", o "Gato", o "Gato" e o "Gato".
E nenhum tinha nome?
Não, ele disse, pra que pôr nome num animal que não vem quando você chama?
Muito justo.

Mas o zoológico da família Macedo não pára por aí.
Além dos gatos, temos os cachorros.
O Luke Skywalker e a Crazy Maria, que são uns amores, e a Bolinha, que decidiu que nunca mais vai tomar banho na vida e está disposta a lutar com unhas e dentes por sua atitude hippie.
E brinque... Ela ataca.

Mas a gente entende esse temperamento forte da Bolinha, porque ela teve uma infância difícil.
Certa manhã, saiu para correr atrás de um fusca e nunca mais voltou.
Ficamos arrasados. Procuramos Bolinha em todos os lugares, mas nada dela aparecer.
Até que um belo dia...

Um belo dia minha mãe tinha ido deixar meu pai na faculdade e estava voltando pra casa. Vinha assim, dirigindo distraída, de chinelo e vestidinho de ficar em casa, quando viu:
BOLINHA!!!

Parou na mesma hora, Bolinha estava deitada na calçada. Minha mãe correu até um bar ao lado e pediu pra um dos caras:
- Moço, está vendo aquela cadelinha? Ela é minha, a minha cachorrinha desaparecida. Eu vou em casa buscar uma coleira, não deixa ela fugir não, tá? Fica de olho!

E saiu no embalo, bem dizer uma piloto de Fórmula 1, emocionadíssima. Chegou em casa, catou a coleira, voltou pro carro, pisou fundo no acelerador e em dois minutos estava de volta ao bar. Desceu, com um golpe de mestre laçou a Bolinha, pegou ela no colo, jogou dentro do carro e pisou no acelerador - pense numa mulher arrojada.

Aí quando mamãe chegou em casa, toda feliz, A "Bolinha" ficou em pé no banco. E mamãe viu a triste verdade:
não era ela, e sim ELE.
Que mico, toda aquela missão impossível para pegar o cachorro errado!
Mamãe abriu a porta do carro e o cachorro saiu. E lá foi ele, saltitante, com a coleira da Bolinha no pescoço.

Agora eu imagino ele chegando de novo no bar. Uma cadelinha corre apressada ao seu encontro:
- Onofre, pelamordedeus, que foi aquilo?!
- Não sei, acho que um seqüestro relâmpago.
- Mas como foi?
- Sei lá, estava ali no bar, a mulher veio, me agarrou e jogou no carro, uma loucura.
- Mas você reagiu?
- Não! Dizem que é melhor obedecer, né?
- E ela levou alguma coisa?
- A sorte, Paquita, a sorte é que eu estava sem o cartão eletrônico.
- Nem me diga, essa cidade já foi pacata.
- Teresina, minha filha... metrópole é isso.

domingo, junho 02, 2002

Plaquetas
Sala de espera do Hospital Antônio Prudente. Eu e a Débi. A moça me chama. Ou melhor, chama algo assim:
-Amamériles?
Que eu suponho que seja eu. Ou então entrei no lugar da pobre Amamériles. É a vida...

Sento diante do doutor. Começo a contar o drama que tem sido minha última semana: febre altíssima, delírio, desmaio, dor de cabeça etc etc etc.
Ele diz: acho que é dengue.
Mas por via das dúvidas, pede um hemograma. E é aí que a porca torce o rabo.
Tenho pavor de tirar sangue e é mais fácil um rico entrar no reino dos céus do que eu deixar meu braço ser furado por uma agulha.

Lembro do meu pai me puxando pelos braços para eu tomar vacina e eu indo arrastada de joelhos, chorando e gritando por clemência. Detalhe, eu tinha 18 anos e estava diante de uma fila ónde só tinha criança para tomar esta vacina, que eu acho que não tomei na época certa ou algo assim...
Todas chocadas com a minha cena, especialmente quando dois enfermeiros tiveram que me segurar para disparar a pistolinha.
É muito medo...

De modo que ontem eu já entrei na sala de exames com os olhos cheios d'água e as mãos tremendo.
"O que é isso, você está com medo?", perguntou a enfermeira. E começa aquela conversa "nem dói, é só uma uma picadinha, olha pro outro lado"...
Mas quem ajudou mesmo foi a Débi com a seguinte sugestão:
"Tenta lembrar de coisas que doem mais que isso. Por exemplo: unha encravada"
"Nunca tive"
"Braço quebrado"
"Nunca quebrei nada"
"Levar um fora"
"A agulha dói mais"
"Depilação?"
"...O contorno..."
"Pronto, o contorno"
"Com cera quente... Nossa, o contorno dói muito mais! E eu ainda pago pra fazer!"
Isso me encheu de confiança! Eu sou uma mulher corajosa! E lá fui eu:

Aaaaaaiiiiiiiiii!!!!!!!!!!! Tira, tira, tira, pelamordedeus tira isso!
Pronto. "Nem doeu, viu?"

Três horas depois, voltei, com meu exame nas mãos, ao consultório do dr. Gilbrás.
- É dengue.
- ...eu imaginava...
- E pode evoluir para dengue hemorrágica.
- Heim?

Blog também é utilidade pública
A dengue abaixou o meu índice de plaquetas. Plaquetas são as células do sangue responsáveis pela cicatrização. E as minhas estavam tão pouquinhas que o médico disse que se eu tomasse uma injeção intra-muscular, não pararia de sangrar.
Um dos sintomas da dengue hemorrágica é o sangramento da gengiva, que eu havia tido pouco tempo antes de entrar no hospital.
A pessoa com suspeita de dengue não deve tomar nenhum remédio à base de ácido acetil-salicílico e evitar frutas cítricas (certo, agora como explicar que eu havia comido um abacaxi inteiro e chupado três laranjas, pensando que era gripe?).

E o pior: eu teria que fazer exame de sangue nos três dias seguintes para acompanhar a queda das plaquetas. E que se baixasse muito, teria que internar e fazer transfusão.

No táxi eu já vinha chorando. A desesperançada. Fazendo o testamento. Adeus, mundo cruel...
Eu brinco assim mas a verdade é eu senti medo, muito medo. E a mamãe mais ainda. Na mesma hora ligou pra agência de viagens, reservou minha passagem e disse: você vem pra Teresina amanhã.

Aqui chegando, fui direto ao hospital. Outro exame de sangue.
Aiiii.... Depilação dói mais, depilação dói mais...aiiiii...
e a boa nova:
meu índice de plaquetas voltou a crescer!

No atual quadro, é mais difícil acontecer uma hemorragia. A febre também amainou, só continuo um pouco cansada e sonolenta. Mas preciso de repouso e, por conta disso, ficarei em Teresina mais alguns dias.
Além do que, nada como dengo para curar dengue...
Ai, que trocadilho péssimo... Mas eu não podia ficar sem essa!

E diante dos desafios da vida, crianças, lembrem-se: depilação dói mais. Sempre.