A dança da chuva
Em homenagem aos meus amigos que defendem a monografia hoje e com os quais comemorarei mais tarde, este post vai assim:
A INTRODUÇÃO
O rico caldeirão cultural brasileiro deve muito de seu sabor à influência indígena. Vários aspectos culturais próprios destes nossos antepassados permanecem vivos no nosso cotidiano, como bem destaca o sociólogo Gilberto Freyre:
“O brasileiro de hoje, amante do banho e sempre de pente e espelhinho no bolso, o cabelo brilhante de loção ou de óleo de coco, reflete a influência de tão remotos avôs”.
(FREYRE, Gilberto: Casa Grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime de economia patriarcal. Rio de Janeiro: Maia & Schmidt, 1933).
(Óleo de coco no cabelo?
Ou seja, existe uma explicação sociológica para nossa cafonice.
Mas voltando ao assunto...)
Sem mencionar a rede, as brincadeiras, os mitos, alimentos como o mingau e mugunzá e inúmeros outros legados que continuam presentes em nossa sociedade... Entretanto, muitos hábitos indígenas foram abandonados ao longo do tempo, como, por exemplo: a dança da chuva.
O PROBLEMA
Não é novidade que a população nordestina há muito padece com a seca. O drama vivido pelos retirantes está retratado em obras belíssimas como "O Quinze", de Rachel de Queiroz e "Vidas Secas", de Graciliano Ramos. Entretanto, não há nada de beleza ou poesia no sofrimento destas famílias.
E diante deste fato pouco têm sido feito pelas autoridades governamentais.
Motivo pelo qual consideramos urgente a necessidade de formas alternativas de combate à seca que possam ser colocadas em prática pela própria sociedade civil.
A TESE
Baseados em observações, chegamos à tese da "dança da chuva". Uma alternativa moderna, adequada ao atual contexto social, para o antigo ritual indígena. De acordo com nossos estudos, para fazer chover MUITO em uma cidade nordestina, basta seguir os seguintes passos:
- Saia para dançar
- Em um lugar onde haja muitos caras interessantes
- Vá de branco
- Sem sutiã
- Com muuuuita maquiagem preta nos olhos
- E escova no cabelo
Você vai perceber que, mesmo contra todas as previsões pluviométricas, vai cair um temporal.
ESTUDO DE CASO
Fomos ontem para o Docas. Eu, a Marina e a Mônica. Era a festa de lançamento do site Tá no meio e algumas bandas de amigos nossos iam tocar. Sabe-se lá por quê, coincidiu de nós três irmos com o visual Margô Tenembaum. Ou seja: muito lápis, muito rímel e muita sombra escura.
Cool, no mínimo.
Fomos para fila e tal, aí chegam a Clarissa e a Amira vestindo, respectivamente, calça e blusa brancas.
Era a peça que faltava para que o ciclo se fechasse.
As nuvens retorceram-se no céu diante de nossos olhares incrédulos:
- Gente, eu acho que vai chover...
Dito e feito. Desabou uma tempestade daquelas. E a gente não tinha como se proteger, e tentava cobrir o rosto com a mão para não borrar a maquiagem, e a Mônica tentando proteger o cabelo, e a chuva caindo loucamente:
- Meu Deus, essa fila não anda!!!!!
Enfim, entramos. Em estado deplorável. Deixando atrás de nós aquele rastro de água tipo quando o monstro do pântano vai atacar as pessoas na cidade...
E os olhares, antes de admiração pelo nosso super visual "cool" eram agora de surpresa e comiseração...
Quando olhamos no espelho do banheiro, era só as lágrimas negras de Petra von Kant escorrendo pelo rosto. Lama dentro do sapato. A roupa completamente encharcada. Aí entra uma menina com a mão nos cabelos e cara de choro: "Ai, minha escova..."
Triste demais.
CONCLUSÃO
Assim como são as pessoas são as criaturas.
Mais vale um jegue que me carregue que um cavalo que me derrube.
Casa de ferreiro, espeto de pau.
E tenho dito.
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Celebridade
Pois bem, mas mazelas à parte, a festa foi muito legal.
Aconteceu uma coisa muito jóia. Quando a gente está saindo do banheiro, vem uma menina correndo:
- Você é a Amarílis?
- Sou eu!!!
- Que massa! Sou eu, a Mariana, eu leio o teu blog todo dia!!!!
Gente, vivi meu momento celebridade! Que emoção!!!!
:)
E quando ela conheceu as meninas também?
- Eu sou a
Verborragia.
- Eu sou a
Dias e Noites.
Nossa, que empolgação!
Meninas, estamos famosas!!!!!
Agora só falta ficar ricas!
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Homens
Aí eu fui contar para um amigo meu esta história, que tinha encontrado uma fã do blog etc e tal. Ele diz o seguinte:
- Ah, mas o teu blog está muito mulherzinha.
- Você lê?
- Não, mas se você tem uma fã mulher, é porque o blog está muito mulherzinha. - olha o raciocínio da figura - Você tem que fazer umas coisas diferentes para atrair o público masculino.
- É mesmo? Como o quê?
- Ah, coloca sexo e tal...
- Sexo? Bom, levando-se em consideração que eu não minto no blog, vai ser meio difícil colocar sexo ali...
- Ah, então coloca umas mulheres peladas, fala de futebol, etc e tal... e comida.
- Comida? Você quer que eu coloque receita no blog?
- Não, tipo para os caras saberem que você cozinha bem, você coloca assim: ah, fiz uma lasanha ótima para os seus amigos ontem...
Cara, eu não acreditava...
Mas vamos seguir estas dicas para ver como fica. Sendo que ao invés de Moshi Moshi, você lerá agora o blog...
MACHO MACHO
Oi, gente, e aí? Pois é, fui para uma festa massa ontem. Teve sexo. Muito legal. Aí tipo eu fiquei com uns caras, rolou a maior orgia. Muito sexo. Legal.
E a seleção, heim? Felipão tá vacilando. Cara, nada a ver não colocar o Romário. O baixinho é fera. Se garante demais. A copa taí, né. Japão. Pô, cara, e o Ronaldinho, heim? Ronaldinho é Ronaldinho. O cara é craque.
Legal.
Ah, sim! E eu fiz uma lasanha ótima para os meus amigos ontem.
E depois a gente fez sexo.
Quero um sonrisal...