segunda-feira, dezembro 12, 2005

fim
disso
daquilo
de tudo, enfim

quem sair por último, apague a luz, por favor

quinta-feira, outubro 20, 2005

Em respeito aos meus ouvidos

caros entrevistados, por favor, não digam:
- cuestão
- tioria
- intiligente
- ipidimia

a gerência agradece

quinta-feira, agosto 11, 2005

Slogan

Agora que o Emi está na W, ando me divertindo horrores com o relato das melhores campanhas publicitárias que, é claro, não saem do papel.
A do dia é essa:

All Star
porque eu também queria ter uma banda

quinta-feira, junho 09, 2005

De hoje

9:00
banho ao som de jorge ben
"eu quero mocotó
eu quero mocotó
eu quero mocotó
eu quero mocotó..."

13:00
feijoada honesta

14:30
visitando Cingapuras

19:00
jardim ângela, pelo nome, deveria ser um lugar lindo

21:00
tem início o momento blasé:
exposição, quadros, fotografias
gente modeerrrna
ambiente retrô

22:00
recaída:
cerveja + amendoim
será cool?
"sissi, podia ao menos ter avisado que tinha amendoim no meu dente..."
festa? a senha: eu sou laurinha figueroa

23:00
volta o glamour:
La Tartine
quiche roquefort
creme brulée
"c´est si bon"
De Antes

Qua
20:30
Da Barão de Limeira ao aeroporto de Congonhas passando pela Bela Vista para arrumar a mala:
30 minutos
Recorde
RJ

Qui
10:00
Henri-Pierre Jeudy
superbe

13:00
"Será que é a sua casa ainda?
Será que é você naquela janela ?
A Urca é linda
E eu não coube dentro dela"
ao ritmo de
"Estranho é pensar que o bairro de
Laranjeiras
Satisfeito sorri
Quando chego aqui
E entro no elevador..."

15:00
Ipanema - restaurante
garçom: "esse prato, na verdade, é igual aquele. só muda o nome e o preço."

19:00
Ipanema - Travessa
"claro que você sabe que aqui é o bem."
"e aqui no pires é o Tietê."
"moça, por favor, não arrume a mesa que assim você bagunça a nossa conversa."

22:00
Ipanema - Piola
Decoração: alô polícia
eu tô usando
um exocet
calcinha
!

Sex
and the city
11:00
tartaruguinhas para todos
(na verdade, só para os favoritos)
SP

Sab
12:00
Um alemão veio morar com a gente

21:00
A vida marinha de Steve Zissou

Dom
21:00
Before Sunset...

Nina Simone:
"Just in time you've found me
Just in time
Before you came my time was running low
I was lost the losing dice were tossed
My bridges all were crossed nowhere to go
Now you hear now I know just where I'm going
No more doubt of fear I've found my way
For love came just in time
You've found me just in time
And changed my lonely nights that lucky day"

e eu me acabando de chorar no sofá

sexta-feira, março 25, 2005

da série "Diálogos improváveis"

Assistindo Big Brother.
D. Cida - "Esse Samy parece japonês, né?"
Eu - "Mãe, ele é japonês."
D. Cida - "Nossa, ele é japonês?"
Eu - "É."
...
D. Cida - "Mas então ele é o japonês com menos cara de japonês que eu já vi."

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Para Karla


terça-feira, janeiro 18, 2005

Anestesia
Descoberta do dia

Ele foi amolecendo nos meus braços, como quem pega no sono, e eu acariciava sua cabeça dizendo palavras doces... "meu benzinho, meu benzinho"... ele deitado no colo, a gente ao lado da sala de cirurgia... "está tudo bem, meu benzinho, tudo bem." ele olhava para mim, com aqueles olhos enormes, verdes, quando a última forcinha que tinha era suficiente para olhar, apenas. "tá tudo bem, benzinho... dorme..."
Então percebi que ele já não piscava. Só os dois olhos enormes fixados em mim _não, em algo além de mim, percebi ao me mexer_ e as pupilas dilatadas. Chamei o médico, assustada: doutor, ele não fecha os olhos!
E o médico disse, com aquela calma que assusta a gente:
Não, eles não fecham. Ninguém fecha os olhos.

sábado, janeiro 08, 2005

A convite da Eleuda, escrevi um conto para uma edição especial do Vida & Arte, que reuniu dez escritores cearenses ou ligados ao Ceará. O material foi publicado na véspera do Natal.
Claro que depois disso estou mais metida impossível.

História de um homem mau

A primeira sensação que ele teve ao perceber a própria existência, ao apalpar aquele corpo que surgira tão repentinamente, e que era seu, e que era ele, barriga, braços, rosto _como seria esse rosto?_ a primeira coisa que ele sentiu foi vontade de vomitar. Pois antes da barriga, dos braços, desse rosto, havia visto a sua própria essência, alojada no estômago, verde e espinhosa como todas as verdades: ele era uma pessoa cruel.

Engoliu em seco e olhou ao redor _não havia nada além da branquidão. Cenário, roteiro, conflito, clímax, lição de moral. Nada. Apenas ele, o antagonista, em sua indumentária negra, e sua ânsia estomacal. À espera dos fatos horríveis que por certo cometeria _era esse o seu papel. Iria bater em idosos, atropelar prostitutas, envenenar o melhor amigo? Ou algo ainda pior? Quão pior? Algo abominável? Sentiu o suor escorrer pela testa. Afinal, sabe lá quão doentia podem ser as mentes desses escritores... Definitivamente, não estava pronto para isso. Não seria capaz de cumprir a sina reservada ao vilão da história. Qual a história, ainda não sabia, mas dela já se sentia tão vítima quanto os demais. Ou ainda mais, pois para ele não sobraria um mísero grão de compaixão sobre o prato. Apenas a vergonha, a culpa e o escrutínio da massa ignara que não hesitaria em lhe condenar. Para uivar depois, satisfeita, babando ao ver o castigo.

Mas como poderia evitar, quando as letras começassem a cair como bombas sobre aquele espaço branco e dissessem: "então ele pegou a faca", que uma faca aparecesse misteriosamente em sua mão? E se as palavras continuassem: "em seguida, ele deu três passos" _como impedir que as pernas, autônomas, cumprissem a profecia? Livre arbítrio era um conceito inexistente em literatura. Tentou gritar ao mundo que não era o culpado da crueldade que carregava no estômago, mas a voz ficou presa na garganta.

O autor, incompetente, ainda não havia lembrado de lhe descosturar a boca.

O silêncio não foi ele quem quebrou. Foi o outro, que surgiu a certa distância. Um baque oco, caído sabe lá de onde. Tão repentinamente como ele próprio aparecera. E que ostentava um rosto tão ou ainda mais assustado com o próprio destino. O heroísmo, ao que parece, não era um fardo mais leve.

Estendeu a mão, para ajudá-lo a se levantar, e sentiu que o outro ainda tremia, sob as vestes brancas _assim, caído, não parecia capaz de salvarsequer a si mesmo. O cenário, aos poucos, se formava ao redor de ambos _linhas simples, sugerindo paredes, postes, grades. Acompanhou com o olhar otraço retilínio, que levava ao horizonte a idéia de uma rua e se perguntou, pela última vez, como escapar da violência à qual haviam lhe destinado. Mas o homem mau foi morto antes de seus crimes, por um herói assustado demais para esperar a necessidade de salvar o que quer que fosse.


segunda-feira, dezembro 13, 2004

O castigo de Atlas
ou
(Longa e inútil tentativa de justificar uma asneira em inglês)

Tinha uma música que eu costumava cantar assim:
"sometimes... all my shoulders make me happy..."
Era uma canção do John Denver, uma coisa meio country, inteiramente cafona, e ele aparecia na TV cantando isso num daqueles comerciais de coletâneas bizarras, com reflexos dourados do pôr-do-sol em seus cabelos esvoaçantes, e a qual eu, tosca, cantava num inglês macarrônico.

Mas quer saber? Não importa o ridículo da coisa.

Fiquei constrangida, é claro, quando um ex-namorado me ouviu cantando assim e fez aquela cara de heim?
- Você canta "sometimes all my shoulders make me happy"?
- ...hmm... canto...
- Você já parou para pensar no significado disso? "Às vezes, todos os meus ombros me fazem feliz?"
- ...
- Quantos ombros alguém pode ter?
- ...bem...
- É "sunshine on my shoulders".
- ...
- Pôr do sol nos meus ombros me fazem feliz.
- ...

Mas não me importa o ridículo da coisa.
Não mais.
E minha tosca versão original, no universo bizarro em que vivo internamente, faz muito mais sentido.
"Todos os meus ombros."
Cada par carregando um mundo inteiro.
Vários mundos, bem pesados, povoados via de regra por liliputianos extremamente ranzinzas e reclamões a cada tropeço desta que os carrega. "Ei, grandona, não chacoalhe tanto! Você quer destruir o nosso mundinho? É isso o que você quer?"

São um saco, os liliputianos. E zumbem no seu ouvido. E fazem nhem-nhem-nhem... E reclamam de meus desajeitos...
E bem ou mal, estão cobertos de razão porque, e se eu deixar os mundos deles, que também são os meus, caírem? Por desleixo? Por maldade? Por mero cansaço?
E se eu deixar meus mundos caírem?
E se tudo caísse no chão e espatifasse?

Seria um desastre. Mas mais ainda viria:
Os liliputianos subiriam por todas as minhas pernas e todos os meus tórax e todos os meus ombros para construir sobre eles, rapidinho, um mundo ainda mais pesado, cravejado de catedrais espinhentas, sede legítima da culpa apostólica romana. E diriam amén e eu seguiria meu caminho cíclico ao redor do sol com todos os meus ombros em brasa.

E é claro que o sol, boiando assim, no meio do nada, não se põe. E por isso é tão difícil imaginar às vezes como seria ter o pôr-do-sol sobre os ombros. Há tanto tempo não vejo um crepúsculo. "Sunshine on my shoulders" soa ilógico.

Já a versão tosca faz sentido na hipótese de... quem sabe... algum dia alguma coisa cruzar o meu caminho, eu não sei ainda o quê, talvez o cometa halley, pelo qual eu esperei tanto encostada na janela, quando criança, com os olhões arregalados, e que cruzou escondido o céu (ou fui eu que dormi debruçada sobre o parapeito?)...
Talvez assim, eu na minha sina cíclica, carregando meus mundos... E se esse cometa passasse novamente, sem avisar, me despertando para algo além, mais bonito, mais leve.
E nesse despertar eu espreguiçasse.
E nesse espreguiçar meus mundos caíssem.
E nessa queda eu não me importasse.

Vejo o efeito dominó. Mundo a mundo caindo. Bum-bum-bum. Retumbando no chão, rolando para longe... E eu erguendo os braços, meus vários braços, erguendo meus vários ombros, um mais dolorido que o outro, num espreguiçar infinito. Nesse momento eu acho que meu deus-todo-poderoso-dj tocaria, na trilha do universo bizarro, o hit "sometimes all my shoulders make me happy".